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O comércio online brasileiro vai duplicar nos próximos 5 anos

Por: Gustavo Fonteles

Gustavo Fonteles é formado em Publicidade e Propaganda e trabalha como especialista em e-commerce e Marketing Digital. Atualmente é um dos responsáveis pelo conteúdo do site Picodi Brazil, um dos 12 portais online pertencentes à empresa polonesa International Coupons.

A facilidade do acesso à internet e o interesse dos investidores são os principais fatores que influenciam no crescimento repentino do comércio online brasileiro. Não é de se admirar que o Brasil esteja em primeiro lugar no ranking de compras online da América Latina, pois o e-commerce do país do futebol gera um faturamento que alcança a marca de 3 vezes os lucros gerados pelas transações online na Argentina, ou no México e, ao que tudo indica, este faturamento vai duplicar nos próximos 5 anos.

Logo após a virada do milênio, o Brasil se encontrava em uma posição tímida quando se falava de compras via internet. Em todo o território nacional haviam apenas 5 milhões de internautas e as empresas que planejavam investir neste mercado, apostavam na América do Norte e Europa.

Já nos dias de hoje, este número de internautas se encontra bem maior, já são mais de 100 milhões e, no próximo ano, os brasileiros serão muito provavelmente o quarto maior grupo de internautas de todo o globo, ultrapassando o Japão.

Já era de se esperar que os maiores círculos empresariais percebessem o potencial inexplorado do mercado online brasileiro e que começassem a apostar suas fichas nessa ilha do tesouro. Se espera que ainda em 2014, o e-commerce nacional passe por uma turbulência devido à entrada do grupo Walmart no párea.

O Walmart é hoje tido como a maior multinacional do globo e tudo indica que esse gigante americano tem planos de movimentar mais de 1 milhão de produtos no mercado online brasileiro até o fim deste ano. Porém, a empreitada neste novo mercado não será fácil, pois, no Brasil, já funcionam a empresa americana eBay e o Alibaba, maior loja online chinesa.

As maiores corporações já compreendiam o quão grande é o potencial do Brasil pois, em 2013, o valor inteiro do e-commerce nacional não passava de 15 bilhões de dólares e, segundo prognósticos da Forrester, renomada empresa especializada na análise de perspectivas no mercado, este valor crescerá até atingir a marca de 35 bilhões de dólares em apenas 5 anos. Mesmo sendo 20 vezes menor que o valor estipulado do mercado americano, pode-se ver claramente que o Brasil é uma aposta ótima para um futuro próximo.

“Quando observamos o mercado brasileiro, percebemos que não há somente um crescimento nas compras, mas também no PIB. Vários números analisados mostram que há uma migração de grande parte do povo brasileiro da condição de classe desfavorecida para classe média, ou seja, crescimento do número de potenciais compradores e estes números continuam crescendo de forma significativa”, diz o fundador da marca Dafiti, rede de lojas com centros de distribuição espalhados em toda a América do Sul.

Onde e o que compram

Tudo indica que o produto mais popular nas compras online brasileiras, e em vários outros países, é roupa (19% das vendas). O segundo lugar da lista está ocupado por medicamentos e cosméticos (18% das vendas).

Diz-se que a Copa do Mundo exerceu uma grande influência nas vendas online brasileiras pois, segundo dados levantados pela eBit 10% das compras online efetuadas no Brasil durante o período da copa e nos meses anteriores, foram influenciadas diretamente pelo evento. A pesquisa também revelou que a porcentagem referente à venda de livros ficou em 9% seguida de apenas 7% dos eletrônicos.

Para os que querem iniciar suas atividades no e-commerce brasileiro é importante que se tenha em mente não apenas “o que compram”, mas também “como compram”. Uma das tendências mais crescentes é a popularização dos smartphones e tablets, pois só em 2013 a venda destes produtos cresceu mais de 100%.

Outra particularidade sobre os hábitos de venda dos compradores brasileiros é que os mesmos costumam visitar lojas físicas buscando por smartfones e tablets para, logo após encontrar preços bons, voltarem à suas casas e comprar o mesmo produto via internet. Ainda falando sobre “como compram” é importante saber sobre atenção que o público dá às compras que podem ser feitas a prazo. Compras a prazo são populares no mundo inteiro, mas, no Brasil, tal prática tornou-se rotina pois 81% de toda a população vê a compra a prazo como melhor forma de pagamento.

As estatísticas que mostram as atividades dos compradores online crescem junto com os indicadores de densidade demográfica. O Centro-Oeste juntamente com São Paulo e Rio de Janeiro geram sozinhos 63% de todas as transações via internet seguidos pelo Sul com Porto Alegre e Curitiba que pontuam 20% nas estatísticas. Já a região Nordeste contribui com apenas 8.4% de todo o e-commerce nacional.

Tendo em vista estes números podemos concluir que além da concentração populacional, outros fatores como localização dos centros logísticos, influi fortemente no número de compras por região. Como a maioria dos centros de distribuição está localizada no Centro-Oeste, já era de se esperar que as localidades do entorno tivessem um serviço de entrega mais rápido, barato e efetivo, o que contribui para o aumento do volume de transações online nas proximidades.

Quando se fala em internet, é melhor que se tenha sempre um pé atrás

Apesar do cidadão brasileiro poder bater no peito orgulhoso dos lucros recentes, é bom pensar muito bem antes de começar uma carreira no mercado online pois há um fator retardante que vai contra o desenvolvimento do e-commerce e TI brasileiro, este fator é a desigualdade econômica.

Projetos inovadores como “Start Ups” aceleram o desenvolvimento do mercado online e dão a chance para que pessoas sem muito capital inicial possam começar seus próprios negócios e, através dessas novas empresas, alcancem lucros expressivos, mas devemos sempre manter os pés no chão.

Segundo uma análise realizada pela Forbes, revista quinzenal americana que fala sobre economia e negócios, de 46 bilionários brasileiros, somente o co-proprietário do Facebook, Eduardo Saverin, alcançou sua fortuna através do e-commerce.

Outra peculiaridade que merece atenção é que um terço destes bilionários simplesmente herdou a fortuna de seus pais, sem falar que a configuração da sociedade brasileira não proporciona uma atmosfera muito propícia para o desenvolvimento da atividade de compra via internet, portanto, deve-se sempre manter os pés no chão quando se fala em fazer dinheiro através do comércio online. Tornar-se o próximo bilionário brasileiro através do e-commerce pode ser bastante desafiador.

Mas, como já estamos carecas de saber, o brasileiro é teimoso, determinado e “não desiste nunca!”. O mercado online está aí com muitas promessas, ótimas expectativas, e os otimistas que apostam nesse novo mercado não param de aparecer.

O fato de um terço das empresas que trabalham com e-commerce terem sido criadas nos últimos 3 anos também é outro fator que serve como fonte de esperança e inspiração para os novos empreendedores e já há quem diga que o próximo Steve Jobs já nasceu é brasileiro e só está esperando o momento certo para começar a revolucionar o mercado de compras online nas terras tupiniquins.