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Live shop: tendência momentânea ou futuro?

Por: Arthur Carli

É graduado em Publicidade e Propaganda, com especialização em Marketing Digital. Atua também com branding e construção de marcas. Colaborou com o lançamento de grandes marcas do mercado nacional e é um entusiasta de tecnologia, branding, digital e varejo. Atualmente, assumiu a posição de Head de Marketing na Cellairis Brasil, a maior marca de inovação mobile do mundo.

O consumo de vídeos por meio de transmissões ao vivo ganhou o gosto dos brasileiros, especialmente em 2020. É o que mostra pesquisa realizada pelo Google, onde 71% daqueles que têm acesso à Internet no país assistiram alguma live no ano, e outros 38% viram seis ou mais. Com todos os eventos presenciais adiados, o público buscou opções de entretenimento e as lives musicais foram um sucesso. Mas os internautas não ficaram restritos à diversão online, também marcaram presença em lives educacionais, de entrevistas, informativas.

Observando o comportamento dos consumidores, outro grande hábito cresceu em 2020: o de fazer compras online. Com as lojas físicas fechadas, muitas pessoas recorreram ao e-commerce, que registrou crescimento de 47% no primeiro semestre, sua maior alta em 20 anos, conforme dados da 42ª edição do Webshoppers, estudo sobre e-commerce brasileiro elaborado semestralmente pela Ebit|Nielsen.

Tanto o crescimento de lives quanto do e-commerce mostram uma mudança de mindset dos consumidores em geral, que tendem a ser cada vez mais levados a mudar, levados pela tecnologia. Cabe às empresas impulsionar processos de digitalização para atender aos novos hábitos de consumo. Juntos, e-commerce e lives, trazem novas possibilidades para quem compra e quem vende em todo o mundo, entre elas as live shops.

O que são live shops?

A live shop é uma nova estratégia para gerar entretenimento, divulgar e vender produtos por meio das transmissões ao vivo. Isso pode ocorrer tanto através de alguma plataforma de e-commerce ou das redes sociais de uma marca. Apresentadores fazem a divulgação dos produtos, esclarecem dúvidas e orientam no processo final da compra, com expectativas de que o consumidor compre durante o “show”. O grande diferencial de uma live tradicional para uma live shop é que esta plataforma traz o checkout para dentro do evento online, para que o consumidor consiga fechar sua compra ali mesmo.

Vimos live shops históricas no ano de 2020, com grande audiência. Justamente porque uniram ofertas de compra com entretenimento e relacionando-se com os consumidores, que se sentem mais íntimos das marcas. Cada varejista deve pensar em como deve apresentar a história da marca, as ofertas e como levar engajamento para essa plataforma inovadora. Mas o indispensável, mesmo, é que sejam apresentados produtos com suas características, utilidades, diferenciais, detalhes e claro, ofertas tentadoras para o telespectador.

Até aqui, você poderá associar a nova estratégia aos canais de TV comerciais, como a Polishop, que possuem programações dedicadas à apresentação de seus produtos e com ofertas exclusivas. Entretanto, nestes canais é preciso finalizar sua compra em outra plataforma ou através do site e, ainda, por telefone. Além disso, é uma estratégia que não gera nenhuma interação com o consumidor final, pelo contrário, mostra que a marca só quer, ao final, vender seu catálogo.

Por que apostar na live shop?

O consumidor phygital espera que sua marca o atenda de forma personalizada, com soluções ágeis e que apresente inúmeras opções de compra ali, na palma de sua mão. E as live shops facilitam a jornada de compra desse cliente. Afinal, nem todos estão dispostos a perder tempo para ler manuais de produtos ou saber suas funcionalidades.

Por esses e pelos fatores abaixo, realizar uma live shop é um sucesso.

Crescimento no faturamento digital

Na China, a Taobao Live, plataforma de live streaming do Alibaba, atingiu US$ 7,5 bilhões em vendas na primeira meia hora de 11 de novembro, considerado o dia do maior festival de vendas do mundo. Nos últimos 12 meses, dois terços dos chineses compraram por meio do live streaming, aponta uma pesquisa da AlixPartners. Até o final de 2020, este mercado terá faturamento de US$ 125 bilhões. Isso mostra o quanto essa estratégia veio para ficar e ajudar você a faturar mais.

Interação e engajamento

Com a nova era digital, os consumidores possuem uma participação ativa nas redes sociais. Hoje, eles curtem, compartilham, comentam, criticam, opinam e sugerem conteúdo para as marcas que ele acompanha. Com as lives não é diferente. Os telespectadores querem interagir, ser ouvidos, receber atendimento personalizado, tirar dúvidas e compartilhar. A live shop ajuda a criar uma audiência fiel e qualificada, além de gerar um relacionamento entre consumidor e marca. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Qualibest, 73% dos entrevistados já compraram algum produto por indicação de influenciadores — e 86% já descobriram algum produto novo dessa forma. Ou seja, você ainda pode gerar mais audiência na live usando influenciadores digitais, que irão trazer um público selecionado e aquecido.

Ofertas exclusivas e condições especiais

É preciso botar em prática a cultura do que chamo de ‘shoptainment’, criando cada vez mais para o público a sensação de que todas as ativações pertencem ao reino do entretenimento; e, assim, apresentar facilidades na compra, condições de pagamento especiais e descontos instantâneos que geram impulso na hora de fechar a compra. Fazer essa comunicação desde o início da sua live ajuda a manter a audiência conectada.

Como estruturar uma live shop?

No Brasil, as marcas (e, principalmente, os consumidores) estão conhecendo pouco a pouco essa estratégia. Se sua marca pretende se destacar no digital, listo abaixo os principais pilares para colocar na prática sua live shop.

Faça seu plano de marketing e vendas

É primordial que, antes de realizar qualquer aposta em plataformas, produtos ou influenciadores, você tenha um plano de marketing, pensado do início ao fim. Estabeleça suas metas de vendas, defina seu calendário promocional, escolha os influenciadores que fazem sentido para sua marca e público. Influenciadores costumam ter um papel importante na decisão de compra. Seria a fórmula do sucesso? Afinal, quem nunca viu um tutorial em vídeo, amou a funcionalidade de algum produto e foi logo buscar onde comprá-lo? Além dos pontos acima, planeje todo conteúdo e o cronograma da sua transmissão.

Conheça sua audiência

Para o sucesso de qualquer negócio, é fundamental conhecer o público-alvo e suas personas. Essas definições são idealizadas no início do seu plano de branding, junto do business plan. Uma live shop precisa ter uma audiência engajada digitalmente, logo, estudar o público é indispensável para trazer as melhores táticas de sedução e persuasão. Além de conhecer os comportamentos, é fundamental escolher um influenciador que converse e tenha sinergia com seus consumidores.

Escolha da plataforma

Um dos fatores que vão levar sua live shop ao sucesso é ter uma plataforma integrada ao seu e-commerce. Assim, irá fomentar uma jornada de compra mais fácil para o consumidor final e aumentará a possibilidade de fechar a venda. A maioria das empresas utiliza o próprio YouTube para as lives. Entretanto, ele não faz integrações com e-commerces — ou seja, o usuário precisa sair da apresentação para conseguir comprar. Além disso, é essencial que você escolha uma plataforma que garanta a segurança dos seus dados, pensada para a facilidade de compra, que otimize os caminhos do consumidor e resulte numa boa experiência com sua marca.

Afinal, live shop é tendência momentânea ou futuro?

As marcas brasileiras ainda vivem um processo tímido de estruturação para essa nova estratégia digital, mas podemos afirmar que as live shops continuarão crescendo em todo o mundo. Em outros países, como a China, por exemplo, esse mercado já vale algo em torno de US$ 4,4 bilhões e conta com mais de 450 milhões de espectadores. Hoje, as live shops são uma ferramenta nova, nas mãos de poucas marcas e poucos consumidores. Porém, a tendência é que cheguem às grandes massas, como um fenômeno que vai ao encontro do momento que estamos vivendo e dos novos hábitos de consumo estabelecidos pela pandemia.