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Amazon teria agido secretamente para burlar leis indianas

Por: Dinalva Fernandes

Jornalista

Jornalista na E-Commerce Brasil. Graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada em Política e Relações Internacionais pela FESPSP. Tem experiência em televisão, internet e mídia impressa.

Durante anos, a Amazon deu tratamento preferencial a um pequeno grupo de vendedores em sua plataforma na Índia, deturpou publicamente seus laços com vendedores e os usou para contornar regras cada vez mais rígidas de investimento estrangeiro que afetam o comércio eletrônico, mostram documentos internos da empresa revisados ​​pela Reuters.

Os documentos, datados de 2012 a 2019, são relatados pela primeira vez. Eles dão uma visão interna do jogo de gato e rato que a gigante varejista tem feito com o governo da Índia, ajustando suas estruturas corporativas cada vez que o governo impõe novas restrições destinadas a proteger os pequenos comerciantes.

Com a Amazon enfrentando um escrutínio cada vez maior por reguladores indianos, as notícias da estratégia detalhada nos documentos podem aprofundar os riscos para a empresa em um de seus principais mercados.

Os lojistas indianos, que são uma parte crucial da base de apoio do primeiro-ministro Narendra Modi, há muito alegam que a companhia beneficia alguns grandes vendedores e que a gigante do comércio eletrônico se envolve em preços predatórios que prejudicam seus negócios.

Em comunicado, a Amazon disse que “sempre cumpriu a lei” na Índia e que “como as políticas governamentais continuaram a evoluir, fizemos as mudanças necessárias de forma consistente para garantir o cumprimento em todos os momentos”.

A Amazon também disse que “não dá tratamento preferencial a nenhum vendedor em seu marketplace” e que “trata todos os vendedores de maneira justa, transparente e não discriminatória, com cada vendedor responsável por determinar preços de forma independente e gerenciar seu estoque.”

Aqui estão mais descobertas importantes do relatório especial:

  • Os documentos revelam que a Amazon ajudou um pequeno grupo de vendedores a prosperar e lhes deu descontos, usando-os para contornar as restrições regulatórias da Índia sobre investimento estrangeiro que visava proteger os pequenos lojistas.
  • Cerca de 33 vendedores da Amazon respondiam por cerca de um terço do valor de todos os produtos vendidos no site da empresa no início de 2019.
  • Outros dois grandes vendedores – lojistas nos quais a Amazon tinha participações indiretas – responderam por cerca de 35% da receita de vendas da plataforma no início de 2019. Isso significava que cerca de 35 dos mais de 400 mil vendedores da Amazon na Índia na época respondiam por cerca de dois terços dos suas vendas online.
  • A Amazon exerceu um controle significativo sobre o estoque de alguns dos maiores vendedores da Amazon.in, mostram os documentos, embora afirme publicamente que todos os vendedores operam independentemente em sua plataforma.
  • A Amazon ajudou a Cloudtail, lojista na qual possui uma participação indireta, a fechar acordos especiais com grandes fabricantes de tecnologia como a Apple.
  • Um documento contém uma avaliação franca sobre Modi. “O primeiro-ministro Modi não é um intelectual ou acadêmico, mas acredita que uma administração e governança fortes são a chave para dirigir um governo de sucesso”, diz o documento.

Amazon responde

A Amazon afirma que está ajudando pequenas e médias empresas a crescer na Índia e que agora tem mais de 700 mil vendedores em sua plataforma.

Durante visita à Índia em janeiro de 2020, o fundador da Amazon, Jeff Bezos, anunciou que a empresa gastaria um bilhão de dólares para colocar pequenas empresas online no país. Isso elevaria o investimento total comprometido da varejista na Índia para US$ 6,5 bilhões.

A Amazon teve cerca de US$ 10 bilhões em vendas na Índia em 2019, de acordo com a Forrester Research.

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Fonte: Money Times, com Reuters