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Marketplace: um novo canal, ou mais um sócio?

Por: Cristiano Chaussard

especialista em e-commerce, diretor de Tecnologia e Relacionamento da Flexy Negócios Digitais e presidente da ABComm/SC (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico em Santa Catarina)

Nos últimos anos, os Marketplaces surgiram como uma alternativa para empresas que procuram notabilizar seus produtos com um investimento reduzido em comparação às campanhas tradicionais. A fórmula é simples: adapte a um só endereço, físico ou virtual (e-Marketplace), um canal de vendas onde diversas marcas compartilham o mesmo espaço. É um modelo de negócio muito similar ao do shopping center, atraente ao consumidor, uma vez que o conglomerado de marcas traz mais opções e ainda o fator concorrência, que pode impactar nos preços dos produtos.

Há outras vantagens como o compartilhamento das verbas de marketing. A matemática explica: vários lojistas investindo em uma mesma força de marketing resulta em uma maior quantidade de recursos, o que permite construir uma relevância virtuosa ao ponto. Um exemplo prático é o MercadoLivre, hoje o primeiro e-commerce em audiência no Brasil e o 10º no ranking mundial.

Mas tudo tem seu preço e não há almoço grátis. O Marketplace tem participação no faturamento das empresas. Enquanto a taxa em shopping centers varia entre 3% a 8% sobre os ganhos, a de Marketplaces pode chegar a exorbitantes 25%.

Oras, o empreendedor já é desafiado diariamente a equilibrar a qualidade do produto, focar no público certo, alinhar preço com estratégia, aferir comissionamentos, equalizar loja física de rua e de shoppings centers e loja virtual, buscar volume de vendas. Sem esquecer de alimentar o sócio majoritário, o governo, com a cobrança abusiva de impostos que não se sabe onde são aplicados.

Além do fator financeiro, outro problema do modelo é que o consumidor atraído para o Marketplace acaba sendo impactado por todas as lojas ao mesmo tempo, não necessariamente pela sua. E pra onde foi sua verba de marketing? Com isso, a visibilidade da sua marca, agora uma coadjuvante, fica diluída pela concorrência interna.

Diluição parece ser uma constante no modelo de Marketplaces. Enquanto boa parte do trabalho em administrar é mitigado pelo modelo, a margem de lucro também é achatada. O problema, neste caso, é o desequilíbrio das compensações, uma vez que o custo de manter uma equipe de e-commerce, por exemplo, não é alto. Neste caso, pode chegar a ser até dez vezes menor que os custos de uma (só uma!) loja física.

Cobrar o percentual que o Marketplace está praticando pode não ser nem um pouco vantajoso no médio prazo. Faça as contas. E aí vai uma pergunta: porque os grandes e-varejistas brasileiros ainda não aderiram a Marketplaces? Com certeza, é a desconfiança quanto ao nível de serviço oferecido pelas lojas. Mais uma razão para crer que investir no e-commerce próprio traz mais retorno às empresas.Um retorno, por vezes, inesperado. Pense nisso.