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Growth Hacking: entenda o novo termo que promete ser tendência

Por: Galleger Ilhe

CEO da Bis2Bis E-commerce, empresa especializada no desenvolvimento de lojas virtuais de alto desempenho. Galleger Ilhe possui mais de 20 anos de experiência com programação e consultoria de e-commerce, produz diversos conteúdos online e ministra palestras Brasil afora, ajudando empreendedores a vender mais no mundo virtual.

Um novo termo importado que chega por aqui prometendo transformar o modo como lidamos com negócios: Growth Hacking, um conceito muito utilizado por promissoras startups internacionais.

Para entendê-lo, é preciso recorrer a sua origem: o termo surgiu em 2010, criado por Sean Ellis, (fundador, CEO do portal GrowthHackers.com, ex-funcionário da Dropbox e de outras grandes companhias); e pode ser compreendido como uma metodologia dedicada ao crescimento de uma empresa. Para isso, o Growth Hacking utiliza-se do profissional de Marketing e seus conhecimentos integrados a outros profissionais, de diversas áreas – administrativa, de desenvolvimento, atendimento, comercial, etc. -, para decifrar os dados fornecidos pelas diversas métricas disponíveis na web. Desta forma, é possível traçar estratégias embasadas, com o objetivo de melhorar o desenvolvimento de produtos, alavancar a visibilidade (e tráfego, no caso do e-commerce) da empresa, sempre pensando no público-alvo e na geração de resultados práticos.

Para identificar e estudar este conceito mais profundamente, Ellis observou fatores em comum em empresas com crescimento acelerado: elas utilizavam-se de alternativas para o marketing tradicional; tinham uma equipe diversa – desde criativos até desenvolvedores – trabalhando em conjunto; e dedicação intensa ao produto.

Seguindo esta linha de pensamento, existem duas vertentes diferentes de Growth Hacking, que podem existir independentemente, mas que trazem resultados muito melhores quando trabalhadas em conjunto: o “Growth via Marketing” e o “Growth via Produto”.

A primeira trabalha o conceito de Growth Hacking por meio de ações e estratégias de marketing, visando gerar demanda e desejo de compra para ser suprido pela própria empresa. A segunda vertente, o Growth via Produto tem objetivo de concentrar esforços no sentido de melhorar e otimizar o produto (ou serviço) que se oferece, elevando o nível da experiência do cliente, aumentando seu engajamento e satisfação. É claro que estas duas formas de se trabalhar o Growth Hacking podem variar de acordo com as particularidades de cada negócio.

“Mas como aplicar este conceito na prática?” talvez seja um de seus questionamentos. Alguns exemplos podem ajudar a responder esta pergunta e a esclarecer um pouco mais este tema tão denso e complexo.

Quando iniciou suas operações, o Paypal adotou uma estratégia interessante e ousada para conquistar o público: por meio de um “programa de indicações”, eles davam dez dólares para cada novo cliente e outros dez dólares para o cliente antigo que o havia indicado. O resultado foi um crescimento progressivo e o aumento significativo na base de clientes e nas operações.

O Dropbox fez algo parecido: para aumentar sua capacidade de armazenamento, os usuários precisavam indicar a ferramenta a outras pessoas; se estas pessoas se cadastrassem na plataforma, os usuários que os indicaram ganhavam mais espaço para armazenar seus arquivos. O resultado? Em menos de dois anos, a empresa passou de 100 mil usuários para 4 milhões.

No contexto e na realidade dos pequenos e-commerce, com adaptações, é possível colocar estratégias como esta em prática, por meio de cupons de desconto, programas de pontos, de fidelidade e até o próprio programa de indicações, etc.

O que só mostra que este tema é mais simples do que imaginamos e do que todos os artigos conseguem nos explicar. O Growth Hacking está no dia a dia de uma empresa, nas soluções simples que têm capacidade de resolver grandes problemas, na utilização das métricas em todo seu potencial, na coordenação do setor de marketing com todos os outros setores da empresa.

É importante destacar que, justamente por isso, não é imprescindível que uma micro ou pequena empresa, como é a maioria dos e-commerces nacionais, contrate uma nova equipe exclusivamente para trabalhar o Growth Hacking. Talvez seja o ideal, até porque com uma equipe especializada e dedicada fica muito mais fácil e rápido alcançar resultados reais, mas a verdade é que poucas empresas hoje tem condições de trabalhar com ideais. Além disso, o mercado nacional ainda não dispõe de uma demanda razoável de profissionais especializados. Neste sentido, é possível utilizar-se do capital humano que sua empresa já dispõe, mas, para isso, é necessário treinar, educar e conscientizar. Não é um processo simples, pois demanda uma mudança de perspectivas, de atitudes, de posicionamento, etc.

Justamente por isso, apesar de o Growth Hacking ser um termo bastante valorizado lá fora, aqui ainda é preciso tomar alguns cuidados. O conceito é bastante utópico e até o momento não há muitos cases de sucesso nacionais que possam servir de vitrine. Desta forma, é preciso pesquisar bastante e ter em mente que, mesmo sendo uma estratégia promissora, os conceitos clássicos do Marketing tradicional não são dispensáveis. Além disso, por se tratar de um termo muito novo e pouco explorado, é necessário estudar e pesquisar muito sobre. Não dá para pular de cabeça e achar que esta será a solução para todos os problemas de uma empresa. Pelo contrário, ainda é apenas uma nova tendência que figura no mercado internacional e que, por isso, merece atenção.