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Será que existe espaço para todos no comércio eletrônico?

Os 30 primeiros dias deste ano foram inusitados para mim. Em novembro eu recebi um convite para participar como professor em um projeto de capacitação na África Ocidental, mais especificamente em Bissau, capital de Guiné-Bissau. A experiência foi enriquecedora, por este motivo resolvi compartilhar. Acredito que poderemos traçar um paralelo com o tema aqui apresentado.

Será que existe espaço para todos no comercio eletrônico? Se eu te afirmar que não, provavelmente você se escandalize, e de pronto não concorde comigo não é mesmo? Mas pense comigo, será que em algum momento todas as empresas estarão presentes na internet? Se isso ocorrer, haverá mercado para todas elas? Se concorrer localmente já é difícil, concorrer globalmente, em um universo infinitamente maior que o local não será muito pior?

Não se desespere: o objetivo aqui não é te desmotivar, muito pelo contrário, é abrir o nosso campo de visão para as possibilidades que estão ao nosso redor. Quem sabe assim chegaremos a uma conclusão juntos, se há espaço ou não para todos neste ecossistema digital.

Os 15 primeiros dias em Bissau serviram de reconhecimento. Contato com comerciantes, com a população, com alunos e governo. Apesar de o comércio viver uma realidade financeira bem diferente da que presenciamos aqui no Brasil, as lições aprendidas lá, são bem aplicáveis a nós. Como foco do projeto em que eu estava inserido é o desenvolvimento regional, eu resolvi então, falar sobre empreendedorismo, um assunto muito amplo e envolvente, e que acredito ser capaz de promover desenvolvimento e mudanças radicais em uma pessoa, comunidade e nação.

Segundo uma pesquisa realizada pela ENDEAVOR, 6 em cada 10 universitários brasileiros querem empreender. Sendo assim, o que é necessário para que o mercado absorva o seu e-commerce em meio a tantos outros?

Diferente do Brasil, em Guiné-Bissau não há incentivo ao empreendedorismo. Não há projetos de apoio a Startup. Muito menos linhas de crédito voltadas para as MPEs. Foi pensando nestes aspectos que eu dividi a sala de aula em 4 grupos e lancei um desafio aos alunos. Cada grupo deveria escolher uma atividade comercial que fosse simples e conhecida de todos para ser implantada em apenas uma semana. Então eu assumi o papel de Investidor Anjo para cada um dos 4 negócios. As regras do desafio foram: 1) dobrar o capital inicial, 2) o grupo com maior rendimento receberia o faturamento de todos os demais, 3) caso o grupo não dobrasse o capital, todo o seu lucro seria revertido para o Investidor.

Mas porque escolher uma atividade simples, corriqueira, em um segmento aparentemente saturado, ao invés de incentivar a criação de um produto inovador? Simples: nem sempre o sucesso de um empreendimento estará ligado a uma inovação no produto, mas de alguma maneira estará relacionado à inovação nos processos que antecedem a entrega do produto ao cliente. Este ponto vale ser ressaltado, porque a partir daqui podemos iniciar nossas conclusões.

Ao realizar uma venda, a sua empresa entrega muito mais que um produto ou serviço, entrega valor, experiências, impressões, que podem ser positivas ou não. Aqui nós abrimos um imenso leque de oportunidades para a inovação e diferenciação, que vão desde o atendimento até a entrega, mas para que isso ocorra é preciso entender que a inovação depende de um processo contínuo de aprendizado a cerca da empresa, do produto, da concorrência e do cliente. Desta forma, será possível redesenhar o seu modelo de negócio quantas vezes forem necessárias, a fim de criar diferenciais que possibilitem atrair os olhares do consumidor para a sua empresa, antes mesmo que para o seu produto.

Ao final das aulas em Guiné-Bissau eu fui presenteado com a seguinte frase de um aluno: “eu não sabia que era possível ganhar muito dinheiro vendendo laranjas”.  Então se mexa: ainda há tempo para garantir o seu espaço ao sol.

Um grande abraço e até o próximo artigo.