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Fraudes digitais: como reduzir os prejuízos com a biometria comportamental?

Por: Rodrigo Castro

Diretor de Riscos e Performance na ICTS Protiviti. Formado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas e com MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios pela mesma instituição. Desenvolveu sua carreira com projetos relacionados à prevenção de perdas e gestão de riscos para empresas do segmento de bens de consumo, telecomunicação, saúde, entre outras. Na ICTS desde 2002​, atualmente é responsável pelos projetos de gestão eficiente da receita e prevenção de perdas.

Líder mundial em vazamento de dados de cartões de débito e crédito, o Brasil contabilizou 45,4% do total de 2,8 milhões de dados expostos em 65 países durante o ano de 2020, segundo dados de uma pesquisa realizada pela empresa de cibersegurança Axur. O crescimento no volume de compras em lojas online contribuiu para a ampliação das informações que circulam na rede. Como consequência, ao caírem em mãos erradas lesam tanto os consumidores quanto às empresas varejistas.

Após o início da pandemia e a exponencial adesão ao digital, o vazamento de dados deu um salto. Sim, ele aumentou em 769% em relação a 2019. Ou seja, cada vez mais cresce o número de pessoas que são vítimas de compras que não são reconhecidas. Se a informação de uma compra com cartão de crédito chega via SMS, por exemplo, é comum que imediatamente se recuse a compensação acessando a operadora. O fato — que se tornou corriqueiro e tem deixado os brasileiros mais atentos — significa um prejuízo bilionário para quem fica com a responsabilidade da conta, ou seja, os varejistas.

Mão com o dedo indicador apontado para um leitor virtual de digitais

A biometria comportamental é capaz de detectar uma fraude digital em tempo real, evitando prejuízos aos negócios.

Com as entregas cada vez mais rápidas, o faturamento segue na mesma velocidade. Isso reduz a capacidade do varejista interromper a emissão e o envio do produto quando ocorre o aviso pela operadora do cartão sobre a reversão do pagamento (ou chargeback, como é o jargão do mercado). Resultado: compra entregue e quem paga por isso é o varejista.

Uma saída às fraudes: biometria comportamental

As lojas online reduzem a necessidade de o consumidor passar por inúmeros processos antifraude — para que não haja desistência da compra em função de tanto atrito no processo. Afinal, todos querem oferecer agilidade de compra, assim como na entrega. Por outro lado, há um custo enorme para realizar este atendimento imediato. Quando a empresa não detém um processo antifraude capaz de reduzir seu prejuízo, o custo ao caixa pode chegar a milhões dependendo do porte da rede.

Uma saída viável e que vem sendo alvo de muitas empresas é a adoção da biometria comportamental. Isso porque ela é capaz de detectar uma fraude em tempo real. Do lado do consumidor, ela reduz a necessidade de tantas senhas e travas digitais, diminuindo a complexidade no processo. Já para as empresas, o sistema é capaz de reconhecer uma ação maliciosa pela simples forma de digitar um cadastro. Neste caso, atua por meio da análise comportamental sobre “como” o usuário performa as suas atividades num dispositivo.

Ou seja, o sistema possibilita identificar a anormalidade no preenchimento simples como o nome ou o CPF. Neste caso, entende que, sendo da própria pessoa, a escrita é mais ágil do que copiar um dado que não é conhecido. Esse é apenas um exemplo da capacidade de detecção de uma atividade ilícita promovida pela biometria comportamental. Afinal, ela é capaz de traçar uma identidade do usuário em segundo plano, sem qualquer fricção ou atividade complementar realizada por ele.

Mas, e no caso das pequenas empresas?

Entretanto, lembro que existem as empresas de pequeno e médio portes, que ampliaram sua atuação no digital neste momento. Como ainda não têm condições de programar seus sistemas com uma solução como a biometria comportamental, recomendo outras maneiras de proteção. Uma delas é com a adoção de um intermediador de pagamento que detenha um mecanismo antifraude, evitando lidar com grandes prejuízos.

Adotando um sistema ou contratando um intermediador, o varejo online precisa estar atento a essa segurança. Afinal, com o aprimoramento da fraude, a complexidade de lidar com este problema cresce a cada dia. E, uma vez que a ponta tenha mecanismos de defesa, o negócio da fraude pode deixar de imperar como uma indústria sofisticada — que tem trazido prejuízos para a sociedade como um todo.