Logo E-Commerce Brasil

NRF | De logística a blockchain: o que digeri da maior feira de varejo do mundo

Por: Ângelo Vicente

CEO e Fundador da SELIA Fullcommerce Powered by Luft

Mestre em Ciências e Gestão de Tecnologia, pelo MIT Sloan School of Management (2023). Fundador da e-Cadeiras e da SELIA Fullcommerce, onde exerce o cargo de CEO atualmente. Com uma trajetória de mais de 12 anos no setor de comércio eletrônico, Ângelo é movido pela paixão em explorar o potencial de novas tecnologias, sempre com o objetivo de agregar valor significativo para seus clientes e parceiros. Além de seu papel na SELIA, ele é uma figura proeminente no cenário de E-Commerce, onde contribui ativamente para a comunidade do setor, participando como articulista, conferencista, professor e palestrante em diversas instituições de ensino e eventos. É membro do Conselho do E-Commerce Brasil e Cofundador da Escola Superior de E-commerce - ESECOM.

Depois de passar 5 dias na NRF, interagindo com empresas e conteúdos, resolvi sintetizar neste artigo um pouco do que digeri da maior feira de varejo que aconteceu nos últimos dias 16, 17 e 18, a partir de um ângulo complementar.

Logística com RFID

As soluções de logística com IOT (Internet of things) embarcadas estão crescendo expressivamente com a viabilidade do RFID. Os processos dentro do CD (picking, packing, inventário e última milha) com essas soluções integradas (SaaS que viabilizam as coletas de informação das etiquetas) são fundamentais para enriquecer a gestão de empresas com informações precisas.

Logistica Reversa

Algumas empresas que atuam com soluções de reversa nos Estados Unidos apresentam vários serviços na cadeia que vai além da coleta dos produtos de troca e devolução. Existem serviços associados ao processo de remanufaturados que envolvem desde a rastreabilidade dos itens que são retornados na Amazon até o processo de reparo e substituição de partes e peças para colocar produtos recondicionados à venda.

Tive contato com exemplos de como isso é feito com Lego, calça jeans (Levis) e até iPads. Impressionante como não existe ninguém fazendo isso como service provider no Brasil.

Rastreabilidade

Continuamos com um gap imenso de tecnologia no Brasil comparado a soluções de rastreio que existem nos Estados Unidos como a Narvar por exemplo (operam vários clientes grandes como lululemon, Asics, Sephora e Home Depot).

Existe um gap tecnológico onde as soluções, em geral, hoje disponíveis no Brasil ainda não conseguem oferecer rastreabilidade em tempo real. A Narvar se posiciona como  uma plataforma de solução pós venda e não como uma empresa que cota, contrata e concilia frete. Vai muito além quando falamos da experiência do consumidor final. Como? Ela cuida de todas as etapas de envio promovendo aumento de conversão com análises preditivas de entrega. Ela leva as informações para as lojas e também permite a consulta no seu site do status do pedido através de notificações multichannel e principalmente status de troca e devolução inclusive de produtos cross border – esse última aqui eu vivi um caso prático ao comprar um produto lululemon no Brasil. É impressionante a integração das informações deles.

Startups

Tinha um corner de Israel com umas 10 startups na feira. Passei pela maioria delas para entender a maturidade e o que faziam, algumas com clientes operando no Brasil. Talvez nesta edição da feira, o Brasil tenha sido um dos maiores contingentes de visitantes. Fica uma mensagem aqui para as delegações refletirem para os próximos anos, porque não trazer startups brasileiras para os Estados Unidos, tem uma pancada de gente com a visão de atender 7,6 bilhões de pessoas ao invés de 200 milhões de brasileiros. Para isso, os Estados Unidos podem ser um grande diferencial de ancoragem para soluções globais.

Blockchain

Estou em pleno estudo e ainda com muitas dúvidas nas aplicações de curto prazo por conta da democratização dos dados nas integrações que são necessárias para escalar soluções em blockchain. Me parece inviável, nos próximos 2 anos, termos algum nó de blockchain que possa governar as integrações de diferentes provedores no ciclo do pedido do e-commerce – aquisição do cliente, processamento da transação, operação logística e customer service.

Não tenho dúvidas que esse conjunto de tecnologias [blockchain] é o futuro do mundo e que as relações de trabalho irão empoderar a tecnologia e não o inverso. As empresas que sobressaírem aqui serão os novos alpinistas globais.

Criptomoeda

“Too Big To Fail” é um filme que retrata a crise de 2008 sobre as instituições financeiras que tem um paralelo interessante com cripto. O mercado de criptomoeda em 2021 foi de US$ 1.6 bilhões, segundo a Marketsandmarkets.com e deve crescer mais de 7% CAGR nos próximos 5 anos. Hoje esse mercado vale mais de US$ 3 trilhões mundialmente segundo a Times.

A reflexão do “Too Big To Fail” poderia ser melhorada para: “Huge To Not Be Adopted”. As transações via Defi e NFTs não intermediam os processos convencionais dos adquirentes e bancos, na teoria, são muito mais seguros através das chaves e ainda evitam excessivas cargas tributárias. Talvez o mundo esteja buscando formas de contornar o arrocho fiscal de algumas instituições políticas através da tecnologia.

DNVBs

A grande maioria das marcas que estão crescendo exponencialmente ao redor do mundo estão cada vez menos dependendo dos fluxos convencionais de awareness (aquisições de clientes no topo do funil).  Agora, o lance é ter vários influencers que atingem massas com conteúdos mais direcionados. As empresas de mídia que antes atiravam de metralhadora estão sofrendo com os influencers que se tornaram snippers. É impressionante como os conteúdos peer to peer estão ganhando relevância no consumo através do social commerce.

Nos Estados Unidos, o Tom Brady lançou sua marca Brady Brand com 10 milhões de seguidores no instagram. No Brasil, tem várias marcas surgindo ao redor desse potencial de aquisição no setor de cosméticos e alimentos. O pool de recorrência está nas redes sociais. Tem tantos exemplos aqui (Live Up, Desinchá, etc).