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Fintechzação: entenda como essa tendência tem impactado o varejo

Por: Bruno Zago

Formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Uberlândia e Pós-Graduado em Gestão de TI pela Faculdade Pitágoras, atua há mais de 12 anos na Cedro Technologies, especializado em tecnologias para o Mercado Financeiro e Investimentos. Atualmente é CEO na Cedro e também um dos sócios da empresa.

O termo finchzação tem origem em “fintech”, que é a junção de financial e technology, resultando em tecnologia financeira. As fintechs têm como objetivo tornar mais simples o gerenciamento financeiro de entidades, gestores de negócios e consumidores em geral.

São várias as vantagens para empresas que estão aderindo à fintechzação, como maior agilidade operacional e fortalecimento da marca.

Essas empresas criam, por meio de softwares, soluções financeiras que tornam os processos menos burocráticos, mais transparentes e acessíveis para seus clientes. De acordo com o estudo Pulse of Fintech, da KPMG, em 2021, o volume de investimentos em fintechs localizadas nas Américas foi de U$ 105 bilhões.

O interesse dos consumidores pelos serviços financeiros oferecidos pelas fintechs cresceu nos últimos anos. Por isso, empresas que até recentemente não direcionavam seus negócios para esse setor agora estão partindo para a criação de ações voltadas à tecnologia financeira, como o setor de e-commerce.

A fintechzação na prática

Atualmente, diversas fintechs estão presentes no mercado, oferecendo contas digitais, serviços como cartões de crédito ou débito e até investimentos, que podem ser realizados por meio de smartphones. Nesse cenário, as fintechs surgem como opções mais práticas e baratas, até mesmo dispensando a necessidade de agências físicas.

Tanto para conquistar um público novo quanto fidelizar antigos clientes, cada vez mais empresas têm oferecido serviços com o objetivo de simplificar e facilitar a vida de um público muitas vezes esquecido pelos bancos tradicionais. Esse movimento está sendo chamado de fintechzação.

Com o tempo, empreendedores perceberam que não era mais preciso desviar seus clientes para fora de suas plataformas de vendas no momento em que o consumidor fosse pagar uma conta ou em alguma negociação de crédito, por exemplo.

Isso possibilitou realizar diversos serviços na mesma plataforma, usando a estrutura Banking as a Service (BaaS), oferecida por empresas contratadas para ajudar na integração de operações e serviços financeiros com plataformas de outros segmentos de negócios.

Um bom exemplo da fintechzação no varejo é o Magazine Luiza, que realizava suas vendas apenas por meio das lojas físicas e começou a investir no mercado digital, criando seu marketplace para vender pelo e-commerce.

Assim, o Magalu atraiu seus consumidores com produtos e também com a possibilidade de vendas online para um público maior e com as novas formas de receber os pagamentos de clientes.

Movimentos do mercado

O setor varejista se reinventou e não foi por acaso. Com os recursos tecnológicos mais presentes no cotidiano, a diversificação dos modelos de negócios, mudanças vistas anteriormente como necessárias, são agora tendências de modelos de negócios.

Considerando que o mercado global das fintechs recebeu US$ 114,9 bilhões em investimentos, mesmo durante a crise econômica provocada pela Covid-19, de acordo com o Fintech Report 2022, fica claro que essa é uma área em expansão.

O levantamento da Distrito Dataminer demonstrou que, em 2021, apenas o Brasil já contava com 142 instituições com soluções para crédito. Essas empresas foram divididas em cinco subcategorias de atuaão:

  • Oferta Direta: oferecem crédito sem a necessidade de conexão com outros provedores;
  • Marketplace: soluções que reúnem diversas ofertas de crédito de outros players em uma mesma plataforma;
  • Antecipação: empresas que atuam na antecipação de recebíveis;
  • Peer-to-Peer – P2P: soluções que atuam com negociações financeiras entre pessoas;
  • Consórcios: empresas exclusivas nesse segmento.

Tecnologias como a do open banking, que permite o compartilhamento de informações entre as entidades mediante autorização dos usuários e novas modalidades de pagamento como QR code e Pix, tornam as análises de crédito e os pagamentos mais ágeis, favorecendo a ligação entre clientes e organizações, inclusive pequenos varejistas.

A fintechzação no varejo

Não são apenas grandes varejistas que iniciaram o processo de fintechzação dos seus negócios e muitas empresas brasileiras já aderiram ao movimento, criando soluções financeiras como cartões de crédito próprios e contas digitais para seus clientes.

As vantagens para as empresas que estão aderindo à fintechzação são inúmeras, e vão desde a maior agilidade operacional até mesmo ao fortalecimento da marca.

Disponibilizar produtos e serviços bancários aos clientes oferece outras vantagens, como:

  • Aumento de pontos de contato e de relacionamento com o cliente;
  • Melhora na percepção de valor da empresa;
  • Maiores chances de fidelização;
  • Fortalecimento da competitividade;
  • Aumento de receita;
  • Aumento de satisfação do cliente.

O futuro da fintechzação no e-commerce

A ampliação de soluções financeiras customizadas de acordo com o perfil dos clientes já está transformando comportamentos. A fintechzação promoveu uma queda na utilização do dinheiro físico, já que pagamentos podem ser feitos por meio de suas contas digitais e aplicativos, por exemplo. Além disso, o público tem agora uma carta maior de soluções para escolher, de acordo com suas necessidades.

A falta de produtos e serviços, com foco no sistema financeiro, abre portas para que empresas conceitualmente não financeiras ampliem seu modelo de negócios com ofertas de produtos e serviços que proporcionam uma nova frente de faturamento.

Um setor que até pouco tempo atrás concentrava sua atuação exclusivamente em bancos tradicionais começou a dividir espaço com varejistas. Isso é a fintechzação possibilitando formas de atender a nichos específicos que até então estavam fora do radar de grandes instituições financeiras.

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