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Para o bem dos negócios e da saúde pública: é hora de investir no e-commerce

Por: Gabriel Lima

CEO da Enext. Formado em Publicidade e Propaganda pela ESPM, com mestrado em Administração de Empresas pelo Insper. Entre os anos de 2017 e 2020, foi representante do Brasil na Unido e também é autor dos livros Comércio Eletrônico: Melhores Práticas do Mercado Brasileiro e Líderes Digitais.

Desde 2008, quando era totalmente desaconselhável investir em qualquer tipo de negócio devido à maior crise financeira global das últimas décadas, que assolou o mundo naquele ano, o setor de e-commerce vem andando na contramão das tendências econômicas e registra um bom crescimento desde então.

Mesmo com o cenário desfavorável, era preciso pensar em uma saída, e estudos mostravam que a força da mudança no comportamento das pessoas iria impulsionar as vendas online, que eram mais eficientes, pois permitiam a pesquisa de diversas opções, a compra sem sair de casa e o recebimento do produto sem a preocupação de deslocamento até alguma loja.

Para a alegria daqueles que investiram nessa ideia, as previsões estavam corretas. Em 2020, a expectativa de crescimento do e-commerce no Brasil é de 18%, de acordo com a Abcomm, mas, devido às mudanças comportamentais não desejadas atreladas à disseminação do coronavírus e o amadurecimento do setor como um todo, existe a real possibilidade deste crescimento ser ainda maior.

Saúde pública

Com a Covid-19 batendo na nossa porta, a mudança no comportamento das pessoas acontecerá não pela influência dos avanços tecnológicos, e sim por fatores ambientais e sociológicos gerados pela disseminação do vírus.

Isso fará com que as expectativas em torno do crescimento do e-commerce sejam ainda maiores, pois, para se prevenir da doença, as pessoas ficarão mais em casa e buscarão realizar as suas compras por meios online para evitar frequentar locais públicos. Além disso, muitas pessoas, que ainda tinham algum preconceito com a compra online, se darão a chance de experimentar este meio pela primeira vez.

Algumas categorias, como as de alimentos e bebidas, fármacos, higiene pessoal e beleza devem notar um crescimento significativo, pois haverá uma demanda crescente por produtos e bens essenciais durante o período de pico da crise.

Vídeos streaming e delivery de restaurantes também devem ter o volume de vendas acelerado. Outras categorias de bens não duráveis, como livros, moda e acessórios e automotivos devem sofrer pouco com a queda de demanda, pois continuarão a ser procurados.

Por outro lado, os bens de consumo duráveis e de alto valor tendem a perder participação, pois os consumidores priorizarão outras compras até haver uma maior estabilidade social e econômica.

Itens essenciais

Se compararmos com o que houve na China durante as fases mais críticas do surto, bens chamados utilitários tiveram picos de vendas, enquanto que a venda de bens de luxo apresentou uma breve queda que está retomando apenas agora, quase três meses depois do início do problema no país.

Além disso, pudemos observar, tanto na China quanto na Europa e em menor medida nos EUA, que muitos produtos essenciais desapareceram das prateleiras das lojas e mercados devido à elevada demanda.

O tempo de reposição e a capilaridade das lojas físicas faz com que esse produtos possam demorar a voltar, enquanto que as compras planejadas do e-commerce, assim como o estoque centralizado e controlado, tendem a ser mais eficientes no processo de reposição das rupturas.

Isso será benéfico tanto para o empreendedor, que vê uma oportunidade de aumentar seus negócios ao mesmo tempo em que ajuda as pessoas a terem acessos a produtos que estão ficando escassos nas lojas físicas, quanto para o consumidor, que conseguirá ter em mãos os produtos necessário para o cuidado com a sua saúde.

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