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A presença da indústria no e-commerce: como deve ser esse processo

Por: Jefferson Costa

Formado em Sistemas de Informação e pós-graduado em Engenharia de Marketing. É gerente de Market Intelligence na Admatic e na Sieve, que fazem parte da B2W Services, grupo de empresas "best in class" em soluções de tecnologia e logística.

O e-commerce faturou mais de R$ 41 bilhões em 2015 – em 2013 e 2014, havia faturado R$28,8 bi e R$35,8 bi, respectivamente. Um salto significativo em dois anos e mais significativo ainda se olharmos os números lá de 2011, ano que o E-bit passou a produzir o relatório Webshoppers, de onde esses dados foram retirados. Naquele ano, as lojas virtuais faturaram 18,7 milhões. Quer dizer, de lá para cá o crescimento foi ainda maior: mais que dobramos o faturamento do setor em apenas 5 anos.

Isso fez com que um número alto de lojistas iniciassem suas lojas online ou migrassem do físico para o virtual. Segundo um estudo publicado pela Big Data Corp, existem 450 mil lojas virtuais ativas no Brasil. Uma boa parte delas atraídas por esse crescimento, que movimenta alguns bilhões de reais anuais.

Olhando esses números em busca de uma oportunidade de potencializar suas vendas, a indústria também tem visto o e-commerce com carinho e buscado meios de manter a presença online e, com isso, naturalmente, ter mais fontes de receita.

Nessa linha de raciocínio, passa a existir um conflito: “como deve ser a presença da indústria no e-commerce?”, já que montar uma loja virtual implica em se tornar concorrente direto de sua rede de distribuição? Como fazer isso sem prejudicar as relações comerciais que, geralmente, já vêm de alguns anos, ou ainda sem impactar em outras frentes, como a presença em lojas físicas (o que é estratégico para a indústria)?

É por isso que esse passo precisa ser muito bem “amarrado” para evitar pontas soltas e, assim, projetos bem estruturados têm mais chances de darem certo. Marcas como Motorola, Apple e Samsung, além de serem fonte de receita para o varejo, também mantém suas próprias operações de e-commerce, que tem como principal foco a experiência do usuário.

Mas, além da presença online com loja própria, uma outra forma também muita adotada com relação à presença da indústria no e-commerce é o monitoramento do comportamento dos produtos da marca em diferentes lojas virtuais.

Esse assunto, inclusive, já foi abordado em um e-book. A ideia nesse modelo é analisar a forma como o portfólio da marca é comercializado em várias lojas online. Para isso, são analisados alguns fatores chaves para o negócio. Dentre eles podemos destacar:

  • Furo de preço: quando as lojas praticam preços abaixo ou acima do definido pela fabricante, o que pode impactar diretamente na maneira como o consumidor consome o item.
  • Flutuação do preço: como é feita a precificação do produto em diferentes períodos da semana, mês ou ano. Essa análise ajuda a identificar quais são as lojas que influenciam o mercado, puxando as alterações de preço, tanto para cima ou para baixo.
  • Nome e descrição do produto: ajuda medir se as lojas utilizam o nome e a descrição correta do produto, seguindo as recomendações do fabricante.
  • Imagens utilizadas para apresentar o produto: seguindo a mesma lógica do tópico anterior, a marca será capaz de saber se as imagens que estão sendo utilizadas para exibição do produto estão de acordo com a sua estratégia.
  • Furo de estoque: é quando a loja deixa de exibir ou ter um determinado item em seu estoque. É fundamental acompanhar esse número para trabalhar estratégias de distribuição.

Essas informações permitem ter uma análise completa de como os itens são vendidos e como isso é feito em cada loja virtual. É possível ter os mais diferentes insights para tocar o negócio – rever margens junto ao varejo, por exemplo. A presença da indústria no e-commerce é uma maneira estratégica de manter posicionamento online sem entrar em discussões sobre as relações comerciais com o varejo.