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O Open Banking na prática pode facilitar a vida do empreendedor

Por: David Mourão

CEO e cofundador do Linker. Passou 6 anos em Nova Iorque como PM no Itau Asset Management and Vinci Partners. Possui MBA em finanças pela Duke Fuqua School of Business.

O Open Banking está chegando e, ao contrário do Pix, que vem sendo bastante debatido e alvo de inúmeras campanhas publicitárias, essa revolução no sistema bancário não parece estar tão clara para as pessoas de fora do mercado financeiro. Trabalho com uma conta digital para pessoas jurídicas, predominantemente pequenas e médias empresas. Por isso, acompanho de perto as dificuldades que os empreendedores passam, e posso falar com convicção: o Open Banking trará impactos muito positivos para todos.

Conceitualmente, o novo sistema propõe que seus dados comportamentais de consumo e financeiros sejam facilmente obtidos e analisados por qualquer instituição participante — desde que você autorize. Imagine: o segredo mais bem guardado pelos bancos é o perfil dos seus clientes mais lucrativos. Aqueles que têm sobras de dinheiro para aplicar, possuem bom score de crédito, os que pagam as contas em dia e recorrem aos outros produtos financeiros como solução de pagamentos, entre outros. Quando estas informações se tornarem públicas, mediante expressa solicitação do cliente, a concorrência poderá oferecer empréstimos mais baratos, dias sem juros no cheque especial, cartões de crédito sem anuidade ou investimentos mais rentáveis. Ou tudo isso junto, sem tarifas e com um programa de benefícios irresistível.

Para empreendedores, estes recursos vão facilitar muito alguns processos. A conciliação bancária, por exemplo, é uma comparação feita entre os registros contábeis de uma empresa em relação às suas contas bancárias e as modificações feitas à essas contas pelo próprio banco. É um processo necessário para as empresas realizarem, mas que pode ser excessivamente longo e tedioso. Ter uma conta conectada, onde seus dados são automaticamente compartilhados, garante melhor organização e controle financeiro. Consequentemente, reduz drasticamente a burocracia de múltiplos cadastros, além de dar uma visão geral de todas as operações e relacionamentos financeiros. Ou seja, garante mais transparência e até redução de custos em alguns casos, otimizando a gestão do negócio de uma maneira mais ampla

Diminuir a assimetria de informações entre as instituições e aumentar a concorrência é uma necessidade para melhorar a eficiência do mercado e trazer mais participantes. Até agora, todo cliente tinha de ter uma conta corrente em uma agência bancária — os cinco grandes e o BNDES respondem por 78,4% de todos os depósitos bancários. Com o open banking, essa necessidade deixa de existir. E, em vez de pagar tarifas para ter uma conta, ter que ir à uma agência e um cartão de débito no bolso, o cliente poderá resolver sua vida financeira com o seu celular por meio de um aplicativo desenvolvido por uma fintech ou banco digital.

O fluxo livre de informações permitirá o lançamento de produtos especializados e assertivos para cada demanda financeira específica. Além disso, irá facilitar até a integração de outras soluções — inclusive não-financeiras — entre fintechs, empresas, bancos, cooperativas e startups. As possibilidades são infinitas. Trazer inovações de forma simples e funcional para o seu público é um dos propósitos do empreendedor. E, se o empreendedor tem sucesso, a cadeia econômica inteira se beneficia, gerando empregos, fomentando indústrias e atraindo investimentos para o país. Os impactos serão profundos e os maiores beneficiados devem ser os interesses reais dos consumidores.