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Recorrência, uma marca do e-grocery

Por: Fernando Bravo

CEO e Fundador da VipCommerce

Fundador e CEO da VipCommerce, é especialista em e-grocery e no desenvolvimento de tecnologias para o varejo alimentar. Foi supermercadista por mais de 18 anos e vice-presidente de tecnologia da AMIS.

A vida real possui hoje uma espécie de lâmpada mágica: o smartphone. Com apenas um toque, ele é capaz de realizar os desejos de seu usuário. Mas, embora existam inúmeros aplicativos competentes e promissores, nem todos têm o potencial de conquistar espaço cativo no celular dos consumidores. A consequência disso é que acabam sendo instalados e desinstalados à medida em que são ou não necessários.

Nem sempre vai existir interesse em utilizar determinados apps de maneira recorrente. Aliás, talvez seja por isso que muitas lojas não conseguiram fazer seus próprios apps decolarem. Imagine ter em seu celular um aplicativo de cada negócio do seu bairro e sua cidade — além daqueles que você realmente precisa no dia a dia. Por mais que suas ofertas sejam relevantes, nem todos os comércios conseguirão um espaço no celular de um consumidor.

Para vários segmentos, os aplicativos são muitas vezes utilizados para compras únicas (e em seguida desinstalados). Em contrapartida, no varejo alimentar online os aplicativos são muito mais requisitados. Basta pensarmos que o brasileiro vai, em média, quatro vezes ao supermercado por mês. É justamente a recorrência uma das grandes vantagens para o setor supermercadista no meio digital.

Outro ponto que favorece a preferência pelo app do supermercado em detrimento de outros é que ele facilita o acesso a mercadorias que refletem o dia a dia dentro de casa — como alimentação, limpeza, higiene pessoal, entre outros. Logo, não se trata de aquisições realizadas por impulso. São compras necessárias para a manutenção do lar e que, mesmo que não tenham sido planejadas, foram feitas porque determinados itens estavam realmente fazendo falta.

Aliás, sabemos que muitas famílias brasileiras não planejam as compras do supermercado. Por outro lado, os aplicativos dos varejistas permitem a criação de listas compartilhadas. Ou seja, facilitam a programação dos itens a serem comprados dentro de determinado período. Logo, este é mais um motivo para manter o app.

Olhando pelo prisma do negócio, nunca foi tão importante elaborar uma estratégia de aproximação com os clientes com a ajuda do celular, uma vez que o objeto que se tornou indispensável a todas as classes sociais. Um dado muito interessante divulgado pelo IBGE em 2018, mostra que o fato de o supermercado estar próximo é o principal fator de escolha por parte do consumidor em todas as classes sociais, elencado com 52% de relevância. Podemos concluir, portanto, que uma estratégia eficiente envolvendo um app leva as marcas a reforçarem sua presença no momento do consumo e obter mais engajamento e fidelidade.

E não se trata apenas de vendas, mas sim de uma gama de recursos que podem ser utilizados de maneira inteligente para melhorar o diálogo com o consumidor. Ainda que o cliente não esteja comprando online, os apps são ferramentas fundamentais para auxiliar:

  • no atendimento (o que facilita a conversão);
  • na compra, seja na consulta de preços dos produtos;
  • no resgate de prêmios e muito mais.

Entendo que a recorrência ligada aos aplicativos de e-grocery ocorre por questões multifatoriais — como as que citei ao longo deste artigo —, além da melhora da experiência do cliente como um todo. O momento é de investir em inovação para o desenvolvimento do setor, acompanhando a evolução observada nos últimos meses relacionadas aos novos hábitos do consumidor.

A melhor hora para estar na vanguarda é agora.