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Pix como recurso de comunicação direta e a segurança de dados

Por: Renata Borba

Formada em Publicidade e Propaganda (PUCRS), atua há mais de 5 anos com e-CRM, com experiência com marcas como Lojas Renner, Livraria Cultura, Polishop, Grupo Arezzo, Grupo Paquetá e Instituto Insper. Atualmente, coordena o time de CRM da Adtail NewBlue.

Com pouco mais de 5 meses de atuação, o Pix, meio de pagamento eletrônico do Brasil, tem sido usado das mais diversas formas, algumas bastante peculiares – e as implicações desse comportamento já vêm sendo discutidas. Nos três primeiros meses de funcionamento movimentou mais de R$160 bilhões. De acordo com levantamento recente do Banco Central, até o dia 31 de janeiro, 65,5 milhões de pessoas usaram o Pix para movimentar dinheiro entre quase 100 milhões de contas bancárias. Isso acontece porque cada pessoa pode cadastrar mais de uma conta.

Além dos benefícios de fazer transferências entre bancos em qualquer horário e dia da semana, os usuários estão trocando mensagens enviando algum valor em dinheiro (baixíssimo em muitos casos)ou ainda enviando códigos HTML, o que pode sinalizar riscos, já que abre espaços para golpes.

Leia também: Impacto do Pix no e-commerce: como foi a aceitação dos varejistas?

Sobre a segurança de dados, que é um assunto extremamente importante e sensível, algumas medidas já foram tomadas desde que o sistema começou a ser usado como “rede social”. O Banco Central explicou que incluiu a obrigação de os participantes do Pix admitirem somente tags HTML seguras no texto das anotações. A regra começou a valer em 15 de janeiro de 2021.

A funcionalidade de mensagem, que já existia para formatos anteriores, foi pensada para descrições e sinalizações simples sobre o dinheiro que estava sendo enviado. Mas com a criatividade do brasileiro, a utilização começou a tomar outro rumo.

Foram relatados casos até de pessoas que terminaram relacionamentos, foram bloqueadas em redes sociais e viram o Pix como um canal de comunicação liberado. Fazendo uma transferência de qualquer valor, consegue-se um espaço para envio de mensagem sem a possibilidade da pessoa recusar ou bloquear, segundo o próprio Banco Central.

Como as empresas podem utilizar o Pix?

Do mesmo modo que as pessoas físicas fazem isso, fica a pergunta – as empresas podem passar a adotar o Pix como mensageiro também? Já que é fácil conseguir os dados necessários para contatar um usuário ou cliente, isso seria uma estratégia para fazer disparos em massa e spam.

Na minha opinião, podemos sim ter algum tipo de comunicação, trocas ou bonificações de marcas através desse recurso no futuro, mesmo que ele não tenha essa finalidade, mas não enxergo esse caminho como uma possibilidade no momento.

A grande perspectiva de vantagens é a facilitação do uso de dados do cliente, já que é bem comum a gente ter e-mail, celular e CPF de um cliente, então um futuro com ações de cashback ou fidelização poderia fazer sentido em uma estratégia muito bem estruturada que usasse o Pix. trong>O próprio Google já tem feito muitas recomendações de abrir o Pix como uma forma de pagamento no ECM. Seria pensar caminhos desse recurso além da forma de pagamento, mas como um canal de retenção ou bonificação em um sistema parecido como já é feito com carteiras digitais.

A questão da segurança de dados é um assunto muito sensível e costumo ser muito exigente e criteriosa com o aceite do usuário para receber qualquer tipo de comunicação direta. Talvez o grande ponto pra quem gerencia dados de CRM seja a facilidade de testar uma chave Pix e ver se funciona ou não. Seria um processo semelhante a usar uma base de CRM em Mídia, que já está no dia a dia de muitos. Se o email cadastrado na base for o mesmo do Facebook, pode ser utilizado facilmente como segmentação, por exemplo”, arremata.

A grande desvantagem é a insegurança de dados e LGPD. Seria uma tentativa de usar os dados do usuário com um outro viés e ir contra a proposta do recurso, que é a transferência financeira facilitada, e não a comunicação. Sinceramente, eu não vejo a curto prazo isso sendo utilizado com o objetivo de marketing, mas já tenho acompanhado muitas formas de trocas facilitadas acontecendo entre pessoas.

Já vi vendas de rifas, por exemplo, onde cada número tinha um valor e, para participar, a pessoa tinha que fazer a transferência do valor (vezes quantos números fosse comprar) e digitar o número que estava comprando por mensagem. Parece muito simples nesse contexto, mas é inegável que tem realmente um movimento surgindo entre pessoas nesse sentido e acompanhar essas possibilidades é importante para entender esses movimentos.

Ainda não vi nenhuma marca fazendo qualquer ação específica por Pix (além de usar como forma de pagamento, claro), mas é aquilo: dependendo da marca, da estratégia estar bem alinhada, a primeira marca que fizer vai certamente ser um marco.