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O propósito do Bitcoin e o novo contexto de comercialização online

Por: Diego Fernando Vieira

Graduado em Logística pela Universidade de Sorocaba (Uniso), com MBA em Gestão de Projetos. Professor e pesquisador, possui experiência em Logística e Administração de materiais, transporte nacional e internacional (Exportação). Empreendedor e Investidor. Escreve sobre logística e tecnologia.

De forma introdutória, o Bitcoin é um dinheiro eletrônico que funciona de maneira totalmente descentralizada. Conforme disse seu criador misterioso Satoshi Nakamoto, é um sistema de dinheiro eletrônico p2p (sistema de ponto a ponto), onde não há uma autoridade central responsável pelo funcionamento — não existe nenhum órgão ou pessoa que fiscalize a negociação de criptomoedas. Apenas por curiosidade, a primeira transação de posse de Bitcoin ocorreu em 3 de janeiro de 2009.

Por coincidência, nessa mesma época foi anunciado um segundo resgate de dinheiro que seria feito aos bancos americanos devido à famosa crise econômica de 2008. Nessa crise a população é que teve de pagar a dívida. Na época, a decisão dos EUA em utilizar dinheiro público para salvar o sistema financeiro deixou muitos norte-americanos indignados. A gota d’água foi o resultado das investigações sobre o pessoal do alto escalão dos bancos (os banqueiros não foram punidos) levando a população às ruas para protestar em diversas cidades dos EUA.

Na prática, esses resgates são o mesmo que criar mais moedas, o que gera uma desvalorização da moeda já existente. Ou seja, toda vez que o governo cria mais dinheiro, o dinheiro existente, que você já tem, passa a valer menos.

Mas com o Bitcoin isso não existe. Afinal, ele não sofre interferência do governo. Foi criado justamente para dar uma opção de moeda às pessoas de forma que seja possível escapar desses movimentos inflacionários que ocorrem no mundo todo. A criação de dinheiro que provém da vontade dos burocratas não tem vez com criptomoedas. Isso porque se trata de uma moeda totalmente digital e descentralizada. Não é emitida por um banco central.

O que garante seu funcionamento é a rede e seus participantes. As transações ficam armazenadas no blockchain, que nada mais é que um banco de dados descentralizado.

De acordo com Friedrik Hayek (1899-1992), autor do livro Desestatização do Dinheiro (1976), “Eu não acredito que teremos um bom dinheiro de novo antes de tirá-lo das mãos do governo. Isto é, não podemos tirá-lo violentamente das mãos do governo. Tudo o que podemos fazer é por algum caminho indireto introduzir algo que eles não podem parar”.

Desobedecendo o monopólio estatal e meio que colocando em prática a teoria de Hayek, 30 anos depois surge o Bitcoin — um sistema de produção de moedas privadas que vale bilhões e que está transformando a troca de valor.

As criptomoedas como meio de pagamento

Embora o Bitcoin seja a moeda digital mais famosa e valiosa, novas criptomoedas já podem ser criadas a qualquer momento (atualmente existem milhares). Entretanto, somente cerca de 2% delas possuem características que as tornam confiáveis.

Hoje em dia dá para viver pagando praticamente tudo em Bitcoin e outras criptomoedas, de pagamento de boletos até viagens de Uber. Existem sites que recebem milhões de dólares em pagamento via moeda digital.

Para aceitar as criptomoedas como forma de pagamento em um negócio de e-commerce é fácil. Para tanto, basta ter uma carteira (wallet) que pode ser baixada rapidamente pelo celular de forma gratuita.

Algumas vantagens:

  • As criptomoedas podem ser usadas em qualquer lugar do mundo, diferente do dinheiro físico que possui limitações;
  • O custo das operações de venda, troca e compra normalmente são mais baixos;
  • O tempo de recebimento do valor é bem mais rápido que as formas tradicionais;
  • Não é necessária conta bancária ou máquina para processar uma transação. Basta apenas uma carteira (wallet) que pode ser baixada gratuitamente.

Embora no Brasil esse movimento de aceitação dos lojistas ainda seja tímido, o número de adeptos de Bitcoin vem crescendo impulsionados pelas grandes marcas mundiais.

Como exemplo posso citar a Tesla (é possível pagar pelos veículos com Bitcoin), Visa e PayPal. Nestes dois últimos exemplos, ambas aceitam criptomoedas e bitcoins como forma de pagamento.

Cada vez mais grandes empresas estão aderindo à onda das criptomoedas, não apenas como reserva de valor, mas também como forma de pagamento.

De acordo com o Criptofacil, o Bitcoin chegará a vários bancos dos EUA em 2021. Isso tornará mais fácil para pessoas e empresas comprar, vender e manter Bitcoin.

Concluindo, a transformação da troca de valor está ocorrendo em ritmo acelerado. E, como reflexo disso, vemos o surgimento de um novo contexto de comercialização de produtos online.