Nos últimos anos, a necessidade da digitalização dos negócios ficou mais do que evidente. Para a indústria, no entanto, esse movimento ainda segue a passos morosos, principalmente pela cultura enraizada de longos anos. Portanto, trazer uma empresa nativa B2B para vender diretamente aos consumidores ainda requer bastante esforço. Ainda assim, a indústria de produtos de moda Dimy correu em praticamente 1 ano e meio para atualizar os seus 26 anos de tradição. Acompanhe a seguir o bate-papo entre Miriam Melo, empresária e Diretora Criativa da Dimy, e Peterson Escobar, E-biz Dev da empresa!
Como foi nasceu essa transformação digital da Dimy?
Peterson – A Dimy esteve por 23 anos exclusivamente offline. Ou seja, indústria pensando como indústria, e não em B2C. Esse investimento começou em 2019, pois entendemos o que estava acontecendo naquele momento. Aliás, foi no período em que eu consumia conteúdo em um evento do E-Commerce Brasil em 2019. Em 2020, ano que seria o sucesso da Dimmy no digital, veio a pandemia.
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Miriam – Foi na pandemia, aliás, que eu tive noção da falta de planejamento que ainda tínhamos do digital. Caí na realidade e, como empresária, percebi que o caminho agora é digital.
Como conquistar a confiança de uma indústria para investir no digital?
Peterson – Quando a direção entende o que queremos fazer no digital, precisamos voltar uns pontos para quem é pequeno e médio. Nós fizemos questionamentos para o que queríamos, como: nunca esquecermos de que o comércio eletrônico são pessoas, nas duas pontas; ter conhecimento suficiente para colocar tudo aquilo em funcionamento; entender a tecnologia e como está o processo dentro do canal. Quando eu falo de pessoas, é no sentido de como está a minha equipe interna na indústria. Tínhamos um processo totalmente diferente para o B2C, e por isso mostrar o objetivo nos deu um norte para nos prepararmos ao que nos propormos a fazer. Hoje temos conteúdos de sobra para consumir, como os trazidos pelo E-Commerce Brasil. Quando eu falo em conhecimento, quero reforçar que não dominamos tudo, e é aí que procuramos auxílio, com fornecedores confiáveis que ajudem nessa escalada de processos.
Miriam – Quando a diretoria tem consciência da importância da digitalização, o processo flui como um todo. Por isso mesmo montamos um plano de ação juntos e começamos a execução.
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Qual a estratégia para não conflitar com o cliente do B2B com o do B2C?
Peterson – Foi uma preocupação desde o início. Hoje o nosso B2C já tem uma estrutura multicanal, de franquias, lojas. Desde o início as decisões de todas as frentes estavam unidas no planejamento para ocorrer da melhor forma. Quando se tem um B2C estruturado, você já tem dados de mercado, produtos e serviços. O canal digital, portanto, é um complemento de exposição de marca.
Mirian – Tivemos muitos atritos, e até hoje eles ocorrem. Porém, administramos muito bem. O conflito de canais era a minha preocupação desde o início, mas vimos que no decorrer do processo não é tão complexo assim. Mas, eu ressalto: planejamento e encontrar parceiros certos faz toda a diferença. Seria muito mais simples no início se tivéssemos isso, pois estávamos caminhando sozinhos e perdendo a rota. É importante, portanto, trazer para perto pessoas que conheçam do assunto.
Quanto o e-commerce impactou o negócio?
Peterson – Ainda estamos entendendo essa questão. Entretanto, todo o processo de exposição que ganhamos é muito positivo. Quando entendemos onde queríamos ir, em 1 ano e meio conseguimos um canal de B2C rodando, assim como o de B2B, aberto e funcionando. Além disso, já estamos nos marketplaces e com o omnichannel praticamente pronto para interligar tudo no ano que vem. Apenas como comparativo, crescemos em 1 ano e meio mais de 250%.
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Mirian – Nós somos muito novos no digital, ainda temos muito a evoluir. Mas posso garantir que é um caminho sem volta e temos de abrir a mente o quanto antes. Afinal, a concorrência pode te atropelar. Falo para todos os empresários abrirem a mente e acreditar no digital. Quero voltar aqui num futuro próximo e dizer que somos um sucesso no e-commerce.
Por Giuliano Gonçalves, da redação do E-Commerce Brasil