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Redução da pegada de carbono entra na rota das transportadoras

Por: Bruno Tortorello

Com mais de 21 anos de experiência na área de logística e distribuição, Bruno Tortorello é um dos executivos mais destacados do setor. Graduado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da USP, com especialização em Administração pela FGV e MBA em Gestão Internacional pela FIA, Tortorello foi presidente da Total Express e, anteriormente, liderou áreas comerciais e operacionais do braço logístico do Grupo Abril. Chegou na Jadlog com a missão de alavancar as vendas e os negócios por meio das operações do e-commerce e do fortalecimento do negócio B2B de pequenas encomendas, contribuindo para que a transportadora alcançasse o faturamento de R$ 1 bilhão em 2020.

O crescimento do e-commerce, e consequentemente do grande volume de encomendas a serem entregues, traz desafios ao setor de logística no momento que organizações de todo o mundo estão preocupadas em minimizar as emissões de CO2 e seus efeitos sobre o clima do planeta.

Para operadores e transportadoras, que realizam um número crescente de entregas diárias nas já complexas malhas viárias e urbanas, isto requer o compromisso com a adoção de estratégias eficientes de redução ou neutralização da pegada de carbono nas entregas.

A conscientização sobre o impacto ambiental da atividade de transporte deve incluir medidas de adaptação do sistema logístico à vida urbana e a oferta de soluções inovadoras que melhorem a vida da sociedade. Afinal, atuar de forma social e ambientalmente responsável demonstra o compromisso das empresas com as comunidades nas quais estão inseridas, e que elas podem ser parceiras responsáveis em benefício das pessoas, da natureza e da atividade econômica.

Solução para transportadoras

A adoção de instrumentos de medição de sua pegada de carbono é uma das iniciativas necessárias para se obter assertividade na redução gradual das emissões de CO2. A utilização de veículos elétricos ou movidos a bicombustíveis (a diesel e a gás natural veicular, por exemplo), menos poluentes, são alternativas importantes nessa direção.

De acordo com sistemas de medição homologados por consultorias especializadas no assunto, cada litro de diesel que deixa de ser consumido evita que 23 Kg de CO2 sejam lançados na atmosfera – é um dado significativo, que demonstra como as frotas mais verdes podem colaborar para amenizar os impactos no meio ambiente.

Na Europa, estas iniciativas já estão mais avançadas, e no Brasil vêm ganhando cada vez mais adesão dos operadores logísticos e transportadoras. É cada vez mais frequente nos depararmos no trânsito das capitais e grandes cidades com veículos pesados elétricos ou híbridos, bem como vermos notícias de que frotas inteiras de utilitários são movidos a GNV.

Além de utilizar veículos com baixas emissões, outro caminho é desenvolver soluções logísticas inteligentes e eficientes nos centros urbanos. Modelos de micro depósitos nas cidades ou outras soluções Out of Home (OOH), de entregas fora de casa, são medidas que colaboram para a redução da pegada de carbono.

Os lockers ou os pontos de Pick up e drop off, também conhecidos como PUDOS, são pontos estrategicamente localizados nas cidades nos quais os consumidores podem retirar as encomendas, e que se constituem não apenas em solução conveniente de OOH, mas também uma alternativa sustentável, por evitarem que os veículos cumpram rotas individuais para atender cada um dos consumidores –  o que geraria mais emissões de CO2 — possibilitando, em vez disso, a retirada das mercadorias em pontos centralizados, de acordo com a conveniência e proximidade do consumidor.

Com essas opções, há uma mitigação na taxa de insucesso nas entregas e das tentativas adicionais de levar os produtos aos seus destinatários, o que também representa menores emissões de CO2 na atmosfera.

Este apelo por iniciativas mais sustentáveis em toda a cadeia do e-commerce já era crescente e ganhou mais força a partir de 2020, a partir da pandemia da Covid-19 no mundo. O fechamento forçado das lojas físicas e a maior migração para o varejo virtual fizeram com que consumidores reavaliassem seus hábitos de consumo e os impactos ambientais de suas compras, levando ao crescimento do mercado de segunda mão, à maior atenção com a reciclabilidade dos produtos, bem como ao aumento da demanda por entregas ambientalmente sustentáveis.

Passou a ser um requisito que marcas e empresas envolvidas com o comércio eletrônico tenham uma atuação ambientalmente responsável, da mesma forma que os consumidores buscam produtos e serviços ecologicamente corretos. Estas são tendências que, efetivamente, estão mudando o setor de logística e que seguirão demandando soluções mais sustentáveis junto aos operadores e transportadoras.

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