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Rotas mais seguras nas rodovias podem ajudar o e-commerce

Por: Bruno Haccad

Diretor de Operações da FreteBras. Iniciou sua carreira no mercado financeiro em 2012. Trabalhou por 3 anos na área de Fusões e Aquisições, incluindo os bancos Goldman Sachs e BTG Pactual. Em 2014, foi co-fundador do Pegcar, startup de compartilhamento de carros entre pessoas. Em 2018, trabalhou no Viola Ventures, um dos principais fundos de venture capital de Israel, antes de se juntar à Fretebras.

A insegurança das estradas brasileiras, não é de hoje, continua entre os principais desafios das empresas do setor de transporte e logística, que seguem contabilizando perdas decorrentes das ações de criminosos.  Segundo estudo realizado pelo Grupo Tracker em 2020, a taxa de roubos e furtos de caminhões oscilou bastante ao longo do primeiro semestre do ano passado, terminando o ano com uma pequena redução de 1 p.p.  Apesar do volume de cargas roubadas no Brasil ter decrescido desde 2017 acima dos dois dígitos percentuais ano a ano, o prejuízo estimado ainda supera a marca de R$1,5 bilhão anuais. O ‘osso’ é atraente demais para os mal-intencionados o largarem. Quem paga por isso? O e-commerce, nas dificuldades em estratégias melhores de frete.

Apesar do risco inerente, o Relatório Anual FreteBras, publicado em janeiro, mostrou que a quantidade de fretes rodoviários aumentou 62% em 2020 em comparação com o ano anterior. Enquanto a demanda segue crescendo, o setor vem buscando caminhos para reduzir os índices de criminalidade e tem encontrado na tecnologia uma grande aliada. 

A Confederação Nacional do Transporte identificou que 98% dos caminhoneiros utilizam a internet via celular. Já as transportadoras e embarcadores têm em seu menu de parceiros tecnológicos, só no Brasil, quase 300 startups de logística para ajudá-los a fazer uma gestão mais eficiente e segura do negócio. Só no ano passado, as empresas de tecnologia focadas no mercado logístico faturaram mais de R$100 bilhões, segundo estudo da Fundação Dom Cabral. 

Assim como ocorreu em outras indústrias, como bancos e e-commerce, as empresas do setor logístico também seguirão a tendência de implementar tecnologia de ponta para uma melhor gestão de riscos, como soluções de controle dos fretes através do rastreamento de veículos e cargas.

Outras ferramentas irão trazer maior transparência nas transações entre empresas e caminhoneiros, incluindo sistemas de avaliação já presentes em serviços como Airbnb, Uber, Google e Tripadvisor. Além destas, as soluções de pagamento online, como as carteiras digitais, irão também garantir um maior nível de segurança entre as partes envolvidas, já que uma instituição capta e assegura a transação financeira. 

Atualmente muitas transportadoras já pedem referências a outras antes de contratar ou não um caminhoneiro. Algumas possuem até equipes dedicadas a fazer verificações proativamente. Já os caminhoneiros confiam nas indicações de seus colegas e até visitam locais de carga antes de aceitar uma oferta de trabalho. Todo este custo enorme para o ecossistema pode ser totalmente eliminado com a tecnologia. 

Ora, se existem tantas soluções à disposição do mercado, o que falta então para que haja mais segurança?

Compartilho aqui 4 recomendações essenciais:

  1. Ajude a educar o setor, principalmente empresas e caminhoneiros, para que todos entendam que cada um tem papel fundamental na segurança da cadeia. As ferramentas, por si só, já auxiliam, mas sozinhas não podem proteger totalmente o ecossistema. 
  2. Utilize o poder informativo da internet para dobrar a vigilância, confirmando dados e buscando sempre o maior número de informações possível sobre o motorista ou a empresa. 
  3. Conecte-se com o mercado, divulgue as fraudes e denuncie. A comunicação entre as empresas do setor também deve ser frequente, já que os criminosos estão cada dia mais criativos e se dedicam diariamente a encontrar brechas em todos os sistemas, não apenas na logística. Portanto, todos os participantes do mercado devem compartilhar informações constantemente para divulgar as velhas e novas fraudes e denunciar os fraudadores. 
  4. Se a esmola é muita, desconfie tanto ou mais que o santo. Para o caminhoneiro, isso significa, por exemplo, duvidar do “fretão”, que oferece um preço muito acima do mercado. Do lado da transportadora, é também preciso ficar atento às fichas de profissionais que parecem limpas demais. 

 

Para outros atores da indústria, reforço a necessidade de investirmos em segurança para proteger o ecossistema.  Nem todo dinheiro do mundo é páreo para habilidade dos mal-intencionados. Não há outra rota. Devemos somar todas as nossas forças para investir em tecnologias e soluções mais criativas e eficientes que as dos golpistas e, assim, reduzir de fato a insegurança que há décadas impacta negativamente o setor de transporte rodoviário de cargas no Brasil. Isso será positivo ao e-commerce!

Vamos embarcar nessa juntos?