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Plataformas abertas para o varejo evoluir

Se você é um executivo de uma grande empresa do varejo e ainda não começou a estudar a fundo a Internet das Coisas, é melhor ficar preocupado. Estima-se que teremos 34 bilhões de dispositivos conectados até 2020. Considerada por muitos a “revolução silenciosa”, a IoT será transformacional para todas as indústrias e há uma urgência de integração já nos dias de hoje.

Dizem que se você não está tentando hackear o seu negócio no varejo, certamente deve haver outra pessoa fazendo isso por você. Para um mercado como o de pagamentos eletrônicos, naturalmente efervescente e dinâmico, isso se torna ainda mais verdadeiro.

A Internet das Coisas parte do pressuposto de conectar dispositivos de maneira independente, sem intervenção humana: câmera, celular, geladeira, lâmpada e mesmo botões. No caso dos pagamentos eletrônicos, uma das maiores aplicações é levar a viabilidade do pagamento para qualquer dispositivo.

Hoje, o cliente paga utilizando um cartão físico, virtual ou soluções como a Near Field Communication (NFC), atualmente disponível no Brasil com iniciativas como a Samsung Pay e a carteira digital do Banco do Brasil. Já o varejista aceita o pagamento a partir de um terminal físico ou online.

Quando tudo está conectado à Internet, qualquer coisa pode se tornar uma vending machine. O comércio eletrônico passa a abranger, também, coisas do nosso dia a dia, e essa possibilidade traz novos desafios – por exemplo, uma série de interações que antes pareciam distantes, como programar uma cesta recorrente de produtos e comprar por comando de voz. Apertar um botão e dizer “acabou a minha granola” e receber o produto em sua casa, sem nenhuma barreira, passa a ser uma experiência de compra cada vez mais real.

Por outro lado, essa nova dinâmica muda sensivelmente a lógica de prateleira aplicada durante tantos anos no trade marketing. Qualquer objeto pode ser um ponto de interação, e o vendedor consegue falar diretamente com o consumidor final, sem intermediários. Quando o fabricante de uma marca consegue vender diretamente para o seu cliente, o varejo é forçado a evoluir.

Podemos dizer que, durante muito tempo, vivemos de acordo com a teoria da escassez. Acreditava-se que os recursos eram finitos e, por isso, quanto mais restrita e fechada fosse uma determinada plataforma, mais valor era possível extrair dela. A tese funcionava para diversos tipos de sistema: nações, empresas e até mesmo as primeiras redes sociais a surgir, que prometiam exclusividade.

Hoje vivemos o oposto dessa realidade. O nosso momento é marcado pela abundância: de acesso, disponibilidade, informação e tecnologia. Quanto mais abundante, mais valor é possível extrair de determinada coisa.

Com aproximadamente 2 bilhões de usuários no mundo, o Facebook só conseguiu fazer a virada de chave do seu negócio quando se associou a operadoras de telefonia no mundo em desenvolvimento para massificar o acesso à Internet via web e dispositivos móveis. No Brasil, desempenhou um papel importantíssimo no avanço da inclusão digital.

Paralelo a isso, apostou desde o início na inovação colaborativa, investindo na comunidade de developers e chamando seus diferentes stakeholders para pensar o futuro da rede em parceria. Consciente de que não conseguiria crescer apenas organicamente, adquiriu startups tidas como concorrentes. Hoje o Facebook funciona como um hub para novos aplicativos.

Ao traduzir esse pensamento para o nosso mercado, percebemos que também vivemos a transição entre plataformas fechadas e abertas. As demandas são cada vez mais específicas e numerosas, e a base de clientes, mais heterogênea. Se antes era viável exigir que o cliente se adequasse às possibilidades restritas de uma plataforma fechada, hoje não há mais espaço para isso. Uma plataforma aberta, no entanto, permite que qualquer um desenvolva a partir dela. É a melhor definição de plug and play.

Precisa de um e-commerce que faça o pedido a partir de uma cafeteira, de um botão, de uma roupa de ginástica ou de um comando de voz? Tudo isso é possível. Podemos dar vazão a uma série de demandas reprimidas do varejo que, por sua vez, podem ajudar a desenvolver o mercado e a levá-lo a um novo patamar.

As plataformas abertas são feitas para e pelos desenvolvedores. É necessário trazer uma proposta de valor importante para esse stakeholder fundamental, criar um ambiente fluido, simples e acessível, e entregar as principais ferramentas para que o resultado desenvolvido seja o melhor possível para o varejista.

A evolução do e-commerce da Cielo, com a nova plataforma 3.0, é fruto de uma exaustiva discussão dentro da nossa empresa sobre tudo isso que comentei até aqui – sempre colocando o nosso cliente no centro de todo o processo. A nova API tem esse DNA: foi feita para se integrar facilmente a qualquer plataforma – ou qualquer objeto, já que estamos falando de IoT – e de forma totalmente flexível, com inúmeras possibilidades de customização. Temos uma página ativa na rede de desenvolvedores GitHub e estamos sempre ouvindo o que nossos clientes e parceiros precisam.

Nesse cenário, em que os próximos capítulos são reflexo das mudanças de comportamento do novo consumidor, cabe aos grandes players do mercado pavimentar a estrada para a evolução do varejo online brasileiro.