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As marcas e o crescimento desproporcional dos "titãs do e-commerce"

Por: Giuliano Gonçalves

Jornalista e editor do portal E-Commerce Brasil, possui formação em Produção Multimídia pelo SENAC e especialização em técnicas de SEO. Sua missão é espalhar conteúdos inspiradores.

Uma das principais especialistas em comércio eletrônico no mundo, Sucharita Kodali, vice-presidente da Forrester Research, trouxe um conteúdo um tanto pertinente ao Fórum E-Commerce Brasil 2020: “é hora de desafiar os gigantes da tecnologia”. Esses gigantes, entenda como Amazon, Alibaba, Facebook, Apple Store… “O crescimento desses ‘titãs’ não é nem um pouco proporcional ao das marcas que vendem dentro deles”, afirmou.

Para Sucharita, existe uma espécie de admiração por parte das empresas em estar dentro dessas plataformas, ainda que elas não sejam fundamentais para o incremento das vendas. “Nos anos 90, quando empresas grandes como Carrefour e Walmart cresciam cerca de três vezes, marcas parceiras que vendiam dentro delas subiam praticamente iguais. Basta analisar os últimos 10 anos para ver que isso não é mais uma realidade. Os titãs cresceram muito mais e mais rápido, e marcas que estavam ali dentro, investindo massivamente em marketing, não tiveram o mesmo êxito”.

É necessário mudar a cultura das marcas

Segundo a especialista, para uma empresa crescer é urgente mudar essa admiração pelos titãs do e-commerce. Ela citou o fato do Facebook, que em 2011 lançou suas lojas na plataforma e todos queriam estar lá. Houve um investimento enorme na plataforma, apesar de não existir retorno algum para as lojas — empresas queriam estar lá apenas pelo fato de aparecerem. O mesmo ocorreu dentro da Apple Store e demais gigantes. “Há quem invista em entregas por robôs e drones apenas porque o Google e a Amazon o fazem. Só é preciso lembrar que a Amazon, por exemplo, gasta com entregas o equivalente ao PIB da Estônia”, disse Sucharita.

 

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Outro ponto muito falado pela pesquisadora foi em relação aos dados de pessoas. Ela ressaltou a importância e todo o custo (e tempo) investido pelas marcas nessa questão: “É um esforço muito grande para dar, praticamente de graça, aos gigantes. Se as empresas realmente quiserem crescerem, tudo isso deverá ser revisto. Isso porque quem está crescendo e cobrando um custo alto sobre elas são as gigantes”.

Investir em conteúdo e no contato com o cliente

Para as empresas e marcas se desvencilharem dos titãs, Sucharita lembra que algumas coisas precisarão entrar em suas rotinas. Uma delas é a criação de conteúdo, algo que as grandes fazem com maestria. “Seja com o marketing de conteúdo ou os ajustes de SEO, as empresas precisam investir no contato com o cliente. É importante também oferecer um produto de qualidade e saber em qual mídia apostar. Há produtos que funcionam em TV, jornais, revistas… Outros vão melhor no digital. Estudar a marca e o produto vai fazer toda a diferença na qualidade das vendas”.

Outro ponto destacado foi a eliminação do distribuidor na operação (no caso das marcas). Apesar da possibilidade de reduzir as vendas no início, há também um corte de investimento que fará a diferença no final da venda. “Todas as marcas devem ter uma opção de venda direta ao consumidor. Mas, para isso ocorrer de forma fluida, é preciso pensar em toda a estratégia. A comunicação com os clientes deve estar coesa, a equipe de marketing deve integrar à empresa, deve ser analisado os modelos de atribuição… Tudo de acordo com cada empresa”.

E os pequenos?

Apesar de a apresentação ter foco principal em marcas e grandes empresas, Sucharita deu o seu parecer em relação aos varejistas menores, que não têm todo esse recurso de investimento. Segundo ela, eles devem, sim, permanecer nos marketplaces para incrementar as vendas, mas sempre buscar (assim como os maiores) trabalhar a qualidade da empresa no mercado. “Quando você é pequeno e precisa ganhar visibilidade, é preciso alavancar a marca, ganhar uma boa base de clientes com bons produtos. Por isso eu recomendo a compra de palavras-chave no Google, assim como um bom trabalho de SEO. Ser muito dependente do marketplace é um grande risco, por isso vale buscar entender o cliente antes de tudo”, finalizou a especialista, garantindo que o varejo omnichannel será o futuro do mercado.

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Por Giuliano Gonçalves, via E-Commerce Brasil