A Internet, a telefonia móvel e a TV interativa compõem o rol dos canais digitais que passam a permitir ao neoconsumidor a utilização de ferramentas de comparação de preços, produtos e lojas que ultrapassam as fronteiras geográficas e desafiam os empreendedores.
Com mais acesso à tecnologia, o consumidor multicanal pesquisa mais informações sobre o produto que deseja comprar, é mais crítico, racional e exigente. Eles fazem parte de uma sociedade de 74 milhões de internautas com idade acima de 12 anos (segundo pesquisa divulgada pelo Ibope Nielsen Online), dos quais 58% acessaram a internet via celular em 2011, frente aos 30% de 2009.
Esses internautas movimentaram cerca de R$ 15 bilhões, em 2010, no e-commerce, de acordo com os dados da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net). Ainda segundo o IBOPE, no País, existem atualmente 217 milhões de linhas celulares, embora estejam incluídas nesse número as máquinas de cartão de crédito e débito que possuem cada qual um chip, e são 11, 1 milhões de lares com TVs por assinatura.
Neste cenário, vivem os neoconsumidores. “Trata-se do consumidor multicanal, digital e global”, explica Luiz Goes, sócio sênior da GS&MD – Gouvêa de Souza, empresa de consultoria especializada em varejo, marketing e canais de distribuição. São consumidores que, conectados a um computador, tablet ou um smartphone, compram de casa, na rua, no trabalho e até em lan houses e vêm mudando a forma de relacionamento com lojas, produtos e serviços. “Precisamos decifrar quem é esse novo consumidor, como pensa, age e o que gosta”, alerta Goes, durante palestra realizada no último dia 02, na Livraria Cultura, em São Paulo.
Para o especialista, o neoconsumidor será um dos impulsionadores das mudanças na cadeia de consumo, com impactos sociais e econômicos. Isto porque, uma vez mais bem informados, eles são mais exigentes em qualidade e atendimento, e querem o menor preço.
O neoconsumidor, quando vai até uma loja física comprar um produto, já sabe detalhes da mercadoria e quais os preços praticados pelo concorrente. Quando opta por comprar online, tem, a um clique, comparação de preço, prazos de entrega diferentes e preocupa-se com o layout do site – quer que todas as informações estejam disponíveis e com fácil acesso. E mesmo quando está na rua ou no transporte, não deixa de acessar um produto ou serviço através do m-commerce (comércio móvel, como celular e smartphone).
Em 2011, a Gouvêa de Souza realizou um estudo em 15 países, entre eles o Brasil, com 10.500 internautas para revelar o perfil de consumo na internet e no celular. As conclusões do estudo serão apresentadas no 1º Fórum Internacional de Varejo Digital, no dia 23 de agosto, em São Paulo.
O neoconsumidor gosta ainda de explorar a TV Interativa, embora esta modalidade ainda seja pouco comum no Brasil. “A TV interativa é ainda insipiente no Brasil, mas vislumbra-se, para os próximos cinco anos, uma entrada bastante forte deste canal digital, que passa a ser uma nova opção de compra para o consumidor, no qual ele interage com a TV, sem precisar acessar a internet ou o smartphone”, diz Goes. O desafio para as empresas e empreendedores é saber se comunicar com este consumidor multicanal, oferecendo a praticidade que ele busca e sabendo trabalhar a marca. “O Brasil é o país onde o neoconsumidor tende a crescer com mais rapidez frente aos demais países. O brasileiro é mais propenso a adotar os canais digitais em suas vidas”.
Com informações de Câmara e.net