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A escassez programada e o valor dos NFTs

Por: Diego Fernando Vieira

Graduado em Logística pela Universidade de Sorocaba (Uniso), com MBA em Gestão de Projetos. Professor e pesquisador, possui experiência em Logística e Administração de materiais, transporte nacional e internacional (Exportação). Empreendedor e Investidor. Escreve sobre logística e tecnologia.

Metaverso é a nova realidade virtual que está mudando a forma como nos socializamos e interagimos uns com os outros e em breve mudará a forma como nos relacionamos com as marcas. Através de uma mescla de realidade virtual, criptoativos e blockchain, essa tecnologia permite às pessoas irem até o espaço que conhecemos como Internet fazer coisas que vão além de apenas se comunicar e jogar, como: ministrar aulas através de ambientes virtuais, reuniões ou comprar produtos enquanto se visita uma loja virtual, assim como trabalhar e ganhar dinheiro com um negócio próprio dentro do metaverso ou se tornar dono de ativos digitais escassos.

Falando em ativos digitais escassos, a documentação digital que concede propriedade sobre esses ativos é conhecida como NFT. São certificados digitais não fungíveis, algo como uma documentação de propriedade de um artigo digital, uma linha de código que dá propriedade sobre um bem digital. Não fungível significa que é algo que não pode ser substituído, é algo único. Simplificando, um saco de arroz é fungível – você não se importa em como ele é. Já uma obra de arte é infungível, só existe uma no mundo. E, como sabemos, coisas infungíveis são muito mais valiosas.

Com frequência, vemos pessoas pagando mais caro por produtos apenas por causa da sua marca. Isso sempre foi assim, pois o valor de algo é subjetivo, mesmo que seja algo que não tem nenhuma utilidade (prática). E é exatamente o que vem acontecendo com os NFTs. Quando famosos e celebridades compram uma imagem digital escassa por um preço milionário, certamente isso fará com que esse bem seja valorizado.

Essa escassez programada é uma ferramenta ideal para representar a propriedade de ativos virtuais que podem ser criados no metaverso, como itens raros para personagens de jogos, colecionáveis exclusivos e, conforme estamos vendo com frequência, lotes e terrenos virtuais! As possibilidades são infinitas!

Afinal, sempre existe uma maneira de criar processos, estratégias ou canais de vendas online para qualquer tipo de negócio. Além disso, fazer parte de um grupo exclusivo de possuidores de NFTs pode gerar inúmeros benefícios no futuro. Caso contrário, as pessoas não pagariam uma pequena fortuna em um Bored Ape (desenhos de macacos entediados) colecionáveis exclusivos existentes apenas na rede blockchain Etherium. Esses colecionáveis ultrapassaram a marca de US$ 1 bilhão em vendas este ano.

Em 2021, os NFTs movimentaram quase 25 US$ bilhões em compra e venda de criptoarts e outros bens com certificações digitais. Um crescimento de 20 vezes em relação ao ano anterior.

Esse crescimento vem chamando a atenção de grandes nomes do mercado, como Nike, Dolce & Gabbana, Warner e muitas outras que já estão investindo no mercado de NFT. A empresa Microsoft, por exemplo, anunciou recentemente um investimento bilionário em uma start up de NFT. Lembrando que a empresa já está envolvida no setor Etherium há alguns anos. Mas como essa mescla de tecnologias funciona?

Realidade virtual, blockchain e criptoativos

De forma simplificada, enquanto a tecnologia blockchain serve como um banco de dados descentralizado onde as transações ficam armazenadas, a rede Etherium é a plataforma de desenvolvimento dos NFTs (tokens não fungíveis). Ou seja, a rede Etherium é o que torna possível a execução dos contratos inteligentes e descentralizados através da tecnologia blockchain. E blockchain é a tecnologia que torna esse contrato imutável, livre de fraude, censura ou interferência. Ou seja, uma aplicação descentralizada. A rede Etherium também é responsável pela criação de aplicativos e realização de pagamentos.

Em seguida as linhas de código que asseguram a propriedade dessas artes digitais criadas na blockchain são colocadas para serem negociadas em marketplaces de NFTs, disponíveis aos colecionadores/investidores que podem comprá-las através de criptomoedas ligadas ao metaverso.

Falando em pagamentos, nossa base tributária ainda é muito calcada em patrimônio, renda e consumo, sendo que o consumo ainda é muito atrelado a comércio (físico), prestação de serviços e indústria, de forma separada. Mas, quando falamos em novas tecnologias, existe uma mescla de realidade virtual, blockchain e criptoativos. No metaverso, toda a comercialização é feita através de moedas digitais ou criptoativos. E por mais que muitos acreditem que a tecnologia do metaverso e a onda dos NFTs sejam uma bolha especulativa prestes a explodir, conforme comentamos aqui, uma coisa não pode ser ignorada: o altíssimo volume que esse mercado movimenta. Atualmente, contamos com uma série de projetos e protocolos que só podem ser executados a partir da plataforma de desenvolvimento Etherium, algo totalmente impensável alguns anos atrás.

Em uma época em que o dinheiro se tornou digital, poder garantir a autenticidade de um arquivo digital através de aplicações descentralizadas pode ser o novo normal daqui a algum tempo.

Quanto ao valor de um NFT: um NFT não vale nada, até o mercado dizer o contrário. Daí ele vale o quanto disserem que vale.

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