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O avanço dos shopping centers na direção da digitalização

Por: Ernesto Barbosa

Executivo de marketing e vendas com passagem em grandes empresas de tecnologia e de inovação como Xerox, TIM e Hyundai Elevadores. Foi um dos principais responsáveis pela análise do mercado, estruturação, marketing e início das operações da Hyundai Elevadores no Brasil. Participou do grupo de executivos que fundou e estruturou a operação da Clique Retire. Atualmente responde pelas áreas de expansão e novos negócios da empresa, sendo um dos profissionais com maior conhecimento em operações e na tecnologia dos e-Box (Smart Lockers) no Brasil.

Março de 2020 foi o mês que começava a pandemia e mudaria por completo a rotina das pessoas. O comércio, aliás, foi atingido fortemente e teve de fechar suas portas. Os shoppings, maiores centros de concentração de varejistas e lojistas, foram duramente afetados pelas novas regras definidas pelos governos e órgãos de saúde.

Sem a circulação dos consumidores, milhares de empresas ficaram à deriva. No meio da turbulência e sem saber o prazo em que as medidas ficariam em vigor, a grande maioria dos empresários e gestores do setor percebeu que estava totalmente despreparada para viabilizar o único meio possível de continuar a vender: o comércio eletrônico.

Com um cenário anterior “confortável”, onde apenas entre 5% e 10% do varejo total no Brasil acontecia nas vendas pela internet, as ações para modernizar e digitalizar as operações estavam na estratégia de longo prazo. O tempo foi passando e as diretrizes de manter a população em casa permaneceram, afastando qualquer possibilidade de volta à normalidade.

Diante do grave cenário, começaram a surgir alternativas para tentar manter as vendas: ligar, enviar mensagens por WhatsApp, publicações nas redes sociais. Teve até a criação do Drive Thru, locais específicos dentro das áreas de estacionamentos, onde as pessoas poderiam encontrar os vendedores, pagar e receber as suas encomendas. Nesse meio tempo de ações paliativas e de baixo resultado, as empresas com forte presença no digital passaram a ser a grande alternativa para os consumidores. Explodem as vendas nos marketplaces e lojas online, chegando a incríveis números de crescimento acima de dois dígitos.

O hábito e a cultura das compras online

Com o controle maior da circulação das pessoas — e, consequente, a redução de casos de contaminação —, as autoridades passaram a estabelecer horários reduzidos e regras duras de prevenção para reabertura dos shopping centers. Renova-se a esperança na retomada da normalidade. Mas, algo mudou: as pessoas passaram a criar o hábito e a cultura das compras online. Passaram a ter menos receio e perceberam os benefícios e facilidades desse meio de consumo.

Mesmo com centenas de shopping centers abertos e adotando medidas de prevenção, a volta do público não ocorreu na proporção esperada. Diante desse cenário não restam dúvidas: os shopping centers precisam entender que houve uma mudança de comportamento — e que agora precisam se adaptar ao “novo normal” e ao “novo consumidor digital”.

Marketplace dos shoppings: prazo recorde, retirada com baixo custo e sem contato

Especialistas em todo o mundo já afirmaram: quando tudo isso passar, os shoppings serão locais mais para lazer, alimentação e facilidades do que para se fazer compras. Isso não quer dizer que as pessoas deixarão de frequentar lojas. Porém, ficarão menos tempo nelas, aproveitando o conforto de comprar online e retirar seu produto. Por exemplo, utilizando armários inteligentes dispostos em locais fora dos shoppings, sem enfrentar filas para pagar e sem contato físico. Você vai pensar: “mas isso vai tirar clientes dos corredores, não é interessante”.

É aí que está o pulo do gato. As grandes incorporadoras de centros comerciais que resolveram questionar um mindset ultrapassado já começam a sentir o jogo virar, mesmo em plena segunda onda. Com uma gestão de estoque bem feita e assídua, varejistas de shoppings têm aderido aos smart lockers ou e-Boxes. Neles, “embarcam” suas mercadorias às vezes no mesmo dia do pedido do cliente. Isso, sem os valores de frete dos negócios exclusivamente digitais, que alcançaram a estratosfera durante a pandemia.

Créditos: Fernanda Vidoti

Comprar da sua loja favorita do shopping no momento em que está navegando, no conforto de sua casa ou em intervalos no trabalho; retirar com rapidez em armários inteligentes e com custo baixo; não precisar combinar hora nem local para buscar a mercadoria. Este é só um exemplo de facilidade que o consumidor quer na pandemia e continuará demandando depois. Quem está antenado vai evitar que seu shopping se transforme num grande elefante branco.