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Será que o e-commerce no Brasil está pronto para dominar o mundo?

Por: Michelli Miyai

Possui mais de 10 anos de experiência em e-commerce, sendo todos vivenciados em e-commerces de nicho. Adquiriu em sua jornada grande conhecimento sobre acessibilidade. É Embaixadora do Comitê de Líderes de E-commerce de São Paulo e Especialista em E-commerce.

Em 2010, em uma aula de especialização, um professor falava sobre a meta altíssima de ter uma quantidade gigantesca de SKUs na loja que ele era o diretor estratégico — a loja em questão era o Walmart. Na época, os marketplaces não existiam, portanto o formato para isso era através de estoque próprio ou a consignação de produtos — aquele formato que recebemos os produtos de forma antecipada e, conforme a venda, acontece os pagamentos ao fornecedor.

Para quem trabalha no varejo sabe o problema que é a venda de consignação. Isso por conta do controle de estoque, das devoluções, da organização fiscal, que foge à regra da integração, ao procedimento… Enfim, o objetivo foi alcançado, o Walmart se tornou um dos grandes marketplaces — embora em maio de 2019 foi anunciada a triste notícia de que o Walmart encerrava suas operações online, que provavelmente não foi por este mesmo motivo.

Experiência

Experiência é a palavra da vez. Não existe reunião de planejamento sem falar em experiência e muito provavelmente porque ainda não conseguimos conquistar todo o long tail de produtos disponíveis no geral. Talvez os com apelo emocional fujam da nossa empreitada online, mas ainda assim seguimos com um monte de soluções para melhorá-la. Há, por exemplo, o Live Commerce ou a Realidade Aumentada, ou mesmo a Acessibilidade Digital, que é tão necessária, mas ainda hoje é disponível apenas nos gigantes.

Na contramão da experiência, temos os dados. E aí nem tudo são flores. Afinal, dados sensíveis estão presentes em notícias que nos causam calafrios: além dos 223 milhões de CPFs, informações sobre escolaridade, benefícios do INSS e programas sociais (como o Bolsa Família), renda, entre outras informações. Esse está sendo vendido por criminosos, que viram tentativas de fraudes exatamente nos e-commerces.

Daí vem a lembrança e o reforço da importância também do LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais). No Brasil, infelizmente se transformou em implementações para cumprir tabela e não tomar multa. Porém, ela precisa como um todo ser olhado com mais cautela. Afinal, apesar de não ter relação com os vazamentos, serve para dar mais tranquilidade ao consumidor.

A retórica do ovo ou a galinha

Há quem acredite que a estrutura vem pelo crescimento, enquanto outros digam que sem estrutura não existe como ter crescimento. Não importa de que time você seja, pois este é um outro debate. A pergunta é a mesma: será que o Brasil está preparado para seguir o caminho da China, onde 50% do resultado do varejo foi proveniente das vendas online? Lembro que no Brasil ainda não passamos de 10%. Porém, talvez este dado por hora seja para comemorar, pois sabemos o quanto ainda temos que fazer.

No gráfico abaixo, publicado pela Marketer, podemos ver o sonho de todos aqui: uma fatia gigantesca e ainda com tendências positivas de até 2024 este número subir para 60%.

Na mesma semana em que temos a notícia que a China já tem 50% do varejo dominado pelo e-commerce (e não para), observamos os Mega Vazamentos de dados no Brasil: o número de CPFs vazados (223 milhões) supera a população brasileira.

Incrível, né? Também achei, mas sabemos que o mercado chinês tem diversas peculiaridades que tendem a facilitar este cenário, e não problemas para complicar. Já no Brasil, quem não ajuda também atrapalha (para contradizer o dito popular). Além de termos que galgar muitas “batalhas”, ainda temos problemas cruciais a serem resolvidos. Criei o título do artigo como uma brincadeira, a fim de mentalizarmos o nosso mercado muito maior, como gostaríamos que fosse. Será que vai funcionar?