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O que os marketplaces da China podem ensinar ao e-commerce mundial?

Por: Vinicius Ribeiro

É Gerente de Marketing do Magis5, Hub de Integração e Automação para vender em marketplaces.

O comércio eletrônico no Brasil representou 5% do varejo total em 2019. Na China, esse número chegou a 30%. Isso comprova que o mercado chinês é muito mais “maduro”, sendo um diferencial competitivo para as empresas do país serem grandes players no Brasil, principalmente devido à tendência do aumento desse mercado ao longo dos próximos anos. Marketplaces asiáticos são muito conhecidos em todo o mundo, como a Shopee, de Singapura, e o AliExpress, da China.

Os chineses possuem o setor do e-commerce mais avançado, principalmente devido à pandemia do SARS, que aconteceu em 2003 no país, dando um salto nas compras e trazendo uma mudança no comportamento do consumidor. Para a maioria das empresas que tentaram penetrar neste mercado, tornou-se um grande obstáculo igualar-se ao cenário do país, devido aos diferentes métodos de pagamento e comportamento do usuário.

A China utiliza um sistema de pagamento móvel e direciona o tráfego por meio de mecanismos de pesquisa. Normalmente, o Google é a principal fonte de tráfego em boa parte do mundo. Porém, por lá, a história é outra: os chineses costumam utilizar mecanismos como Baidu, 360 Search e Sogou. Além disso, as mídias sociais desempenham um papel importante para o comércio eletrônico. E, curiosamente, as plataformas preferidas são WeChat, Weibo, QQ e Douban.

Outra diferença é a compra online por meio dos marketplaces, que chega a abranger uma fatia de 90%. Nos Estados Unidos, por exemplo, este valor é 50%. Um dos mais conhecidos da China é o Alibaba, que foi criado em 1999 e trabalha não só com o mercado B2B (entre empresas), mas também com o mercado C2C (entre pessoas físicas). Ele permite a conexão de pessoas físicas com empresas internacionais, por meio do site AliExpress e vários outros e-commerces que fazem parte do grupo, dessa forma, a penetração do marketplace não se concentra somente no mercado chinês.

Outro bastante conhecido no país é o Lightinthebox, que possui uma variedade de produtos imensa e seus principais setores são acessórios, casa e roupa. O foco principal está na venda de produtos chineses para o público internacional. O site possui tradução para português e um prazo de envio que está na média do mercado brasileiro, entre 11 e 22 dias úteis.

O Dhgate também é bastante conhecido na China e no Brasil. Segundo o site Trustpilot, 71% das pessoas que já o utilizaram acham a plataforma segura e avaliaram o site como excelente. A empresa é considerada um das líderes na comercialização de produtos de fabricação chinesa por atacado, e seu principal objetivo é conectar compradores internacionais com vendedores do mercado local chinês.

Além desses, existem outros que são muito populares, como o Taobao, o maior site de comércio eletrônico do mundo e o sétimo site mais visitado; o Pinduoduo, que é basicamente uma plataforma de compras em grupo; e o Jd.com, uma das maiores varejistas chinesas com mais de 300 milhões de clientes ativos e faturamento superior a 25 bilhões de dólares por ano.

O comércio eletrônico chinês tem muito a ensinar ao resto do mundo. Como, por exemplo, a estratégia de marketing utilizada pelas companhias de forma integrada, a partir do uso dos dados dos usuários, combinados com diversas ferramentas, que permitem oferecer “o produto certo, para a pessoa certa, no momento certo”. Outro fator importante é a utilização das redes sociais, principalmente o Tik Tok, aplicativo que ficou famoso globalmente, em que diversas marcas usam vídeos, sejam eles promocionais ou não, para realizar vendas. O WeChat, que é o “WhatsApp Chinês”, também permite a transferência de dinheiro dentro da plataforma, ou seja, o modelo de super app; o qual estamos conhecendo com Magalu, Rappi e Banco Inter, já é bastante comum no território asiático como um todo.

Os chineses estão tornando o mercado de comércio eletrônico cada vez mais competitivo e com menores custos, o que é muito positivo. E não somente para os consumidores, mas também para os vendedores — que podem utilizar essas plataformas para comercializar os seus produtos. Com tudo isso, percebemos que os e-commerces chineses atuam e se diferenciam, principalmente, a partir de alguns pontos. Como, por exemplo, a integração tecnológica; o marketing personalizado por meio de dados; redes sociais; logística; excelentes ofertas e parcerias estratégicas com influenciadores digitais. Esses são, sem dúvida, os principais pontos de destaque e que devem ser levados em consideração. Podem, inclusive, ser pensados e estudados como benchmark para o e-commerce não só do Brasil, mas de diversos outros países.