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Omnichannel: bem-vindos à 2019

Por: Luiz Fernando Ruocco

Nasceu no interior paulista, na pequena cidade de Águas de Prata. Em 2007, ingressou na Universidade Federal de São Carlos (UFScar) no curso de Engenharia de Materiais. Em 2014, entrou na Raccoon, onde ficou por cinco anos e por lá passou de estrategista de contas até gerente de marketing e mídia, sendo responsável por gerenciar os maiores clientes de varejo e sendo pioneiro na implementação de omnichannel em seus clientes e no Brasil. Em 2019, foi para outra empresa do Grupo Raccoon, a agência full digital Rocky - selecionada em 2021 como a quinta melhor empresa para trabalhar entre as Agências de Comunicação. Por lá, ajudou a transformar o time inicial de dez pessoas que hoje conta com mais de 250 colaboradores. A empresa se fundiu ao grupo S4 Capital, holding de publicidade digital fundada por Sir Martin Sorrell, passando a se chamar Rocky.Monks por um tempo, até a unificação das marcas Media.Monks no Brasil, quando assumiu como Manager Director em Sorocaba.

Você se lembra do que a comunidade do marketing digital e da publicidade estava falando em 2019? Antes do mundo virar de cabeça para baixo, o tema da vez era omnichannel. Então chegou 2020 e mudou todos os planos. Como pensar em multicanalidade quando os consumidores só teriam acesso digital, de qualquer forma?

Faz sentido que o assunto tenha sido suspenso, mas isso não quer dizer que o conceito não tenha evoluído enquanto nós estivemos focados inteiramente no online. Na verdade, pensar em omnichannel, hoje, traz uma conotação diferente e até mais impactante do que antes.

O problema é que as conversas foram resumidas de onde pararam. Por isso, estamos entrando novamente em 2019. São quase três anos de atraso, o que, nesta área, é uma eternidade.

O que quero dizer é que vivemos um momento inédito, após uma transformação digital intensa em inúmeras empresas. Observamos a mudança do comportamento do público e o crescimento acentuado do e-commerce. Muitos empreendedores e profissionais acreditaram que essa seria uma tendência permanente, mesmo depois da pandemia.

Só esqueceram que, no fim das contas, quem decide onde comprar é apenas o consumidor. E que a mudança no comportamento poderia se desdobrar de outras maneiras.

Veja: desde abril de 2021, as vendas online vem decaindo, indo contra a teoria de que o e-commerce seguiria com a mesma força. Ao mesmo tempo, as vendas em lojas físicas estão aumentando novamente. Porém, com um detalhe: o fluxo de clientes nessas lojas está menor.

O que aconteceu? Menos pessoas estão visitando os comércios, mas as taxas de conversão subiram. Do lado digital, temos ainda muitas pessoas visitando os sites, mas com menos conversão.

A resposta é clara: o virtual se tornou a vitrine.

De certa forma, todo mundo estava um pouco certo e um pouco errado. O consumidor queria voltar a comprar em pontos físicos, sim, quando passasse a se sentir seguro para isso. O consumidor também se adaptou às facilidades do e-commerce e aprecia a praticidade do online. Por que, então, ele não aproveitaria todos os benefícios?

Aí está a atitude omnichannel da qual falávamos lá atrás. Se você quer um exemplo, recomendo que entre no Google Trends e procure pelo termo “próximo a mim”. O Google mostrará um gráfico com a quantidade de vezes que esse termo vem sendo buscado, e é fácil perceber que há uma constante e muitos picos. Ou seja: o público procura, na internet, opções que ele poderá visitar pessoalmente em seguida.

Esse é o resumo de como o comportamento do cliente funciona no momento, mas é importante ressaltar outro ponto. Além de entender essa conduta, é preciso que as empresas façam suas análises a partir dela.

Isso significa compreender que ser omnichannel não termina ao oferecer alternativas para o consumidor. Significa, também, ter um negócio que funcione completamente com base na multicanalidade. Inclusive ao registrar aumento ou queda de vendas, ou retornos sobre investimentos. O conjunto importa muito mais do que as frentes individuais.

Só porque o e-commerce está vendendo menos, não quer dizer que tenha algo errado. Ele apenas mudou de papel na relação com o público. Portanto, uma análise voltada apenas para as vendas online não vai mostrar tudo que a empresa precisa saber.

O mesmo vale para outras situações, como a redução do fluxo de clientes nas lojas. Se a conversão está boa, então não há um problema, e sim uma mudança.

Precisamos sair de 2019 e entender o omnichannel como ele é hoje, com uma visão ampla de dentro para fora. E é melhor fazermos isso logo. O consumidor determina o caminho, nós só precisamos reagir — rápido.