Semana passada recebi algumas observações relacionadas à imagem do meu blog e meu jeito informal de expressão: “Lígia, este texto não está nada sério… apesar de falar de coisas interessantes, precisa ser mais formalzinho… e a imagem está colorida demais, nem parece uma empresa”.
Então, apesar de agradecer MUITO pela crítica, sim, porque acredito que quem nos critica nos quer bem, esclareci: a intenção é realmente esta! Não quero ser formal, não gosto de ser formal. Se eu tentar ser assim, estrago tudo, pois não serei euzinha. Nada contra quem é, mas não é a minha cara.
Quero poder falar de coisas interessantes sem que para isso tenha que vestir uma carapuça que não é minha. Não preciso fazer o tipo moça séria para alguém ler o que escrevo ou me contratar para ajudá-lo em seus negócios. E é justamente nesta tecla que mais vou bater: transparência.
Sejam transparentes com seus clientes! Não tentem passar uma imagem do que vocês não são. Não adianta a sua loja ser o exemplo da última geração de softwares para comércio eletrônico se o seu operacional ainda faz nota fiscal na mão. Se você falhar (e você vai falhar por pertencer à raça humana), eles percebem rapidinho e daí ba-bau. Toda aquela pose vai por água abaixo e seu trabalho também. Coerência, queridos! Nada é mais gostoso do que trabalhar à vontade, sem se preocupar em agradar todo mundo. Mas para isso você precisa escolher um público que combine com você. Se eu tivesse inventado uma empresa para dar cursos de etiqueta, estava frita! Mas o meu público é até mais biruta do que eu (no bom sentido).
Aprendi isso no BuscaPé. Lembro do meu primeiro dia de trabalho, quando fui apresentada à equipe e diferente da maioria das empresas em que havia trabalhado, um dos donos se sentava ao nosso lado na bancada. Para que ficar longe da equipe, numa sala só para ele, se ele tinha que estar o tempo todo ali para ajudá-los? No meu setor, um deles era o Mario Letelier. Uma figura! A mesa dele era a mais bagunçada de todas, mas na bagunça ele não estava sozinho, ali todos tinham o monitor cercado de pinduricalhos dos mais diversos. E ele não estava nem um pouco preocupado… afinal independente daquilo, era o melhor no que se dispôs a fazer e os números da empresa provavam tudo. Era um local que permitia as pessoas pensarem e se expressarem do jeito delas. Ninguém precisava fazer um personagem, todos eram aceitos cada um com seu jeitinho todo particular, do cabelo vermelho ao uso de meia de dedinhos com chinelo ou o sóbrio terninho…
E de lá para cá, minha passagem pelo e-commerce tem constatado que a maioria das empresas neste ramo se comportam desta forma. E eu acredito que grande parte do sucesso destas empresas vem deste tipo de cultura. Não necessariamente aquela que prega “o fora do comum”. Mas a cultura da diversidade e do respeito às diferenças e liberdade de criação. Quer melhor exemplo que o Google?
Outro dia, quando ainda trabalhava na Netshoes, ouvi que numa empresa dos Estados Unidos (não lembro o nome agora, mas é o maior vendedor virtual de calçados do mundo), os funcionários vão trabalhar de jeans e tênis durante a semana toda e às sextas-feiras fazem um desfile de ternos…rs Achei o máximo!
O que quero dizer contando estas histórias é que a falta de transparência no trato com os clientes internos e externos pode ajudar a quebrar uma empresa, vejam bem, eu disse apenas “ajudar”. E outra: transparência não é só fazer graça liberando o vestuário ou a tal “bagunça organizada” no escritório, é muito mais do que isso. É repartir com a equipe e com os clientes as decisões da empresa. É assumir os erros e sair daquela posição de que a empresa é infalível. É se lembrar do aniversário do seu cliente porque ele virou seu amigo e não porque você só quer que ele compre mais. É responder um e-mail com um abraço e não apenas com o clichê “atenciosamente”.
Fala-se tanto de relacionamento hoje em dia… as empresas possuem centrais de relacionamento com o cliente, mas ainda não acordaram para o fato de que isso implica numa troca. Não é só um nome bonito. Relacionamento serve pra gente evoluir junto, trocar experiências, dúvidas, conquistas… e o que vejo nem sempre é isso. Se uma empresa deseja ter um relacionamento comigo, no mínimo deve me respeitar e um sujeito que eu nem conheço, que me liga num Domingo, para vender assinatura de não sei o quê, definitivamente não me respeita. E aquele pop-up chato toda vez que abro o site, então?
Se eu ligo para uma empresa e o atendente não sabe repetir outra coisa senão “sim senhora, vou passar o caso para o depto. responsável e em X dias úteis teremos uma solução, por favor anote o protocolo tal…” eu pergunto: Caramba, pra que você está aí então?
Os clientes não querem saber se você usa terno Armani ou não fala palavrão, eles querem que você resolva o problema deles. Simples. E olha que legal: eles te pagam para isso! Eles querem que você tenha vários canais de comunicação disponíveis: chat, telefone, blog, site, sinal de fumaça, mímica, enfim… e agora vai uma opinião pessoal, que pode ser até equivocada, me perdoem, mas fica até brega você ter um site cheio daqueles bla-bla-blás corporativos e no blog ser todo moderninho… daí vale ser coerente. Ache um meio termo, se for possível.
Resumo da ópera: concentre-se em resolver o problema do seu cliente e se você conseguir fazer isso, ele não vai se importar com a forma que você descobriu para alcançar este objetivo. Tanto faz se você o atendeu de madrugada, de pijama, pelo chat da sua loja. Importa que você o atendeu.