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Logística além da entrega: que fatores influenciam o sucesso no e-commerce?

Por: Amaury Vitor

Formado em Economia, possui pós-graduação em Administração de Transportes pelo Instituto Mauá de Tecnologia, Administração de Negócios pela FGV e MBA em Gestão de Negócios e Operações em Serviços pela Fundação Vanzolini. Tem grande vivência em empresas multinacionais como Nestlé e Martin Brower, acumulando conhecimento em diversos setores do Supply Chain. Atua na DHL Express desde 2004, onde assumiu o cargo de gerente de Operações à frente das atividades de 17 filiais próprias, quatro agentes franqueados e ampla rede com mais de 40 prestadores de serviços de transporte rodoviário e aéreo. O executivo também é professor convidado das disciplinas “Tecnologias e Tendências da Logística” e “Gestão de Materiais e Serviços Terceirizados” em cursos de pós-graduação da faculdade Mackenzie.

A logística desempenha cada vez mais um papel fundamental na vida do homem moderno. Na nova era digital, quando tudo é possível por meio de um clique, a concretização de transações comerciais também se tornou remota, e o contato entre consumidor e produto adquirido se dá por meio de serviços de entrega. Nesse contexto, a recente pandemia acelerou o exercício do uso intensivo do e-commerce para suprir as necessidades pessoais, das mais básicas às mais complexas.

Com o distanciamento social, novos consumidores de todas as gerações entraram no mercado virtual. Esse movimento fez com que o Brasil registrasse um aumento médio de 400% no número de novas lojas no comércio eletrônico por mês durante a quarentena (dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico – ABComm). Assim, o fluxo físico logístico também foi impulsionado para atender às demandas de cada público de forma personalizada.

Com o crescimento expressivo da oferta virtual, qual o segredo para estabelecer sucesso no e-commerce?

Independentemente do canal de vendas utilizado por uma loja virtual (B2C, B2B, C2C, C2B), todas as etapas de funcionamento devem estar alinhadas para alcançar o público-alvo. Obter o sucesso significa passar por todas as rotinas de forma eficiente. Isso vale desde o cumprimento de obrigações legais e oferta de portfólio atrativo, até a excelência nos processos de entrega ao consumidor final.

Por isso, ao contratar um fornecedor de logística, é preciso levar em conta que cada nicho de comércio exige serviços diferenciados. E, para cada tipo de negócio, existem operadores logísticos especializados. Cabe ao decisor contratar aquele que apresente o melhor escopo na especialização requerida. Nessa escolha, é preciso estabelecer um planejamento estratégico alinhado à missão, à visão e aos valores da companhia.

Além disso, é de extrema importância conhecer os números movimentados pelo comércio, como:

  • volume de remessas;
  • frequência e custos da produção;
  • tipo e especificação do produto;
  • sazonalidades;
  • perfil do consumidor;
  • região geográfica abrangida.

Isso permitirá estabelecer o desenho logístico mais adequado e minimizar ineficiências e gastos desnecessários.

Desafios do transporte

Também é preciso ter em mente que existem vários desafios na cadeia de transporte. Eles vão desde os centros de distribuição dos vendedores (despachos) até a entrega na porta do cliente final (last mile).

Na primeira etapa, os desafios estão centrados principalmente na digitalização dos processos, no gerenciamento de risco e na indisponibilidade de voos domésticos. Nesse ponto, o uso intensivo de tecnologia embarcada, rastreamento, planejamento robusto e um operador logístico preparado para as adversidades mitigam as ocorrências.

Já na etapa de last mile, é preciso se adequar às limitações das entregas urbanas impostas pela quarentena e considerar a dispersão cada vez maior dos destinatários, com CEPs ainda mais remotos. Por isso, o uso de modais alternativos — como drones, bicicletas, scooters e veículos elétricos — têm sido cada vez mais exigido pelos clientes. A aplicação de tecnologia de rastreamento, prova de entrega eletrônica, softwares de roteirização e otimização da frota também são mandatórios para garantir qualidade e eficiência.

Logística para suprir expectativas

Na verdade, o ponto-chave de todo o processo é ter em mente que o consumidor do canal virtual busca conveniência, segurança, qualidade e agilidade na entrega. Se não houver logística bem planejada na retaguarda, certamente as expectativas não serão atendidas — e, uma vez frustrado, as chances de o cliente não repetir a compra se potencializam.

Por isso, todos os agentes que formam a cadeia do e-commerce devem estar integrados sistemicamente. Tudo para evitar a redundância na transferência e no tratamento dos dados, desde o momento do pedido até a entrega final e, adicionalmente, usar logística reversa. Com os serviços bem executados, todos ganham: a loja virtual garante a funcionalidade das operações; os consumidores ficam satisfeitos, sem arriscar a saúde; e os operadores logísticos conquistam mais espaço.

Durante o período de distanciamento social, a logística expressa garante que a sociedade em geral se mantenha segura, em isolamento. Quando a vida voltar à normalidade, o e-commerce continuará tendo um papel importante na conveniência do consumidor e na economia de tempo. Afinal, a grande lição que tiramos deste momento delicado é aprender a dedicar atenção ao que realmente importa e aproveitar o tempo da melhor maneira possível. A logística vem para nos ajudar a aproximar o que está longe.