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Varejistas investem pesado no e-commerce brasileiro

Se a estrada está ruim, a Wine.com.br literalmente voa até seus clientes. Somente este ano, a empresa já entregou 85% de seus pedidos via transporte aéreo. Além disso, a empresa gastou 15% de sua receita em serviço de entrega e fulfillment, criou uma frota própria de veículos e contratou motoristas profissionais em algumas cidades.

O investimento permitiu à Wine.com.br entregar pedidos com uma média de quatro dias e também fazer entrega no dia seguinte nas maiores cidades brasileiras. O próximo passo agora é fortalecer relacionamentos com múltiplas companhias de frete aéreo brasileiras como a TAM.

“Nossa frota está concentrada em apenas dois estados, mas nós vamos expandi-la. Investimos em nossa própria infraestrutura porque conhecemos o nosso negócio e sabemos o que o nosso cliente quer”, diz o chefe de marketing, Ricardo Flores.

Muitos outros varejistas virtuais também investem maciçamente no Brasil, e reconhecem que ainda há muito espaço para crescimento. “E a tendência é continuar crescendo proporcionalmente ao crescimento da renda e do acesso à internet dos brasileiros”, diz Pedro Arnt, chefe financeiro do e-marketplace, Mercado Livre na América Latina.

A expectativa de crescimento é fomentada por investimentos em fulfillment, tecnologia, expansão em categoria e mobile commerce, em alguns casos, financiados por investidores estrangeiros ou grandes empresas com sede no exterior.

Os grandes varejistas online estão investindo em e-commerce agora porque eles vêem que nos próximos dois ou três anos terão uma oportunidade única de construir market share, especialmente com o número cada vez maior de consumidores jovens com smartphones e acesso à internet via mobile.

Mas o processo de construir um e-commerce sustentável no Brasil não é fácil nem barato. Embora esse mercado esteja se desenvolvendo desde 1999, varejistas online de todos os tamanhos ainda enfrentam desafios significativos, incluindo obstáculos de logística.

Oficialmente, o governo brasileiro classifica 90% de sua malha rodoviária como pouco desenvolvida. Além disso, não existem muitas opções de empresas privadas de entrega como a FedEx Corp ou UPS Inc. que façam entregas a nível nacional.

Mesmo no sudeste brasileiro, onde estão cidades de importância econômica como São Paulo e Rio de Janeiro o serviço postal usado é o dos Correios, que trabalha com uma média de prazo de entrega de cinco dias e pode ter prazos maiores em casos de cidades mais distantes e remotas do país, dizem os varejistas brasileiros.

Outro obstáculo é a conexão de internet. Embora o Brasil tenha mais de 140 milhões de famílias com conexão de internet fixa ou móvel, a cobertura nacional geralmente é irregular e lenta. Muitas áreas rurais do Brasil não têm acesso à internet, de acordo com um estudo recente do Banco Mundial. “Ainda existem grandes problemas de infraestrutura relacionados à entrega, pagamentos e conexão de internet”, diz Arnt do Mercado Livre.

A maior parte do crescimento gerado no e-commerce vêem dos 10 maiores varejistas online retratados no relatório Latin America 500 localizados no Brasil e das companhias estrangeiras que estão investindo para construir as bases da insfraestrutura para o varejo eletrônico brasileiro – B2W Digital, Cnova, Wal-Mart Stores Inc., Netshoes, Máquina de Vendas, Magazine Luiza SA, Saraiva e Siciliano SA, Fast Shop, TaQi and Dafiti BR movimentaram cerca de $ 7.99 bilhões em 2013.

O maior varejista da América Latina, a B2W Digital, também está entre os que mais investem. Construindo sua própria rede de infraestrutura, o objetivo da B2W Digital  é viabilizar a entrega do “dia seguinte” com a maior cobertura territorial possível. “Nós queremos ser a maior empresa digital da América Latina”, disse a CEO da empresa, Anna Christina Ramos Saicali aos analistas da empresa durante as reuniões periódicas da empresa.

A Cnova, que já tem uma operação substancial de e-commerce no Brasil, é outra empresa estrangeira que vê uma grande oportunidade de crescimento no e-commerce brasileiro. Cnova opera quatro sites de e-commerce, incluindo o Paodeacucar.com.br e o Extra.com.br, Casas Bahia e Ponto Frio.

Ano passado, a venda dos e-commerces brasileiros para Cnova cresceu 8.4% chegando a $2.04 bilhões. A empresa tem planos de desenvolver plataforma de marketplaces no Brasil e vender serviços de e-commerce para os varejistas brasileiros.

A Amazon também é outra empresa que está de olho no potencial brasileiro. Segundo o Internet Retailer,  na América Latina, a Amazon aumentou suas vendas cerca de nove vezes mais rápido no Brasil que na Europa, quatro vezes mais que na China e sete vezes mais que na América do Norte.

Investimentos em mobile também estão em alta

Existe um grande potencial de crescimento no Brasil liderado pelo mobile commerce, de acordo com a eBit e outras empresas de pesquisa. Em 2013, 51 milhões de consumidores brasileiros compraram seus dispositivos móveis, um número que deve superar  a expectativa de 110 milhões nos próximos cinco anos, de acordo com um estudo recente do Yahoo Inc.

Para a Netshoes.com, empresa de artigos esportivos e vendas de e-commerce, o mobile commerce será um dos focos em seus planos de expansão. Construindo sua base mobile agora, a Netshoes quer atrair consumidores jovens, o que deve aumentar as vendas por dispositivos móveis.

Hoje o M-commerce representa cerca de 10% das vendas da Netshoes, taxa que era de apenas 5% em 2012, diz a empresa. “A Netshoes está se preparando para o momento em que o varejo mobile vai se deparar com o maior share do mercado brasileiro de e-commerce”, diz o chief de marketing, Juliano Tubino.

Fonte: Internet Retailer