Por André Ghion, Vice Presidente de União Estratégica do Buscapé Company e CEO do Brandsclub
Muito se fala da explosão do comércio eletrônico no Brasil. Segundo o relatório WebShoppers nº 26, da consultoria e-bit, o mercado de e-commerce no país atingiu a cifra de R$ 10,2 bilhões de faturamento apenas no primeiro semestre de 2012, um crescimento de 21% em relação ao mesmo período no ano de 2011. Junto com essa expansão, vem ocorrendo um fenômeno já visto nos mercados norte-americano e europeu: o aparecimento de lojas cada vez mais especializadas concorrendo com os grandes varejistas.
Essa maior especialização, combinada com a popularização das tecnologias de e-commerce, possibilitou a entrada de pequenas e médias empresas no mundo online com dois caminhos bastante definidos – como fornecedor ou desenvolvendo as atividades de e-commerce na própria empresa. No entanto, vem surgindo como tendência a utilização de um terceiro caminho, intermediário entre esses dois: o fullcommerce.
O fullcommerce é a parceria entre o lojista e um prestador de serviços especializado, que desenvolve a plataforma tecnológica de comércio eletrônico, controla a logística de armazenamento e entrega dos produtos, trata das questões de pagamento e do pós-venda, SAC e trocas. Esse tipo de contrato pode consistir na cobrança de comissões por venda ou na definição de uma parcela da margem indo para o prestador, além de uma taxa de instalação do site.
Em relação ao modelo de vendas apenas como fornecedor, o fullcommerce apresenta duas principais vantagens. Primeiro, é uma forma de a marca do lojista estar presente diretamente no comércio eletrônico, podendo aumentar suas vendas e estando em contato com o consumidor sem intermediários. Em segundo lugar, é uma forma encontrada para que a pequena ou a média empresa tenha independência dos grandes varejistas ou multimarcas, que possa controlar os seus preços e expandir sua atuação geográfica tomando suas próprias decisões estratégicas. Assim, a empresa não fica à mercê da troca de fornecedores e da qualidade variável dos serviços dos varejistas ou multimarcas.
Frente à opção pelo desenvolvimento de e-commerce interno, o modelo de negócios de fullcommerce traz alguns benefícios. O primeiro é o custo, uma vez que toda a despesa de manter um centro de distribuição, SAC e infraestrutura tecnológica é do parceiro comercial. Além disso, esse modelo de operação possibilita que a pequena e média empresa atue no comércio eletrônico sem causar grandes impactos em sua folha de pagamentos, uma vez que normalmente apenas um funcionário já é suficiente para atuar na ponte entre a empresa e o operador de comércio eletrônico. Um último ponto de atenção é o know-how nas áreas críticas que o operador de fullcommerce já apresenta. Com o mercado bastante aquecido, é cada vez mais difícil e cara a contratação de profissionais com experiência comprovada nos diversos campos do comércio eletrônico, como tecnologia, publicidade online, logística e atendimento.
Entretanto, alguns cuidados são necessários para a escolha do operador de fullcommerce. É importante que o empresário conheça a estrutura desse operador, se possível visitando as instalações de armazenamento e pesquisando sobre o background dos profissionais que tocam a operação. É desejável também que o lojista busque a referência no mercado sobre a qualidade da atuação do prestador de serviços. Por último, é importante que a pequena e média empresa mantenha acompanhamento próximo ao parceiro de fullcommerce, uma vez que qualquer falha operacional será vista pelo cliente como um erro da própria marca.
Assim, seja qual for o tamanho da sua empresa, existe um espaço no comércio eletrônico para ela. O importante é escolher uma forma de operação compatível com o porte, os cofres e, sobretudo, as ambições da organização dentro do mercado de Internet. Boas vendas!
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