Logo E-Commerce Brasil

PIX e e-commerce: lições aprendidas e pontos a melhorar

Por: Daniel Pripas

CFO da Synapcom e do Icomm Group (Shop2gether e OQVestir), grupo de empresas do mercado de e-commerce que pertence ao fundo de investimentos family office Kyrillos. Graduado em administração pela Universidade de São Paulo, Pripas tem MBA pela London Business School e já passou pelo Itaú Unibanco e Itaú BBA

O meio de pagamento hoje representa algo muito importante para o consumidor e para as marcas que vendem no mundo digital. Disponibilizar opções seguras para todos os envolvidos é essencial. Assim, há cerca de seis meses, uma nova modalidade de pagamento passou a ser oferecida para as compras e transações online, o PIX.

Dados da Spin Pay, serviço de pagamento instantâneo, indicam que o PIX tem crescido em média acima de 50% ao mês desde novembro, quando foi implementado. De acordo com o Banco Central, mais de 75 milhões de brasileiros já utilizaram o PIX.

Pix

Pix trouxe algumas transformações na jornada no e-commerce

A modalidade é um grande sucesso quando falamos de transferências bancárias, mas ainda tem espaço para crescer no universo das compras pela internet. Vendo pelo lado do e-commerce, podemos dizer que a forma de pagamento influencia, e muito, na boa experiência de compra online. Nesse quesito, antes da chegada do PIX, as principais opções de pagamento eram divididas, em linhas gerais, da seguinte forma: 70% efetuadas por cartão de crédito; 20% por boleto e 10% por outros meios (débito e outras alternativas).

Formas de pagamento populares

No entanto, cada uma delas possui seus pontos negativos e riscos para quem compra e para quem vende na internet. O cartão de crédito, por exemplo, possui limitações. Apesar de popular, só cerca de 30% da população bancarizada tem cartão de crédito. Então, em um momento de crescimento do e-commerce, o meio de pagamento mais usado já exclui uma parcela das pessoas. Fora isso, é uma alternativa que precisa superar fraudes. O mercado hoje possui muitas ferramentas para isso, mas há um custo e, na tentativa de prevenção, pode-se perder transações não fraudulentas no caminho. Para o lado do lojista, quando a fraude não é identificada, é preciso lidar com um prejuízo.

O boleto é um meio mais complicado para o lado das lojas online. Atualmente, há dados que indicam que cerca de metade dos boletos emitidos não são pagos. O problema é que até a confirmação dessa informação, foi feita uma reserva de estoque daquele produto e isso pode prejudicar a loja que perde uma oportunidade de venda. Além disso, é um meio mais lento já que é necessário aguardar em geral cerca de dois dias para confirmação do pagamento, o que afeta também a data de entrega do produto para o consumidor.

O débito é uma opção com baixo índice de conversão por causa da experiência ruim. A necessidade de autenticação em geral inibe a prática e prejudica bastante a finalização das operações.

Por tudo isso, a chegada do PIX representou algo importante para as transações digitais. Com a redução de intermediários na operação, o PIX é seguro e rápido, o que beneficia as duas pontas envolvidas nessa relação. Com esse método há redução de fraude, confirmação imediata da transação e tudo isso facilita as compras online. A experiência de devolução e estorno também é infinitamente mais ágil e melhor se comparada a outras formas.

Leia também: Com 6 meses de implementação, Pix inspira confiança na maioria dos usuários

PIX e pontos a melhorar

Ainda é cedo para destacarmos todas as transformações do mercado, mas já temos dados que indicam que a maior migração ocorre do boleto. Ou seja, consumidores que preferiam pagar dessa forma passam a usar o PIX.

Na Synapcom, a opção passou a ser oferecida aos clientes de full commerce já em novembro de 2020, quando o serviço começou. Hoje, cada vez mais marcas disponibilizam essa forma de pagamento e em diversas lojas gerenciadas o PIX já ultrapassou o boleto como meio de pagamento, com uma melhor conversão.

No entanto, apesar das mudanças, ainda há pontos de atenção e de melhoria para ampla consolidação desse serviço. Entre eles, destaco a comunicação e a cultura das pessoas. É importante que se fale sobre o assunto, que seja mostrado que é um método seguro e confiável e, quando iniciar a oferecer tal alternativa, que a marca comunique claramente aos seus clientes.

Além disso, é importante explicar como é o uso. Ainda há falta de informação sobre a validade do QR Code, por exemplo. Habituadas ao prazo do código de barras do boleto, nem todos sabem – e isso nem sempre está claro – que o QR Code dura menos tempo e muitas vezes expira. Por fim, podemos falar ainda sobre a experiência no mobile. Ela pode apresentar algumas barreiras e sabemos que é importante melhorar essa usabilidade.

Mas, apesar desses pontos, é importante e positivo a chegada de soluções desse tipo porque sempre abrem portas para outras. Logo, é esperado que cheguem cada vez mais meios simplificados de operação que possibilitem novos produtos para transformar ainda mais os meios de pagamento – e melhorar, sempre, a experiência de compra online. Então, a  boa notícia é que o PIX é só o começo.