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Tecnologia, a maior aliada do last mile verde

Por: Eneas Zamboni

É CEO da UX Group.

Embora o objetivo do last mile seja simples (fazer com que os pedidos cheguem com agilidade às mãos do consumidor), não significa que seja fácil de colocá-lo em prática – sobretudo se levarmos em consideração a infraestrutura deficiente das cidades. Sem tecnologia para esse transporte, fica praticamente impossível proporcionar entregas dentro do padrão de qualidade esperado pelo consumidor.

A tecnologia trouxe agilidade para o processo de last mile, fazendo com que ele proporcione uma experiência de compra interativa e produtiva.

Mas quando o assunto é last mile, a velocidade e a precisão não são os únicos frutos colhidos com o avanço da tecnologia.  Os ganhos em termos de sustentabilidade também são significativos, basta observar que foi possível eliminar a utilização de papéis para a emissão de documentos que fazem controles fundamentais. Outro ponto é o aumento do número de veículos em rota de entrega, uma preocupação latente para especialistas em meio ambiente e para o setor de logística como um todo. Nisso, a tecnologia pode ajudar e muito.

Segundo o Fórum Econômico Mundial, a demanda por delivery em e-commerces resultará em 36% mais veículos transitando nas cidades até 2030. O número foi apontado no levantamento The Future of the Last-Mile Ecossystem, divulgado em janeiro de 2020. Em termos de congestionamento, isso significa um crescimento de 21% com relação aos dias atuais. Já em emissões, estima-se um aumento de 32% nas 100 maiores cidades do mundo – que, aliás, já costumam ter altos índices de congestionamento e de emissões de carbono.

Tecnologia é o cérebro do e-commerce

Quando olhamos por este prisma, fica fácil compreender por que a tecnologia é o cérebro do e-commerce. Questionar o planejamento de um processo logístico com uma visão de sustentabilidade inclui relacionar os insumos necessários em cada etapa desse processo. Afinal, é uma jornada que demanda combustível, energia, embalagens e infraestrutura física.

A logística de last mile trouxe avanços tecnológicos consideráveis na última década. Passamos a contar com recursos que diminuem muito o consumo de combustíveis fósseis, bem como de insumos não recicláveis. Um exemplo é o modelo de DANFe (Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica), que reduz e simplifica as informações impressas, podendo substituir até mesmo a etiqueta de frete de uma transportadora. Assim, ele permite a redução considerável de impressão, diminuindo o uso de papel. Outra vantagem é que a Mini DANFe é impressa em papel etiqueta, o que elimina a necessidade de uma bolsa de plástico no formato canguru, colada na embalagem.

Além disso, é fundamental que as empresas avaliem se estão utilizando as melhores tecnologias para roteirização e rastreamento, visando a movimentos mais inteligentes de motoristas e entregadores. Embora a visibilidade desses trabalhadores seja pouco abordada quando o assunto é tecnologia nas operações last mile, ela tem papel fundamental em todo contexto. Através de aplicativos, os motoristas das frotas podem receber as rotas designadas e ter acesso a informações sobre cada pedido e ponto de parada, além de terem mapeadas prováveis contingências. Para as empresas, os dados analíticos também permitem que cada motorista seja avaliado por sua performance.

Outra iniciativa importante são as entregas verdes, feitas por veículos não poluentes. Essa modalidade já é realidade no Brasil e ainda será muito explorada com o apoio da tecnologia, com o envolvimento de entregadores a pé, de bicicleta, patins, patinetes elétricos etc.

Tecnologia: agilidade no last mile

A tecnologia trouxe agilidade e flexibilidade para o processo de last mile, fazendo com que essa etapa do e-commerce proporcione uma experiência de compra interativa e produtiva. A relação entre consumidor e lojas se tornou mais próxima e pessoal. Não se trata apenas de rastrear uma entrega, e sim de conseguir identificar pontos considerados essenciais pelos clientes e proporcionar experiências cada vez melhores, mais pessoais e que demonstrem a identidade da empresa. Só assim é possível garantir satisfação a quem consome e fidelizar.

Acredito que cada lojista precisa se perguntar: estou usando o melhor veículo para o last mile? Estou usando a melhor embalagem? A relação de dependência entre a empresa e o papel/plástico é a menor possível? Utilizo tecnologias que otimizam o custo ambiental na logística last mile?

São questões que fazem toda a diferença para a imagem da empresa e também para os resultados diante do consumidor. Se você ainda não tem respostas para elas, é hora de começar.

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