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Logística avança em resposta aos desafios estruturais

Por: Bruno Tortorello

Com mais de 21 anos de experiência na área de logística e distribuição, Bruno Tortorello é um dos executivos mais destacados do setor. Graduado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da USP, com especialização em Administração pela FGV e MBA em Gestão Internacional pela FIA, Tortorello foi presidente da Total Express e, anteriormente, liderou áreas comerciais e operacionais do braço logístico do Grupo Abril. Chegou na Jadlog com a missão de alavancar as vendas e os negócios por meio das operações do e-commerce e do fortalecimento do negócio B2B de pequenas encomendas, contribuindo para que a transportadora alcançasse o faturamento de R$ 1 bilhão em 2020.

Atividade fundamental para o crescimento econômico, a logística enfrentou desafios, gargalos e teve de se adaptar rapidamente às dificuldades impostas pela pandemia da Covid-19. De forma geral, saiu ainda mais fortalecida como atividade imprescindível. Afinal, a despeito de todos os obstáculos, garantiu que alimentos, medicamentos e outros produtos de consumo chegassem aos pontos de venda e aos consumidores.

Imagem de uma pessoa entregando um produto em uma caixa

A necessidade de investimentos em infraestrutura logística segue sendo uma realidade nacional.

Com um movimento de cargas estimado em mais de R$ 620 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira de Logística (Abralog) até agosto de 2020, este setor sofreu devido à redução dos volumes de importação por parte de setores como o de eletroeletrônicos, prejudicados no início da pandemia pelos gargalos na oferta de produtos provenientes da China. Entretanto, avançou no atendimento às empresas, que viram o e-commerce como o canal capaz de sustentar suas vendas.

Desafios da retomada da logística

Com a retomada do crescimento econômico acenando de forma mais consistente neste segundo semestre, a logística também deve se beneficiar do incremento mais consistente da demanda nos diversos setores de atividades. Por outro lado, gargalos decorrentes das deficiências da infraestrutura brasileira voltam a desafiar esta retomada. Afirmo isso tanto em âmbito nacional (e em cada uma das grandes cidades), como pelas questões relativas aos custos, pressionados pela alta dos combustíveis.

A necessidade de investimentos em infraestrutura segue sendo uma realidade nacional. Neste caso, impacta os custos do setor e de toda a economia. Afinal, temos baixa disponibilidade e/ou ineficiência de aeroportos, portos, ferrovias, hidrovias, rodovias e terminais intermodais.

Tecnologia logística

Nos centros urbanos, o cenário é igualmente complexo. Empresas que operam na área de logística buscam ampliar a eficiência da operação. Neste caso, focam o investimento em:

  • tecnologias;
  • sistemas inteligentes de sequenciamento de cargas;
  • roteirização mais eficiente, com atualizações constantes das rotas;
  • serviços que prezam pela qualidade e o prazo das entregas.

Em São Paulo, por exemplo, a possibilidade de ter uma previsão da data e horário de entrega dos produtos dentro de uma janela de uma hora já é uma realidade. Neste caso, constitui como uma importante vantagem para os operadores logísticos e os consumidores. Digo isso principalmente em uma grande metrópole como esta, que possui um tráfego intenso — afinal, as condições de entrega passam por imprevisibilidades e o tempo é um bem valioso.

Estrutura para uma boa experiência logística

Oferecer serviços que combinem conveniência, prazos e custos satisfatórios, apoiados em sistemas tecnológicos, é parte da nossa competência. E isso tudo deve ser reforçado por novos serviços que trazem mais eficiência, agilidade e conveniência. Afinal, trata-se de requisitos básicos para a melhor experiência dos clientes que fomentaram o varejo online como opção segura de compra.

Mas, garantir a eficiência logística é uma tarefa que envolve diversas partes. Para segmentos como o e-commerce — que hoje puxa a demanda pelos nossos serviços —, é fundamental ter planejamento e contar com uma boa estrutura logística. Afinal, você deve evitar a ineficiência e não depender de sistemas como o Uber, por exemplo. Isso porque geram custos maiores na entrega das mercadorias aos consumidores finais. Da parte do governo, é necessário que a logística seja entendida como atividade estratégica para o crescimento e o desenvolvimento do País. Para isso, deve-se exigir investimentos que reduzam o chamado Custo Brasil, dando condições de maior competitividade às empresas. Isso porque é preciso garantir a infraestrutura necessária para levar os produtos a todas as regiões e faixas da população brasileira — muitas vezes em condições de difícil acesso ou mesmo nas quais a falta de segurança é uma constante.

A equação “logística competitiva”, portanto, depende de nós, que cuidamos da entrega das mercadorias; dos operadores, na definição do sistema que irá atendê-los; e do governo, para garantir a infraestrutura necessária. Isso porque todos saímos ganhando se trabalharmos em conjunto para a evolução da logística como parte fundamental da nossa economia.