Logo E-Commerce Brasil

Metaverso: uma tendência passageira ou um lugar para o e-commerce explorar?

Por: Tiago Cardoso

Tiago Cardoso é Diretor Regional de Estratégias de Contas Latam, da Criteo. Graduado em Turismo pela Universidade Anhembi Morumbi, possui MBC pela Fundação Getúlio Vargas. Acumula passagens por empresas como ClickHotéis, HotelDO e Booking.com.

O conceito do metaverso não é novo, mas tem ganhado cada vez mais popularidade nas conversas do setor nos últimos meses. O termo, que se refere à fusão dos mundos virtual e físico, se mostra uma oportunidade para marcas e varejistas enriquecerem seu omnichannel. Assim, empresas e lojistas podem se beneficiar de social commerce, criptomoedas, tokens não-fungíveis (NFTs), aplicativos de realidade aumentada (AR), realidade virtual (VR) e muito mais.

Assim como a omnicanalidade, que oferece uma jornada de compra mais completa e interativa no varejo, a AR e a VR conquistaram as pessoas devido à facilidade de testar e comprar produtos de forma virtual e à possibilidade de viver experiências imersivas. Conforme uma pesquisa da YouGov, quase 30% dos clientes americanos estão interessados em experimentar roupas via VR/AR antes de comprar esses itens.

Não sabemos como será o metaverso daqui a alguns anos, mas marcas devem começar a pensar em como engajar com consumidores nesse ambiente.

Embora essas duas tecnologias já existam há mais de dez anos, elas estão sendo impulsionadas agora com o hype da indústria em torno do metaverso. Nesse contexto, podemos esperar mais investimentos de grandes empresas nos próximos dois anos, resultando em uma adoção mais ampla e preços mais acessíveis dos hardwares.

Esse mercado deve ainda atingir globalmente US$ 800 bilhões até 2024, segundo a Bloomberg Intelligence. Apesar de ser muito cedo para sabermos como será exatamente esse ambiente no futuro, entendemos que explorar e experimentar agora algumas ativações vai ajudar na promoção de uma nova cultura de inovação no comércio, beneficiando assim os varejistas no futuro.

Estratégia é palavra-chave para crescimento no metaverso

A chegada das marcas no metaverso depende de inúmeros fatores. Dado o alto custo do investimento, as marcas devem considerar cuidadosamente os impactos positivos e negativos e garantir que essa oportunidade esteja alinhada com a estratégia da marca e os objetivos de negócios – seja a retenção de compradores ou a conquista de novos clientes – antes de investir no mercado.

Mais importante, elas devem considerar o seu público, analisar o seu comportamento e as tendências do mercado para antecipar onde os consumidores estão interagindo com elas e, em seguida, garantir que o investimento no metaverso os ajude a alcançar os clientes nesses lugares.

Mesmo que as conversas de hoje sobre o metaverso ainda estejam em estágios preliminares, elas se concentram principalmente em sua expansão e nas oportunidades que o espaço pode oferecer para grandes players do e-commerce e big techs entrarem no metaverso. Agora é a hora de os varejistas avaliarem e explorarem como podem enriquecer as jornadas de compra de seus usuários à medida que o metaverso se torna realidade.

O Commerce Everywhere vai impactar o metaverso?

Os compradores omnichannel, que adquirem produtos nas lojas online e física, compram o dobro do que os shoppers que compram somente de forma presencial, segundo uma pesquisa da Criteo realizada nos Estados Unidos. O Commerce Everywhere, que se refere à possibilidade de comprar produtos em qualquer lugar, online ou offline, é uma das principais tendências que impactam esse novo tipo de comportamento do consumidor.

Com esse novo conceito entrando em ação, marcas e varejistas estão mudando as formas como se conectam com os consumidores para envolvê-los em todos os novos lugares onde o comércio não existia antes – podemos supor que o mesmo acontecerá se os consumidores eventualmente começarem a fazer compras através do metaverso. Eventualmente, esse ecossistema online pode se tornar “o principal local” onde as pessoas se divertem, fazem compras e interagem com outras, mas, enquanto está em construção, devemos nos concentrar em explorar as suas possibilidades.

Se voltássemos cerca de trinta anos no tempo, quando o mundo digital estava entrando em cena pela primeira vez, evoluindo rapidamente ao longo dos anos, veríamos que os anunciantes tiveram que dar um passo atrás e se perguntar como os consumidores passariam o seu período livre nesses ambientes. Agora, o mesmo pode ser dito para o metaverso, que está abrindo um espaço totalmente novo para os anunciantes, como o digital. De certa forma, o mundo digital foi a primeira versão do que o metaverso está se tornando hoje – um ambiente onde é possível proporcionar momentos significativos aos os consumidores e oferecer novas possibilidades para os anunciantes, assim como a internet fez naquela época.

Embora não possamos prever como será o metaverso daqui a cinco ou até dois anos, marcas e varejistas devem começar a pensar agora em como engajar adequadamente com os consumidores nesse novo ambiente. Eles precisam aproveitar o que já sabem: o Commerce Everywhere abrirá o caminho e será possível comprar produtos e serviços no metaverso para você mesmo ou para o seu avatar online – algo que era impensável há pouco tempo.

Leia também: Metaverso e o futuro do varejo