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Fintech as a service: o futuro dos meios de pagamentos

Por: Dani Zeidan

Atua na Zoop como Business Development & Relationship Manager Leader. Possui atuação nas áreas de Relacionamento, Marketing e Comercial. Sua carreira foi construída em empresas de médio e grande porte nos setores de Telecom, Tecnologia, E-commerce, Meios de Pagamento e Financeiro.

Fintech as a service é uma startup de serviços financeiros que permite que outras fintechs e empresas (independentemente do segmento) possam aprimorar os produtos e os serviços financeiros que já oferecem, ou começar a entregar essas soluções aos seus clientes.

Uma das principais vantagens de firmar parceria com uma FaaS, como também pode ser chamado esse modelo de fintech, é conseguir entrar no mercado de serviços financeiros sem precisar se preocupar com questões regulatórias e, principalmente, sem ter que desviar do core business da empresa.

Basicamente, uma fintech as a service funciona da seguinte forma: por meio de APIs (Application Programing Interface), que são conjuntos de informações e padrões de programação, você adquire a solução financeira que considera mais interessante e implementa na sua plataforma.

Vamos supor que esteja planejando criar uma conta digital com a sua marca e oferecer para o seu público.

Em vez de começar esse processo do zero, ao contratar uma FaaS, é possível adquirir essa solução “pronta”, faltando apenas customizar de acordo com a identidade visual da sua empresa e com as regras do seu projeto.

Isso isenta você da parte principal do desenvolvimento, o que também contribui para reduzir o time-to-market, entregando a novidade em menos tempo para o seu público.

Mas por qual motivo contar com uma fintech as a service é interessante? Quanto isso pode contribuir para o crescimento do seu negócio?

Um dos mais significativos resultados que pode ser alcançado com essa estratégia é aumentar o poder de atração e de fidelização da companhia e, consequentemente, elevar o faturamento.

Ao começar a entregar produtos e serviços próprios, a sua empresa passa a atender de forma realmente pontual as necessidades do seu público-alvo, com soluções direcionadas para o perfil desses consumidores, oferta que nem sempre pode ser encontrada por eles em bancos tradicionais.

Com isso, além de continuar a vender os itens que comumente comercializa, você conquista um “algo a mais” para que esses clientes se mantenham interessados e conectados à sua marca.

Isso chamou a sua atenção? Então confira agora, em detalhes, o que é uma fintech as a service, como funciona, vantagens e como uma parceria desse tipo pode ajudar no crescimento do seu negócio.

O que são as fintechs?

Antes de falarmos o que é uma fintech as a service, é interessante conceituarmos esse modelo de startup e apresentar o atual cenário brasileiro.

O termo fintech é a junção das palavras em inglês financial e technology, o que leva ao conceito de “tecnologia financeira”, em português. Trata-se de empresas que desenvolvem soluções, produtos e serviços financeiros totalmente digitais.

Em uma visão geral, logo que essas empresas começaram a ganhar destaque e ocupar espaço no mercado de serviços financeiros, os bancos tiveram a percepção de que a atuação das fintechs iria gerar impacto significativo nas suas atuações.

Tanto que uma pesquisa da PwC apontou que 73% dos executivos do setor financeiro citaram essa impressão, que as instituições financeiras tradicionais sofreriam alguma interrupção nos seus processos e na oferta de soluções para o público.

A evolução das fintechs no Brasil

De acordo com dados do relatório “Distrito Fintech Mining Report 2021”, da Distrito, o Brasil já conta com 1.158 startups desse tipo, segmentadas da seguinte forma:

  • meios de pagamento: 174 (15%);
  • crédito: 157 (13,6%);
  • backoffice: 153 (13,2%);
  • insurtech: 98 (8,5%);
  • serviços digitais: 96 (8,3%);
  • criptomoedas: 87 (7,5%);
  • risco e compliance: 78 (6,7%);
  • tecnologia: 77 (6,6%);
  • investimentos: 70 (6%)
  • fidelização: 48 (4,%);
  • crowdfunding: 40 (3,5%);
  • finanças pessoais: 39 (3,4%);
  • dívidas: 22 (1,9%);
  • câmbio: 19 (1,6%).

A participação do Banco Central foi determinante para que as empresas desse segmento expandissem suas atuações por aqui.

O próprio órgão regulador, na sua página oficial sobre as startups de serviços financeiros, aponta que alguns dos principais benefícios gerados por elas são:

  • conseguir aumentar a concorrência e a eficiência do mercado de crédito;
  • gerar rapidez e celeridade nas transações;
  • diminuir a burocracia no acesso ao crédito;
  • criar condições para reduzir o custo do crédito;
  • promover inovação para o setor financeiro;
  • facilitar o acesso ao Sistema Financeiro Nacional.

A fim de fomentar o crescimento desse setor, o Banco Central lançou regulamentações direcionadas especificamente para essas empresas: resoluções 4.656 e 4.657, instituídas em 2018, pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Resolução nº 4.656

A Resolução CMN n° 4.656, de 26 de abril de 2018, estabeleceu dois modelos operacionais distintos: a Sociedade de Crédito Direto (SCD) e a Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP).

Com a SCD, as fintechs têm permissão para usarem recursos próprios para ofertarem empréstimos. Na SEP, podem trabalhar como intermediadoras em operações de empréstimos e financiamentos no formato P2P, de pessoa para pessoa.

É importante destacar que, antes dessas permissões, a participação das fintechs no mercado de serviços financeiros brasileiro se limitava ao papel de correspondentes bancários, conforme estava definido na resolução nº. 3.954 de 24 de fevereiro de 2011.​​

Resolução nº 4.657

Já a Resolução CMN n° 4.657, de 26 de abril de 2018, foi a que permitiu que as fintechs pudessem realizar atividades voltadas para operações de custódia, securitização e venda de direitos creditórios.

Com isso, seu campo de atuação se tornou mais abrangente, o que também contribuiu para o crescimento desse segmento.

Outras regulamentações

Mas o Banco Central seguiu implementando medidas que facilitam a participação e a atuação das fintechs no mercado financeiro.

Uma das decisões mais recentes foi a resolução 4.792, de 26 de março de 2020, que promoveu alterações na resolução nº 4.656/2018.

Como uma forma de enfrentamento aos efeitos financeiros da pandemia, o CMN permitiu que as fintechs de crédito pudessem também emitir cartões de crédito, com o objetivo de ajudar o acesso dos consumidores a esse meio de pagamento.

Por disponibilizarem as suas soluções de modo 100% digital, o órgão regulador entende que as startups de serviços financeiros são facilitadoras de acesso a esses produtos, contribuindo para que mais pessoas usufruam desses recursos.

O que é uma fintech as a service?

Uma fintech as a service é uma empresa de tecnologia bancária que possibilita que outros negócios incluam produtos e serviços financeiros ao seu portfólio de soluções para oferecerem aos seus clientes.

Essas startups de serviços financeiros podem prestar os seus serviços e fornecer a sua tecnologia para companhias dos mais variados segmentos, sendo o setor varejista um dos que mais se destacam.

Mas, além do varejo online e presencial, entre outros mercados, até bancos e outras startups podem se beneficiar de uma parceria desse tipo, visto que ela reduz o tempo de desenvolvimento dos produtos e já resolve todas as questões regulatórias características do setor financeiro.

Como funciona uma FaaS?

Como dissemos logo no início deste artigo, uma FaaS funciona por meio da oferta de APIs, que são instruções de programação que promovem a comunicação entre diferentes pontos.

Para esse conceito ficar mais claro, imagine uma “caixa” que, dentro dela, tem todas as orientações, parâmetros e definições que você precisa para disponibilizar aos seus consumidores um produto financeiro próprio da sua empresa, com a sua marca – por exemplo, uma conta digital.

Ao adquirir essa “caixa”, será preciso apenas ajustar alguns pontos como a identidade visual da sua solução e as regras de funcionamento, tais como tarifas, limites, entre outros.

Ou seja, na prática, a sua empresa estará usufruindo da tecnologia da fintech as a service para expandir o seu portfólio de produtos e serviços – com a inclusão dos voltados para o mercado financeiro -, mas é o nome do seu negócio que estará à frente.

Aqui, vale lembrar também que toda a parte de regulamentação é de responsabilidade da FaaS, assim como testes e ajustes dos produtos antes da implementação, e adequação às normas e leis conforme elas acontecem.

Reforçando uma informação que já demos, não há necessidade de desviar do seu core business para agregar e oferecer soluções financeiras para o seu público. Isso contribui para que a sua empresa expanda o seu foco de atuação e se mantenha fazendo o que faz de melhor.

Como uma fintech as a service pode ajudar no crescimento do seu negócio?

Uma fintech as a service pode ajudar no crescimento do seu negócio ao trazê-lo de maneira facilitada para o mercado de serviços financeiros e, com isso, contribuir para que a sua empresa consiga resolver dores pontuais que o seu público tem com esse setor.

Em uma visão geral, é possível dizer também que as soluções Banking as a Service, oferecidas por fintech, ajudam a fidelizar clientes no e-commerce.

Sobre isso, vale ressaltar um ponto bem importante: cada dia mais as pessoas estão interessadas e aderindo ao que é oferecido pelas fintechs.

Uma prova dessa percepção vem de uma pesquisa da Capgemini, multinacional francesa voltada para serviços de consultoria, tecnologia e outsourcing.

De acordo com esse levantamento, 70% dos clientes bancários preferiram as fintechs aos bancos tradicionais devido às taxas menores cobradas pelas startups. Somado a esse motivo, a experiência oferecida (68%) e a velocidade dos serviços (54%) também fomentaram essa transição.

Se as pessoas que já têm algum tipo de relacionamento bancário estão migrando para as fintechs, imagine as que ainda não tem!

Segundo dados do Instituto Locomotiva, referentes a janeiro de 2021, e divulgados no site Valor Investe, 34 milhões de brasileiros seguem sem acesso a serviços bancários.

Considerando quem não tem conta em banco (16,3 milhões = 10% da população) e os que fazem pouco uso (17,7 milhões = 11%), chegamos a um total de 21%.

As pessoas que fazem parte desse grupo – mesmo que sem acesso a produtos financeiros – são as responsáveis por movimentar, aproximadamente, R$ 347 bilhões por ano, o que representa 8% da massa de renda do país.

Uma das razões citadas pelos participantes da pesquisa para se manterem desbancarizados está o fato de não terem renda e/ou estarem negativados (40%).

Condições como essa tiram desse público o acesso a serviços como poupança, obtenção de crédito, empréstimo, contratação de seguro e, especialmente, a possibilidade de usarem diversos meios de pagamentos digitais, o que tende a ser um problema para os que desejam fazer compras online.

O papel da FaaS no e-commerce

E por que dissemos que as soluções de uma fintech as a service ajudam a fidelizar clientes? Porque elas possibilitam que o varejo entregue para os consumidores o que eles realmente precisam e esperam do setor financeiro.

Uma FaaS no e-commerce, por exemplo, é um caminho para criar soluções financeiras que ajudam a diminuir a burocracia comumente encontrada nos bancos tradicionais – característica essa que, além de dificultar o acesso das pessoas aos produtos e serviços, pode deixá-las desconfortáveis.

Vale destacar também que uma loja de varejo tem muito mais capacidade e competência para identificar e entender as dores dos seus consumidores, principalmente em comparação a um banco que não tem uma relação tão direta, de confiança e estreita com esse público.

Há tempos, o varejo já contava com ofertas que traziam para si essas pessoas, como era o caso dos conhecidos crediários.

É possível dizer, portanto, que disponibilizar produtos e serviços financeiros próprios é uma evolução desse modo de se relacionar com os clientes e de buscar meios de facilitar o acesso deles aos itens que precisam.

Em suma, entrar para o mercado financeiro, com o apoio de uma fintech as a service, é uma forma de atrair novos consumidores, fidelizar os que já estão na base e, paralelo a isso, conquistar mais um diferencial competitivo para o negócio, destacando-o dos concorrentes.

Quais produtos e serviços financeiros podem ser oferecidos dessa forma?

Agora você deve estar se perguntando quais podem ser os produtos e serviços financeiros que estamos citando tantas vezes aqui, não é mesmo?

A parceria com uma fintech as a service possibilita que a sua empresa ofereça aos seus consumidores soluções tais como:

  • conta digital;
  • cartão de crédito;
  • cartão de débito;
  • empréstimos;
  • produtos de investimento;
  • seguros;
  • pagamento de contas diversas;
  • transferência e recebimento de valores via Pix, TED e DOC.

Em resumo, é possível dizer que o seu negócio passa a ter o seu próprio banco digital, o que pode ajudar também no relacionamento com fornecedores e parceiros de negócio, além de gerar uma nova fonte de receita por meio da cobrança de taxas e tarifas operacionais.

Para escolher quais dessas possibilidades vale a pena agregar ao seu portfólio, é interessante considerar o perfil do seu público-alvo e as características principais da sua empresa.

Quais são as maiores vantagens dessa parceria para um e-commerce?

Descartar preocupações com questões regulatórias e reduzir significativamente as etapas de desenvolvimento e seus custos, como já dissemos, são duas das vantagens de contar com uma fintech as a service para entrar no mercado de serviços financeiros.

A geração de uma nova fonte de renda para o negócio, que acabamos de mencionar, também é um benefício bastante significativo.

Mas além desses pontos positivos, há várias outras vantagens de fechar parceria com uma FaaS. Entre as que mais se destacam estão:

  • atender de forma pontual às necessidades do seu público;
  • aumentar o poder de atração e fidelização da empresa;
  • destacar e fortalecer a sua marca;
  • elevar o seu potencial competitivo;
  • melhorar a experiência do cliente e aumentar o volume de vendas;
  • reduzir o número de desbancarizados;
  • colaborar com o processo de digitalização do dinheiro.

Atender de forma pontual as necessidade do seu público

Assim como já falamos, oferecer as próprias soluções financeiras é uma boa maneira de atender pontualmente às necessidades e sanar as dores do seu público, visto que o relacionamento que já tem com eles permite obter insights importantes sobre o que essas pessoas precisam.

Somado a isso, os produtos e os serviços financeiros serão criados com base no perfil, expectativas e comportamento dos clientes, tornando toda a oferta muito mais precisa e com maiores chances de adesão.

Aumentar o poder de atração e fidelização da empresa

A vantagem anterior resulta nesta, que é aumentar o poder de atração e de fidelização da sua empresa.

Além de dar ao público que eles precisam, em um único lugar eles poderão encontrar tudo o que precisam. Isso abrange a oferta de itens característicos do seu e-commerce, e também contas digitais, empréstimos, seguros, entre outros, de acordo com a sua proposta.

Destacar e fortalecer a sua marca

Por sua vez, isso expande o seu campo de atuação e, com isso, torna a sua marca mais conhecida, destacando-a e fortalecendo-a no seu mercado de atuação.

Desse modo, quando os consumidores precisarem de algo que empresas como a sua oferecem, as chances de escolher a sua para fecharem negócio tendem a aumentar, considerando que você conta com um portfólio mais amplo e benéfico para eles.

Elevar o seu potencial competitivo

Seguindo essa linha de raciocínio, a sua marca tem uma oportunidade mais expressiva de se destacar dos concorrentes, especialmente se trabalhar com soluções financeiras de que eles ainda não dispõem.

Esse é um diferencial competitivo bastante significativo, que contribui para deixar a sua empresa passos à frente das demais do mesmo segmento.

Melhorar a experiência do cliente e aumentar o volume de vendas

Por exemplo, oferecer um cartão com marca própria não apenas ajuda a fidelizar clientes, como também costuma melhorar a experiência de compra deles e gerar importantes vantagens.

Uma das possibilidades dentro desse conceito é dar descontos para compras que forem pagas com o cartão private label do seu comércio. Isso tende a contribuir para que sempre escolham o seu e-commerce para comprar, o que, consequentemente, ajudará a elevar o seu volume de vendas e faturamento.

Reduzir o número de desbancarizados

E lembra que mencionamos o alto número de desbancarizados e p quanto os processos burocráticos dos bancos tradicionais podem contribuir para esse índice? Pois bem, com a ajuda de uma fintech as a service, é possível reduzir essa taxa, abrindo as portas para que mais pessoas tenham acesso a serviços financeiros digitais.

Principalmente no e-commerce, que já é um segmento nativo digital, oferecer soluções financeiras tem tudo para ser algo fácil e rápido.

De acordo com a análise de risco definida para o seu negócio, a adesão a esses serviços pode ser feita de maneira desburocratizada – lembrando, inclusive, que essa é uma das principais características das fintechs.

Colaborar com o processo de digitalização do dinheiro

O Relatório de Tendências 2022, da Zoop, destacou que o futuro dos meios de pagamento é digital.

Segundo o levantamento, essa digitalização foi a responsável por tirar de circulação, aqui no Brasil, mais de R$ 40 bilhões de dinheiro em espécie.

As soluções de pagamento digital também estão se consolidando, como é o caso do Pix, que já acumula mais de 117,7 milhões de usuários, e as carteiras digitais, que tiveram um aumento de adesão de 89% entre os brasileiros.

Portanto, entrar para esse setor é uma forma de se adequar a essa nova realidade e de colaborar com o processo de digitalização do dinheiro.

Por que uma fintech as a service pode ser vista como o futuro dos meios de pagamento?

Depois de todas essas informações, é possível dizer que uma fintech as a service pode ser vista como o futuro dos meios de pagamento por facilitar a entrada de empresas de diversos segmentos no mercado de soluções financeiras.

Uma FaaS contribui para que diferentes negócios criem os seus próprios produtos e serviços financeiros digitais. Com isso, podem atender de forma mais pontual e precisa os seus clientes.

Paralelo a esse ponto, as fintechs as a service simplificam a inclusão de novos meios de pagamento às suas plataformas por um processo de implementação otimizado e livre de barreiras regulatórias.

A escolha da FaaS ideal para ser sua parceira nessa jornada deve considerar critérios como:

  • soluções e métodos de pagamento oferecidos;
  • tecnologia utilizada;
  • facilidade e prazo de implementação;
  • suporte;
  • tempo de atuação nesse mercado;
  • e até analisar quais são as outras empresas que já contratam os serviços.

Por fim, é interessante destacar que, no varejo do futuro, as soluções financeiras digitais serão umas das principais responsáveis pela evolução do setor.

Leia também: A importância dos serviços financeiros integrados entre e-commerce e loja física