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Saiba quando decidir por marketplace in ou out

Por: Giordano Afonso

É sócio-fundador da TATIX. Formado em Administração de Empresas pela PUC/RJ, pós-graduado em Gestão de Projetos pela FGV/RJ e Executive MBA pela FDC/MG. Iniciou sua carreira na área comercial, com experiência em diversas áreas ao longo dos 14 anos em que trabalhou no grupo Hermes|CompraFácil, onde alcançou a posição de diretor de e-commerce B2B. Participou da construção da maior área de B2B no país, gerindo e operando e-commerces de grande porte.

Em 2020 o processo de digitalização foi acelerado. Se antes existia alguma dúvida sobre a força e a importância do e-commerce, já não existe mais. Isso porque, devido à pandemia causada pela Covid-19, muitos foram os setores que tiveram de se adaptar e, além disso, um novo universo de pessoas passou a ter a tecnologia como parceira para dar continuidade ao trabalho e a tarefas de casa e isso, claro, refletiu no comércio eletrônico. No Brasil, 24% das pessoas que participaram de uma pesquisa sobre e-commerce declaram estar fazendo mais compras online, e 13% fizeram sua primeira compra pela internet em 2020, de acordo com a Infobase/Interativa.

Nesse cenário, os marketplaces têm apresentado franca ascensão, com vantagens para clientes e varejistas formando uma rede colaborativa em que todos os participantes são beneficiados. Mas ainda hoje há uma dúvida do mercado: onde investir? Marketplace in ou out?

Por mais que pareça óbvio, e para muitos é, ainda é válido explicar o que significa cada um e suas vantagens. Entender a fundo os benefícios de cada estratégia pode ajudá-lo na tomada de decisão e colaborar com a geração de negócios de forma mais assertiva.

O marketplace out garante distribuição e capilaridade. As empresas que optam por esse meio o fazem porque procuram players que possuem uma grande audiência e relevância e acham nesses canais a possibilidade de otimizar suas vendas. Ela é uma plataforma aberta para que sellers possam anunciar, pagando uma comissão, caso a venda ocorra.

B2W, Mercado Livre e Magalu, por exemplo, têm uma estratégia de marketing muito forte. Com isso, as marcas que decidem pelo marketplace out ganham um canal a mais de venda, com novos clientes, e novos horizontes se descortinam. Quem opta por esse meio se beneficia dessa base de clientes e mídia, que são gigantes.

Já o marketplace in é uma tendência mais recente. A empresa já tem uma base de clientes consolidada e abre seu próprio marketplace, oferecendo espaço para que outras marcas vendam. Posso citar dois exemplos, que são amplamente reconhecidos no ramo das telecomunicações: Vivo e Claro.

As marcas têm um relacionamento já fortificado, com dados que ajudam a identificar o perfil do cliente. E a pergunta que fica é: por que não facilitar para o consumidor e usar essa base para ele comprar através da própria marca com a qual já possui relacionamento e muitas vezes fidelidade? Então eles podem fazer um clube de fidelidade, por exemplo, onde as compras se convertam em benefícios para o usuário e todos saem ganhando.

Outra possibilidade é a venda cruzada. Ou seja, colocar à venda produtos que materializam o serviço oferecido. A marca usa sua relação com a própria base para oferecer produtos e até pacotes de seus serviços combinados com itens vendidos em seu marketplace. O modelo de negócio possibilita trazer sortimento complementar ao core do negócio e até abrir novos nichos de atuação. Com isso, as vantagens são o incremento de sortimento, o aumento da frequência de compra dos seus clientes habituais e a aquisição de novos, tendo impacto direto no aumento de seu faturamento.

Quando a escolha feita é pelo marketplace in, é importante a utilização de uma plataforma confiável, integradores, ferramentas de rastreabilidade, CRM (Customer Relationship Management) e CRO (Conversion Rate Optimization), para o sucesso do negócio. Bem como, gestão e proximidade dos sellers e parceiros que ofertam seus produtos, garantindo assim sortimento e boas ofertas para os consumidores da base.

O serviço prestado na construção de um marketplace vai desde conversas de estratégia com o time de CRM da marca e até mesmo com Facebook e Google — para participar ativamente de todo o processo. Além disso inclui o uso de ferramentas como Google Analytics e dados da plataforma VTEX, que são consolidados em um relatório gerado diariamente pelo time de BI.

Para atrair sellers, a política é investir em transparência e organização e ter muito claro o modelo de negócio que se quer construir, para estruturar uma proposta comercial com informações quantitativas e qualitativas. Isso ajuda a atrair parcerias que tenham fit com o seu modelo e que irão proporcionar ganhos para ambos.

Outro ponto importante é o estudo do comportamento dos clientes, implementação de boas práticas de e-mails relacionais (exemplo: carrinho abandonado, itens visitados que baixaram de preço, produtos que voltaram para o estoque) em paralelo com mídia paga, mas sempre tendo claro o ROI (Rate of Investment) desejado. É necessário executar, avaliar o resultado e implementar melhorias até atingir o resultado esperado.

Vale ressaltar que a pandemia impulsionou novos padrões de consumo. E, desde então, a venda direta para o consumidor final (D2C) é um modelo de negócio que vem crescendo muito. Um dos caminhos do digital que eu recomendo às indústrias é entrar nesse universo por meio dos marketplaces. Isso porque é bastante atraente aos fabricantes, uma vez que oferece facilidades em questões que poderiam ser complexas. Como, por exemplo, faturamento, pagamento, aprovação de pedidos, análise de fraude e atendimento ao cliente. Tudo isso com um investimento reduzido, em um canal com audiência já construída e marketing estruturado.

Não existe escolha errada. O que existe é o entendimento sobre o seu negócio. O importante é avaliar as possibilidades e não ficar de fora do e-commerce, independente do canal. Afinal, quem não é visto, não é lembrado.