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No universo dos negócios, mudar é uma constante

Por: Felipe Félix

CEO do will bank desde 2020, foi co-fundador do produto Pag!, exerceu as funções de Diretor Geral do Pag S.A. Meios de Pagamentos e de Diretor Financeiro, responsável pelas áreas de tesouraria, controladoria, planejamento financeiro, gestão de riscos e jurídico, na empresa Pag SA e na Avista SA. Também trabalhou no Banco Original S.A na área de Gestão de Riscos e Gestão de Capital, sendo responsável pela Gestão de Liquidez, ALM (Asset and Liability Management) e Gestão de Capital (carteira banking e trading). Ainda no Original participou do processo de aquisição do Banco Matone e da implantação do projeto de banco digital. É formado em Engenharia Naval pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e possui mestrado com honras em Economia e Finanças pela FGV-SP.

Parte da nossa história foi escrita por uma sociedade determinada a não mudar nada, ou só mudar o suficiente para não perder o controle. Mas ao mergulhar no desconhecido, causado por uma pandemia, vemos a capacidade de adaptação de empresas, governos e cidadãos. Se é verdade que a história se repete, como podemos contribuir para que a transformação seja efetiva e não apenas um aprendizado em frustrações?

Aqui, um olhar para o passado é essencial. Epidemias e pandemias exigem uma adequação de contexto social e econômico, podendo gerar impactos permanentes. Um exemplo disso foi a peste bubônica, no século 14. Ela não só levou a Europa Ocidental a desenvolver uma economia mais moderna e comercializada, como também impulsionou o uso do dinheiro.

Em 2020, os números são os contadores de histórias. Na virada de março para abril, quando o lockdown foi iniciado no Brasil, tivemos um salto na realização de transações online. Durante o pico da quarentena, em maio, houve um aumento de nove pontos percentuais no número de clientes utilizando esse modelo de pagamento em cidades grandes (maiores de 500 mil habitantes). Já em cidades pequenas, com até 100 mil habitantes, foi de 13%. Ambas as análises em comparação a 2019.

E por que o aumento em municípios menores é maior que em grandes cidades? Um pela menor oferta de produtos in loco, e claro, há uma demanda reprimida, que começou a ser atendida pelos serviços de e-commerce. Vimos uma escalada de soluções para garantir que as pessoas tenham acesso às necessidades básicas. Em 2019 tínhamos aproximadamente 45 milhões de pessoas sem acesso aos serviços bancários no Brasil. A pandemia do novo coronavírus acelerou o processo, forçou que a população buscasse novas saídas.

Em julho, as cidades com até 100 mil habitantes aumentaram em 26% o volume de dinheiro transacionado online. Nas grandes cidades o número também foi expressivo, 17%. O mercado online a cada dia gera mais oportunidades, mais negócios. E os empresários brasileiros estão correndo atrás do tempo perdido para oferecer produtos e serviços online.

Ainda assim, é verdade que o brasileiro gosta de fazer compras presencialmente. Com o passar dos meses, e as medidas restritivas sendo relaxadas, os números retrocederam. No entanto, o patamar mudou. O número de clientes que realizavam pelo menos uma transação por mês de maneira online aumentou. Os compradores de janeiro de 2020 já não são os mesmos de dezembro.