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Experiência de compra: dicas e lições ao varejo em tempos de coronavírus

Por: Rodrigo Roland

É CEO fundador da Data System, empresa especialista em softwares para o varejo de calçados e roupas. Formado em Tecnologia da Informação e MBA em Gestão de Negócios pela Universidade Metodista de Piracicaba, possui MBA em Gestão Comercial pela Fundação Getúlio Vargas.

O varejo, que seguia otimista desde o último maior evento de compras, o Natal, foi surpreendido com a chegada do coronavírus no Brasil. Num momento em que imaginávamos que o setor ganhava tração após duros dias de recessão, o Covid-19 chegou como um tsunami. Diante deste cenário, cabe a todos uma adaptação para este momento, que vislumbramos cessar o quanto antes.

E, como em qualquer crise, certamente estamos aprendendo várias lições, tanto no quesito de novos modelos de trabalho, quanto em relação aos canais de venda — muitos deles que sabemos ser necessários e importantes, mas acabam não saindo da gaveta.

Nesta hora, quem estava preparado certamente terá um impacto menor. Num mundo cada vez mais digital, quantos empreendedores planejavam iniciar as operações no e-commerce ou mesmo criar ou potencializar as estratégias de venda digital nas redes sociais ou marketplaces?

Roupas e calçados

No varejo de calçados e roupas, por exemplo, sabemos que as grandes redes físicas já estão no e-commerce e hoje buscam potencializar o alcance da venda digital. Portanto, neste momento cabe a elas encontrar formas de manter o tráfego no site, criar mecanismos para estimular a compra e garantir que os produtos sejam entregues. Ou seja, mesmo com as portas de suas lojas físicas fechadas, as vendas continuam acontecendo, mesmo que em um ritmo menor.

De acordo com a recente pesquisa da NZN Intelligence, 71% das pessoas entrevistadas apontam que pretendem aumentar o volume de compras online a partir de agora. Alguns consumidores se forçaram a comprar pelo e-commerce por não poder sair de casa, e isso significa uma quebra de paradigmas e novas experiências que tendem a gerar novos hábitos de consumo.

Uma dúvida antiga fica mais evidente neste momento: por que apenas as grandes organizações estão adiantadas na sua transformação digital? Em resumo, o maior desafio das empresas está em operacionalizar a venda no digital. Afinal, trata-se de um modelo de negócio diferente da loja física, mas que complementa o relacionamento com os clientes e potenciais consumidores da marca.

Planejamento

Existe tecnologia para uma operação online disponível para todos os portes de empresa. E o primeiro passo para o projeto sair do papel é fazer um planejamento baseado em três pilares: pessoas, processos e tecnologia, que devem ser alinhados à estratégia de venda por um ou mais novos canais. Além disso, é preciso considerar os investimentos para essa operação, que também irão variar de acordo com os objetivos de cada empresa.

Levando em conta que o maior desafio da ida do varejo ao e-commerce está dentro de casa, é a hora de repensar um novo modelo. Além disso, vale considerar que além de estar cada vez mais exigente, o consumidor busca por experiências em canais integrados — e o digital é um forte aliado para conversão de vendas em lojas físicas.

Pós-quarentena, os consumidores devem mudar sua maneira de comprar. Ninguém vai deixar de visitar lojas, ir aos shoppings e fazer suas compras. Porém, a experiência da compra online tende a crescer.

Não esperávamos ser surpreendidos tão negativamente em nossos negócios. O que temos passado nos últimos dias serve como uma grande lição. Novos modelos de relação comercial devem ser pensados e todos os canais e formas de venda devem ser vistos como uma loja física.