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E-commerce no agronegócio está em fase inicial, porém indispensável ao setor

Por: Helenice Moura

Sales Executive na WEBJUMP

É cofundadora da A Liga Digital - projeto social que leva jovens de periferia para o mercado digital -, membro da Diretoria de Diversidade e Inclusão da APP Brasil, comentarista da Record News, Google Partner desde 2008 e presidiu de 2018 a 2022 o Comitê de Líderes de E-commerce São Paulo.

A transformação digital está relacionada não apenas às máquinas e aos equipamentos, mas em toda uma revolução cultural e social do setor de agro no país. Hoje acontece um grande movimento de inversão de poderes. Só para ter uma ideia, uma única pessoa pode destruir todo o trabalho de uma marca apenas com um post nas redes sociais.

Todo o modelo do agronegócio está sendo reestruturado com a transformação digital. O agro está rompendo as barreiras entre o que produz e o que consome. Outro ponto super forte acontece em maior ou menor escala nas empresas de todos os segmentos. Afinal, elas estão se reinventando e isso é muito positivo para toda sociedade.

À medida em que novos modelos de negócio surgem e as relações entre produtores e consumidores ficam mais fortes, observo que a sociedade está mais conectada e pronta para adotar modelos de negócio mais saudáveis e competitivos. A transformação digital é a grande força motora do agronegócio neste momento.

O e-commerce no agronegócio

E quando falamos de e-commerce? Parece um bicho de sete cabeças, né? Há quem diga ser só colocar uma lojinha no ar (coisa que você pode fazer gratuitamente na internet). Também há quem afirma ser algo extremamente complexo, que depende de milhões de investimento. A realidade é que quem chega primeiro “bebe água limpa”. Portanto, ter força de vendas online hoje, associada à loja virtual e às redes sociais, é primordial para a sustentabilidade do agronegócio a médio e longo prazo.

Vou colocar um dado para você entender um pouco desse cenário agro. Segundo pesquisa da Mackinsey em maio deste ano, mais de 33% dos agricultores já estão dispostos a comprar insumos online nas próximas duas safras. E eu preciso te lembrar que ter uma loja online envolve diversos fatores. Vai desde a criação da loja a um modelo de faturamento, logística, atendimento ao cliente, entre outros. Ou seja, é um processo que pode transformar e envolver todas as partes da empresa. Por isso mesmo eu reforço a necessidade de iniciar o processo o quanto antes.

Outro dado que acho importante destacar: mais de 77% dos produtores rurais usam WhatsApp todos os dias para resolver questões relacionadas a fazenda (segundo pesquisa da Mackinsey). Neste momento, o e-commerce é muito mais utilizado para base de pesquisa, comparação e consultas, pois as vendas de maior valor agregado ainda são fechadas pessoalmente. Porém, a pandemia, a crescente busca pelo aumento da produtividade no campo e a troca de gerações estão forçando o crescimento do comércio eletrônico. A comodidade de pesquisar online e encontrar as melhores soluções à sua necessidade têm sido cada vez mais valorizada pelo homem do campo. Paralelamente, o crescimento das Agrofintechs — startups de financiamento de safra e insumos online — está levando o produtor rural cada vez mais para o ambiente online.

Ganhos da transformação digital

Para os produtores, as maiores facilidades são ganhos de competitividade. Isso porque conseguem comparar melhor, comprar mais rápido e muitas vezes em conjunto — como já acontece na Argentina com o movimento Farmers. Para as empresas que vendem as vantagens são ainda maiores. Afinal, elas conseguem atingir mais produtores de todos os tamanhos com a mesma experiência e qualidade. Além disso, a aproximação entre indústria e produtor rural no e-commerce ajuda a indústria a entender melhor o comportamento do produtor rural e otimizar seus produtos e serviços. As barreiras geográficas, que sempre foram tão importantes no campo, agora não existem mais.

Dica valiosa

Para montar um e-commerce no ambiente do agronegócio é preciso muito planejamento. Muitas empresas preocupam-se apenas com a tecnologia, plataforma e logística. Entretanto, gosto de ressaltar a importância de olhar para dentro e entender o que precisa ser estruturado — para, assim, garantir uma ótima experiência para o produtor rural ou consumidor do e-commerce. É como dizemos: “o problema está da porteira pra dentro”.

No e-commerce não tem fórmula pronta, pois o segredo é tentativa e erro dentro de um método. Estamos na fase inicial do e-commerce, onde é preciso ganhar a confiança do produtor rural. E eu digo e reafirmo: para ganhar essa confiança, é preciso entregar uma experiência incrível. Portanto, prepare-se! Quem ainda não está estruturando sua presença digital deve começar agora.