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O prejuízo do Brasil com o mercado ilegal

Por: Roberto Achar

Profissional da área de segurança da informação com mais de dez anos de experiência em crimes cibernéticos, Roberto Achar se especializou em fraudes eletrônicas e trabalhou, ao longo dos últimos anos, junto às instituições financeiras nas áreas de segurança da informação, tratamento de incidentes, prevenção à fraude e inspetoria, além do combate ao phishing, principal meio de roubo de dados em ambientes digitais. Em sua rotina atual, participa ativamente das decisões estratégicas de negócio, marketing, comunicação e pré-vendas da ClearSale.

Produtos falsificados ou contrabandeados podem ser encontrados com muita facilidade em grandes comércios, e-commerces e em marketplaces. Mas apesar de muito atrativos por conta dos preços acessíveis e da semelhança que alguns deles têm com os originais, sabemos que a pirataria pode causar grandes problemas para o mercado brasileiro, bem como pode afetar a saúde e a segurança de quem compra.

Recentemente, li uma pesquisa realizada pelo Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec RJ) que mostra que, somente no Rio de Janeiro, aproximadamente 2,9 milhões de pessoas adquiriram produtos falsos em 2021. Infelizmente, uma perda não só econômica, mas também de competitividade da indústria brasileira. Somente no estado, os itens falsificados mais consumidos são os eletrônicos (28,6%), seguidos de roupas (18,8%) e calçados, bolsas e tênis (17,1%).

O e-commerce teve um boom na pandemia, mas também cresceram problemas com fraudes, e o número de casos de pirataria surpreendeu.

A famosa pirataria eletrônica ocupa o quarto e o quinto lugares da lista com download (transferência de dados) pela Internet de filmes (16,3%) e programas de computador (15,9%), respectivamente. Para completar o ranking da pesquisa, na sequência, aparecem óculos (15,1%), download de músicas da Internet (10,6%), brinquedos (9,4%), relógios (9%), TV por assinatura (8,6%), perfumes (7,8%), artigos esportivos (4,1%) e cigarros (2,4%).

Os números dentro do e-commerce

Sabemos que o e-commerce teve um grande desenvolvimento no país durante a pandemia de Covid-19. Ao mesmo tempo em que o e-commerce se desenvolveu no Brasil, problemas com fraudes se intensificaram, e o número de casos de pirataria surpreendeu.

Somente o território fluminense sofreu um aumento de 7% na venda de produtos piratas online. Comparado a 2020, 43,1% dos entrevistados para a pesquisa teriam confirmado a compra de produtos falsos no e-commerce.

O prejuízo da pirataria para o Brasil

Ao todo, em 2021, a economia brasileira perdeu R$ 300 bilhões para o mercado ilegal. Esse valor é o resultado da soma de todas as perdas registras por 15 setores industriais, equivalente a R$ 205,8 bilhões, e a estimativa dos impostos que não foram arrecadados é de R$ 94,6 bilhões.

Os dados do levantamento do Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade mostram um crescimento de 4,4% comparado ao ano de 2020, no qual o lucro do mercado ilegal chegou a R$ 288 bilhões. O setor de vestuário foi o que mais sofreu no decorrer do ano, contando com um prejuízo de R$ 60 bilhões, um aumento de 11% em relação a 2020.

Ainda falando em âmbito nacional, outras pesquisas mostram que Brasil é o quinto país do mundo que mais consome conteúdos piratas, somando 4,5 bilhões de downloads e streams não autorizados entre os meses de janeiro e setembro de 2021.

Como identificar a pirataria no e-commerce?

Para começar, conferir se o preço tem compatibilidade com outras lojas é sem dúvida uma excelente dica, pois um item com valor bem inferior pode sim indicar uma falsificação.

Além disso, é importante verificar se conta com selos de identificação de qualidade e pesquisar a reputação e o histórico de transações do vendedor. Por fim, vale conferir se a plataforma de e-commerce conta com alguma política de combate à pirataria e à venda de produtos ilegais.

Leia também: A pirataria no e-commerce e as medidas para combatê-la