O último Webshoppers fez um mapeamento do quadro profissional do e-commerce. De certa forma não foi muito positivo aos empresários, não por causa dos resultados em vendas, o faturamento ascendeu aos R$ 8,4 bilhões, crescimento de 24% sobre o mesmo período de 2010, mas o estudo concluiu que há uma escassez de profissionais para suprir a crescente – e atual –demanda do setor, que até 2014 deve criar cerca de 95 mil empregos, diretos e indiretos.
A falta de mão de obra ainda traz outro problema. Ela elevou a faixa salarial do e-commerce a patamares que assombram empresários de vários portes. Uma boa parcela dos contratados ganha de R$ 3 mil a R$ 5 mil. Valor ainda pequeno se comparado aos mais de R$ 12 mil que 8% dos profissionais de comércio eletrônico recebem.
Achar profissionais preparados para gerenciar o comando da empresa virtual é um desafio relevante, que fica cada vez mais claro para empresas que resolvem ingressar no mundo das vendas on-line. Maurício Salvador, sócio-diretor da unidade de e-commerce da consultoria em varejo GS&MD e proprietário da E-commerce School, empresa que ajudou a e-bit captar dados para a realização do 24º Relatório Webshoppers, observa que existe uma carência latente de profissionais acima do nível mediano (a maioria se aproxima da baixa qualificação).
Segundo Salvador, existem algumas técnicas já utilizadas e que podem ajudar na hora de encontrar um profissional para reforçar a equipe de e-commerce. Uma delas é pedir a indicação de funcionários, amigos e parentes. Foi por meio desta abordagem ‘mais íntima’ que 64% dos empresários entrevistados para o estudo fizeram as contratações mais recentes. As redes sociais, como LinkedIn e Twitter, também serviram como plataformas de contratação para 11% dos participantes da pesquisa.
Rotatividade fantasma
A rotatividade é outro fantasma com o qual os empresários são obrigados a conviver. Por conta da escassez de mão de obra, os proprietários de lojas virtuais veem seus funcionários assediados por empresas concorrentes que precisam de pessoal para ocupar os cargos de níveis mais altos. “Eles também são forçados a treinar internamente os profissionais de áreas como marketing, vendas e tecnologia”, afirma Salvador. Apesar de ser uma boa conduta, nada impede que esse investimento em capacitação escoe ralo abaixo, com a agressividade (financeira) das maiores empresas do mercado.
Baixa do mercado
O e-commerce é um mercado relativamente jovem. Talvez essa seja a melhor explicação para a ausência de pessoal qualificado, porém, não é a única. A quantidade de atributos necessários para as execuções das tarefas diárias complica o processo de graduação profissional, que ganha peso com cursos específicos. Por exemplo, gerentes do comércio eletrônico precisam acumular conhecimento.
Gerenciar uma loja virtual exige visão geral de áreas peculiares como marketing, expedição, logística, finanças, conhecimento de redes sociais. Essas são algumas das características listadas Maurício Salvador. “Logística, expedição e finanças são três aspectos muito importantes. Se o cliente faz uma compra que não chega no prazo, a loja irá receber um índice alto de reclamação. Conhecer a área de finanças é primordial para manter a característica de preços competitivos do e-commerce. O gerente precisa de visão para trabalhar com prazos, parcelamentos e margens para descontos.”
A dificuldade em entender o processo de logística leva as principais empresas de e-commerce a terceirizar o serviço. O que nem sempre é vantajoso para o desenvolvimento profissional do gerente da loja. Salvador explica que a empresa que preferir essa opção deve manter os funcionários envolvidos com o procedimento. “O profissional que não se envolver no processo não irá adquirir uma curva de conhecimento”, diz ele.
A opinião é ainda partilhada pelo diretor comercial da JET Tecnologia, Guilherme Lunardi. “No mercado existem muitas empresas confiáveis, a quem o empresário pode delegar a responsabilidade das entregas. Mas o processo de logística é complexo e tem pormenores que a loja deve entender. É importante que fique claro para a empresa que o conhecimento dá o embasamento necessário para cobrar a qualidade do serviço”, finaliza.