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O mundo nunca mais será o mesmo. E o seu negócio?

Por: Igor Brito

CEO da Vitrine Outlet e sócio na ConverSEO. Formado em administração de empresas pela Universidade Federal da Bahia.

A pandemia do Covid-19 pegou todo o planeta de surpresa. Nos últimos meses, vimos grandes transformações sociais acontecendo nos principais países atingidos. Com objetivo de salvar vidas, empregos, empresas e a sociedade como a conhecemos, governantes tiveram que tomar medidas drásticas de contenção do vírus e apoio a pessoas e empresas.

As previsões são bastante incisivas ao descrever as consequências econômicas da pandemia. Milhões de novos desempregados em todo o mundo, receitas em queda e setores penando para se manterem de pé. Se em nós humanos, o novo coronavírus afeta principalmente o sistema respiratório, nas empresas não é diferente. Muitas empresas estão sentindo na pele o sufocamento que ele causa, depois dos decretos de fechamento do comércio e isolamento social. Ainda não sabemos quando e como isso tudo acabará, mas uma coisa é certa: O mundo não será o mesmo depois dessa pandemia.

Mercados de nicho

E o seu negócio, sobreviverá à essa crise? E saindo dela, como se manterá na nova realidade que se apresentará?
Certamente um setor que sairá mais forte do que entrou dessa crise é o digital. Isso não quer dizer que o setor sairá ileso desse turbilhão de fatos inéditos e inesperados. Mas, sem dúvida, será beneficiado com um mercado consumidor ainda maior do que o que existia antes do Covid-19. Isso porque, com as medidas de isolamento social e fechamento do comércio, a busca pelo comércio eletrônico aumentou de forma exponencial, principalmente em nichos como:

  • supermercado online;
  • equipamentos para home office;
  • farmácias;
  • equipamentos de ginástica;
  • delivery de alimentos, entre outros.

Para muitos consumidores foi uma primeira experiência no mundo das compras online, mas sem dúvidas um caminho sem volta. Mesmo depois do fim das medidas de isolamento social e reabertura do comércio, o comportamento do consumidor tende a ser mais precavido, visto que o contágio pela Covid-19 ainda poderá ocorrer.

Menos contato

Nessas condições, a expectativa é que os consumidores deem preferência por compras sem contato e, consequentemente, à distância. As opções de compra pela internet e retirada em loja deverão ganhar espaço e tecnologias de pagamento “contactless” devem ganhar um grande impulso, como é o caso da tecnologia de QR Codes amplamente usada em países como a China. Isso por si só já é capaz de promover uma imensa revolução nesse setor, mas há muito espaço para se revolucionar a forma como as coisas são feitas atualmente.

Algumas funções dentro das empresas tendem a se modificarem radicalmente. É o que se enxerga, por exemplo, para o cargo de vendedor de loja. Não haverá espaço para o profissional limitado que apenas espera o cliente vir à loja e realizar a compra. Este novo perfil de vendedor terá que conhecer muito bem o perfil dos seus clientes, o que eles compram, quais suas preferências, frequência de compras, etc. Isso permitirá um nível melhor de serviço e uma maior recorrência nas compras. Não significa apenas mais dinheiro em caixa, mas sobreviver frente à concorrência.

Relacionamento com o cliente

As empresas deverão olhar com mais atenção para áreas dedicadas a análise de dados e comportamento do mercado consumidor. Conhecer seu público possibilita a criação de produtos mais assertivos e aumenta os lucros. Falar a língua dele garante que a mensagem será repassada sem ruídos e que a imagem da empresa será compreendida perfeitamente. A venda precisará ser vista como parte de um processo maior de relacionamento com os clientes, não como o único objetivo.

Os canais de comunicação precisarão ser atualizados. É preciso estar onde o seu cliente está: redes sociais, chat, telefone. Sempre permitindo que ele escolha o caminho mais curto até você. A distância agora é medida em quantidade de cliques. Sairão na frente as empresas que estiverem mais acessíveis e que conseguirem se comunicar na linguagem de cana canal.

O relacionamento com os colaboradores deve ser aperfeiçoado para, na medida do possível, atender às necessidades específicas de cada um. As empresas devem reavaliar a necessidade do trabalho presencial e colocar em prática alternativas de trabalho home office, teleconferências, etc. Evitar aglomerações é essencial para diminuir o risco de contágio.

Digitalização forçada

As empresas precisam entender que vivemos em um mundo digitalizado, agora mais do que nunca. Optar por se manter distante dessa realidade pode ser a pior decisão a se tomar. O mundo antecipou nos últimos meses um processo de digitalização que talvez demorasse 5 anos para se efetivar. A crise exigiu mudanças imediatas e enérgicas para a solução de problemas que até então eram inimagináveis.

Enfim, é preciso repensar posicionamentos, caminhos e valores. A crise pode ser vista como uma mazela ou uma oportunidade. É hora de usar a criatividade, buscar ouvir a todos que estão à sua volta. Afinal, a soma das experiências de cada um trará as soluções para os mais variados problemas. Já dizia Albert Einstein em um discurso sobre crises: “A verdadeira crise é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a dificuldade para encontrar as saídas e as soluções. Sem crises não há desafios, sem desafios a vida é uma rotina, uma lenta agonia”.

Sem dúvidas, as empresas que sobreviverem a esse turbilhão sairão arranhadas, mas muito mais preparadas para as adversidades que aparecerão no futuro.