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8 pecados do marketing para e-commerce

Por: Tarek Ferraj

Diretor de Operações da Ge-commerce, empresa de assessoria em gestão e marketing para e-commerce. Já desenvolveu centenas de projetos de e-commerce e gerou dezenas de milhões de reais em vendas para os clientes da Ge-commerce ao longo dos últimos anos.

De todas as áreas que compõe o ecossistema das operações de e-commerce, o marketing talvez seja o principal componente para um processo de vendas eficiente. Sem ele, nada acontece.

Entretanto, se engana quem pensa que marketing é o único fator importante para o sucesso de uma operação de vendas online. Marketing é importante, mas não é tudo.

Apesar disso, é fundamental reforçar que o marketing tem — literalmente — a função de gerenciar o mercado, propiciando o encontro dos indivíduos aos produtos e serviços necessários por meio do conjunto de estratégias definidas para a empresa.

Uma pessoa segurando uma folha de papel com alguns desenhos e a palavra Marketing Plan ao centro

Muitos ainda confundem publicidade e marketing como sinônimos, o que é um erro.

Finalmente, cabe diferenciarmos marketing e publicidade. Afinal, o segundo tem aspectos mais voltados à produção audiovisual de peças publicitárias que incitam à venda dos produtos/serviços a partir das estratégias propostas pelo marketing. Vejo que muitas pessoas ainda pensam que publicidade e marketing são sinônimos. Isso é um erro.

Caso você esteja questionando o motivo para tantas definições, deixo claro que elas auxiliam a entender os 8 pecados abaixo relatados, pois é bem comum que os gestores:

  • Restrinjam as estratégias de marketing às estratégias de publicidade;
  • Não entendam a relação direta entre o marketing e as outras áreas gerenciais da empresa.

Vamos direto ao ponto:

1 – Redução dos 4P’s a apenas o 1: o preço

A precificação correta, ou até agressivamente baixa, ainda é um dos maiores fatores decisivos para compras no e-commerce, dado a enorme concorrência e facilidade de pesquisa no meio digital.

Contudo, manter preços desproporcionalmente baixos em relação à concorrência direta não apenas desvaloriza seu produto, como te faz correr grandes riscos de não ter lucros reais e significativos com sua operação.

Na maioria dos casos, é mais vantajoso construir valor agregado à sua marca e produto, garantindo, então, o preço adequado para sua operação, produto, logística e mercado-alvo.

Mesmo se o preço baixo realmente fizer parte da sua estratégia geral, e ainda que isso te gere margens de lucro saudáveis, não menospreze o restante do mix de marketing. Produto, Praça e Promoção também são aspectos que você precisa ficar atento.

2 – Utilizar estratégias de marketing ultrapassadas

A evolução do marketing caminha em consonância com a evolução da humanidade. Logo, é necessário que suas estratégias de marketing estejam alinhadas com o presente, por mais óbvio que isso soe.

Em algum momento você já ouviu a frase:

“Se você está vendendo pouco na sua loja física, abra uma loja virtual. Pois aí você conseguirá mostrar seus produtos para muitas pessoas, e venderá mais”.

Essa frase é centrada somente no produto (marketing 1.0). E, estando em uma época em que a comunicação é fluida, o cliente busca por informações e caminha por uma jornada complexa e não linear até finalizar a compra. Portanto, não oferecer subsídios para ele perceber sua necessidade ou desejo, (e ser levado à solução), é condenar seu e-commerce à falência.

Caixa de avaliações e comentários; manter presença em redes sociais, blogs (se for relevante para seu produto ou serviço); e SAC facilitado são pontos a se atentar.

3 – Cultura não centrada no cliente

“Não use o marketing para resolver os problemas do seu negócio: use-o para resolver os problemas dos seus clientes” – Seth Godin.

Estabelecer uma cultura totalmente centrada no cliente garante escolhas acertadas em múltiplas esferas (comunicação eficiente, plataforma ideal e personalizada corretamente, redes sociais coerentes à persona, operações logísticas aderentes às necessidades reais dos clientes etc.), e tem por consequência um cliente satisfeito, em fase de apologia e que está altamente propenso a indicar a sua loja.

4 – Não alinhar marketing e vendas

Marketing e vendas tem o mesmo objetivo. Por algum motivo, muitas organizações ainda os tratam como áreas completamente distintas, e isso é um erro.

Idealmente, essas duas equipes devem estar completamente integradas, pois o trabalho de um não faz sentido sem o trabalho do outro. A chave é munir o time de marketing com informações específicas e detalhadas sobre vendas, analisando sazonalidades, curva ABC, e até giro e cobertura de estoque.

Não existe (ou não deveria existir) marketing sem vendas, e vice-versa.

5 – Não monitorar seus concorrentes

Está na moda falar que benchmarking não funciona, mas eu discordo dessa afirmação. A menos que você domine completamente o seu mercado, e que ele tenha uma barreira de entrada muito grande, você deve monitorar seus concorrentes diretos e indiretos.

A análise de concorrentes não serve apenas para monitorar preços, ofertas de fretes ou qualquer outro aspecto. Ela precisa, antes de tudo, ser um caçador de lacunas e pontos de melhoria para a sua própria operação.

Avaliar bem seu concorrente te permite suprir as brechas no mercado e impulsionar seu negócio. Ao mesmo tempo você consegue oferecer produtos e serviços com melhorias e inovações que nem mesmo seu consumidor sabia que precisava.

6 – Falha no processo de compra de mídia (tráfego)

Se tem uma coisa capaz de dificultar o crescimento de um e-commerce — e ainda desperdiçar muito dinheiro enquanto faz isso —, essa coisa é uma falha no processo de compra de mídia. Lembro que essa falha pode ocorrer por diversos motivos, mas vou listar os principais:

  • Pouco conhecimento sobre a natureza real do seu produto (necessidade ou desejo);
  • Escolha incorreta do canal de mídia;
  • Pouco conhecimento sobre seu público-alvo e persona;
  • Falta de capacidade técnica para manusear as ferramentas.

Em todos os casos é necessário dar alguns passos para trás e rever esses pontos fundamentais, a fim de que o tráfego que chega à sua loja virtual seja realmente qualificado, Caso contrário, suas campanhas estarão apenas gastando o dinheiro do seu negócio, sem nenhuma perspectiva de retorno real.

7 – Tentar vender para clientes com pouca ou nenhuma consciência sobre o seu produto

De acordo com Eugene Schwartz, existem 5 níveis na escala de consciência dos consumidores:

  • 1 – Totalmente inconsciente
  • 2 – Consciente do problema
  • 3 – Consciente da solução
  • 4 – Consciente do produto
  • 5 – Totalmente consciente (interessado)

Todo produto, independentemente do nível de complexidade, exige que o consumidor “caminhe” por essa escala de consciência para ser vendido. No caso de produtos mais simples, pode ser que o consumidor chegue até a sua loja já totalmente consciente. Seu único trabalho, portanto, será ter as condições corretas (preço e frete, principalmente) para ele finalizar a compra.

Entretanto, para produtos mais complexos, é comum que o consumidor não esteja tão elevado no nível de consciência. Ou seja, alguém terá de assumir o papel de “educá-lo”, para então conseguir vender os produtos com mais facilidade.

Um erro bastante comum das empresas é ignorar totalmente a escala de consciência e insistir em simplesmente fazer ofertas diretas do produto. Além de ineficiente, isso pode ter o efeito inverso, fazendo o consumidor criar repulsa e resistência à empresa por oferecer algo que ele — supostamente — não quer.

8 – Não aproveitar as sazonalidades

Alguns exemplos de situações para se aproveitar a força das sazonalidades:

  • datas comemorativas;
  • datas importantes para o e-commerce (dia do frete grátis e black friday);
  • mudanças de estação, de coleções e as datas relevantes do seu próprio segmento.

São momentos importantes para a atração de novos clientes e variações relevantes em ticket médio, por exemplo.

Por isso, é de extrema importância estabelecer um calendário anual em que o financeiro, a logística, o marketing e as vendas estejam todos alinhados e prontos para gerar e atender a demanda de forma eficiente.

Conclusões

Apesar de ter contextualizado esse artigo para situações mais comuns de um e-commerce, marketing é marketing, independentemente do canal de vendas explorado.

Embora todos os oito pontos levantados serem importantes, eu ficaria especialmente atento aos pontos 1, 6 e 7.

Marketing sozinho não faz mágica. Ao longo do texto, você deve ter percebido que eu citei gestão financeira, logística, tecnologia, SAC e gestão de estoque. Sem todos esses pontos bem alinhados, existe uma boa probabilidade de a sua operação de e-commerce fracassar.