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Os aspectos de ESG no mercado de e-commerce

Por: Rodrigo Gonçalves Lasalvia

Profissional formado em Administração de Empresas, pós-graduação em Logística, Capacitação em Qualidade e Processos, MBA em Gestão de Negócios e Capacitação em Gestão em Sustentabilidade com mais de 15 anos de experiência na área de Governança e Compliance de Cadeias de Valor de grandes empresas (C&A Brasil S/A e RaiaDrogasilS/A). Atuou no processo de construção, reestruturação, consolidação e globalizando das respectivas áreas, adequando-as às melhores práticas de mercado em relação ao tema. Prêmio Amcham Eco (2017) - Rede de Fornecimento Sustentável e Prêmio Amcham Eco (2020) - Programa de Monitoramento Participativo, ambos conquistados com uma equipe extremamente dedicada. Idealização e implantação da tecnologia blockchain para monitoramento e transparência do processo produtivo do varejo de moda (Revista Forbes – abril/2021).

A sigla ESG não deve ser segredo para quase ninguém no mundo corporativo. Afinal, quem ainda não ouviu falar, seja em uma reunião remota, seja no corredor ou no espaço café das corporações, sobre questões Ambientais (Environmental), Sociais (Social) e de Governança (Governance)? Como bons brasileiros, e para valorizar o nosso idioma, até já a transformamos em ASG.

De acordo com o site do Pacto Global, essa sigla “surgiu” em 2004, em uma publicação do próprio Pacto Global em parceria com o Banco Mundial, quando o então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, provocou os 50 CEOs de grandes instituições financeiras a incluírem as questões ambientais, sociais e de governança no mercado de capitais. De lá para cá, já se passaram 18 anos, ou seja, quase duas décadas, e só de aproximadamente três anos para cá é que o tema ganhou maior notoriedade e relevância para os negócios no Brasil, sejam eles, micros, pequenos, médios, grandes, ou até gigantes.

O ideal é que práticas ESG sejam inseridas no DNA das pessoas e das suas “companhias”, independentemente do porte e/ou segmento de atuação.

ESG no DNA

Há quem diga que “precisamos surfar a onda ESG” ou que o “ESG está na moda”. Eu penso diferente, pois com alguma experiência no tema, mais precisamente em cadeia de valor, recomendo que as práticas ESG sejam inseridas no DNA das pessoas e das suas “companhias”, independentemente do porte e/ou do seu segmento de atuação. Isso porque ondas vêm e vão, a moda é cíclica, mas o que está no nosso DNA não tem como se tornar algo passageiro. Outro exemplo é quando selecionamos uma pessoa para algum cargo em nossas empresas. Esperamos delas sempre uma postura ética, respeitosa, transparente, honesta, e por aí vai, certo? E por que não aplicamos essa postura na condução das nossas empresas em relação ao mundo e à sociedade, incluindo a relação com os nossos parceiros comerciais?

Como empreendedores, não importando o tamanho das nossas empresas, é fundamental a criação de valor de negócio a longo prazo, tornando-o perene. Esse é o capitalismo de stakeholders, onde são consideradas as necessidades de todas as partes interessadas (todas), e não somente o lucro da própria empresa como objetivo único, pois o “fim não deve justificar os meios”, a não ser que os meios sejam corretos. É crucial pensar em um formato de desenvolvimento sustentável, onde devemos suprir as nossas necessidades sem comprometer a habilidade das gerações futuras de suprirem as suas próprias necessidades. Mais sobre o tema desenvolvimento sustentável pode ser lido aqui.

ESG no e-commerce

E o negócio de e-commerce não fica, ou melhor, não está fora deste “DNA do ESG”. Há oportunidades para todos. Lembro-me de quando comecei a visitar empresas para auditá-las nas práticas de ESG, isso em 2006 e 2007. Nessa época, só o Kofi Annan falava do tema…rs. Brincadeiras à parte, na ocasião, eu comentava com os donos das micro e pequenas empresas que eu visitava (que algumas vezes recusavam a nossa visita) que a empresa era o cartão de visita deles, e quanto melhor ela fosse, em todos os aspectos, melhores e maiores seriam as oportunidades de novos clientes e novos negócios. Com o passar de tantos anos, fico feliz de saber que a maioria daqueles empresários acreditou na ideia e no desafio, mesmo antes da “onda” ESG. Agora é o momento de o e-commerce seguir esse mesmo caminho…

O que vivenciei no passado não é diferente do presente em relação aos sellers. Posso apostar que a grande maioria dos empresários desse segmento, novamente (pequenos, médios ou grandes), já foi questionada via hunting, ou até no processo de cadastro em um “mar aberto” no site de um grande marketplace, acerca da procedência dos produtos, e/ou de que forma foram fabricados, por quem, onde, e o que foi feito com o resíduo da produção. Os sellers que olharem, de forma genuína e com propósito, em busca de evolução e cumprimento das práticas de ESG, sem dúvida alguma, terão grande sucesso. Querem testar? Experimentem na próxima conversa com seus futuros, ou atuais parceiros, comentar sobre o tema, sobre os projetos que colocarão em prática olhando para a geração de impactos positivos, indo verdadeiramente ao encontro das práticas ESG. É quase certo que o nível, e as oportunidades de negócios, mudará de patamar.

Grandes empresas de marketplace estão sedentas em ter os melhores sellers. Entende-se como melhores sellers os que possuem ótimos produtos, com alto giro, plena aceitação pelo consumidor e que, além de tudo, têm produtos e processos que geram impactos positivos, alinhados às práticas de ESG. Há marketplace que já se associou a programas como a Abvtex, de certificação em questões socioambientais e de governança. Outros estão buscando, via associação ou não, uma forma de promover padrões de negócios socialmente responsáveis. Isso porque querem fazer certo o que é certo.

Para finalizar, compartilho um pensamento que nos ajuda a refletir ainda mais a respeito: toda ação causa impactos, positivos e negativos, e como empreendedores temos ainda mais oportunidades de ampliar os impactos positivos e reduzir os negativos…

Abraços, e bons negócios, para todos!

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