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E-commerce em supermercados em momento de pandemia

Por: Gabriel Junqueira

Editor do portal InfoVarejo, maior portal focado no dia a dia do varejo do Brasil. Diretor da Avanço Informática e cofundador da plataforma de compras SuperCompras. É economista pelo IBMEC e administrador de empresas pela EM Strasbourg Business School na França.

Supermercado é um dos segmentos com menor penetração do e-commerce. Existem algumas razões, desde a logística que representa um custo representativo em um setor de baixas margens até a complexidade que os produtos perecíveis trazem à operação, como hortifrúti, padaria, produtos frios e açougue, a experiência e a conveniência que o consumidor espera no momento da compra.

É importante notar que o segmento de supermercados é pulverizado com milhares de varejista regionais, principalmente no interior dos estados. Com a pandemia, todos os supermercados, independentemente do porte, viram o cenário de vendas mudar, junto com o comportamento de compra dos seus clientes.

Era pré-pandemia

Antes da pandemia, quando observamos as redes independentes de supermercados, uma pequena minoria já operava no formato online. Tendo como base nossos clientes de software de gestão, menos de 5%. Apesar de dar um enfoque maior aos supermercadistas independentes, que não são grandes redes, isso também é verdade para as grandes redes de supermercados. Em uma estimativa feita em fevereiro, verificou-se que apenas 18 dos 50 maiores supermercadistas brasileiros tinham e-commerce.

A maioria dos supermercadistas que estava no e-commerce o fazia mais por razões estratégicas do que financeiras ou comerciais. Financeiramente, o canal online tinha dificuldade de provar sua lucratividade, uma vez que o volume de vendas era pouco expressivo, chegando na média até a 3% do faturamento da loja e quando muito acima de 5%, e carregava um custo expressivo, com plataforma, marketing digital e pessoal – por mais que se utilizassem os funcionários da loja.

Por outro lado, investir no e-commerce tinha o apelo estratégico para o varejista. Ou seja, fomentar o aprendizado e começar a desenvolver as competências necessárias para a venda nesse canal, como as operações logísticas e o marketing digital. Além disso, reforçar a marca do varejista com modernidade e conveniência para os clientes.

Como a tendência natural é um aumento de vendas online, quando a onda viesse, o supermercadista estaria preparado para tirar vantagem dela.

E a onda chegou aos supermercados

Após a pandemia, a estatística de supermercados com venda online inverteu-se. Em um levantamento realizado pelo portal InfoVarejo, junto a centenas de supermercadistas, foi observado que 75% dos varejistas passaram a realizar vendas online, seja por meio de lojas virtuais ou em formatos mais simples, como vendas via WhatsApp ou conectando-se a um marketplace, como iFood e Rappi.

Supermercadistas que antes vendiam 2% no canal digital viram esse número aumentar cinco vezes, ultrapassando 10% em várias redes. Mesmo aqueles supermercadistas que optaram pelo modelo mais simplificado das vendas online, via WhatsApp ou marketplaces, também perceberam o aumento significativo de vendas.

Além de observamos o aumento de lojas que vendem online e a proporção de vendas online dos supermercados, o ticket médio das vendas online é significativamente maior que o ticket médio da loja. Segundo relato de um pequeno supermercado do setor, enquanto o ticket médio da loja era de aproximadamente R$ 30, ele viu pedidos online de na média R$ 300, chegando a pedidos de R$ 1 mil.

A história premiou a visão e a gestão

Aqueles varejistas que estavam preparados se despontaram e ganharam não apenas vendas, mas clientes.

O empresário que não se preparou se deparou com um mundo novo, cheio de dificuldades e incertezas. Já aqueles que já estavam trilhando o caminho do e-commerce viram oportunidades.

Estruturar uma operação de e-commerce em um supermercado não é nada fácil. Além de investimentos e conhecimento, exige tempo. Desde o cadastro de produtos preparado para as vendas online, com descrição e imagem, até a separação dos produtos, sendo realizado de forma automatizada e eficaz; Ou seja, operacionalizar com sucesso o e-commerce no supermercado é uma longa jornada.