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O movimento dos alimentos orgânicos não parou. E continua crescendo...

Por: Clauber Cobi Cruz

Designer, fundador da CobiDesign e participante de iniciativas do mercado de orgânicos há duas décadas. Há 15 anos está na Organis e há dois anos é o diretor executivo da entidade.

Perder vidas para um vírus agressivo é o que pode acontecer de pior para a sociedade. No entanto, a principal marca dessa pandemia foi o isolamento social para conter o Covid-19 e preservar o setor de saúde. De quarentena, os habitantes das grandes cidades retomaram uma atividade à qual há muito não se dedicavam: cozinhar! E foi cozinhando que se deram conta da importância dos alimentos orgânicos para a manutenção da saúde.

Alimentar-se com produtos saudáveis e naturais é decisivo para ter imunidade e proteger-se de qualquer doença. Essa conscientização provocou um aumento na demanda por frutas, legumes e verduras — a chamada sessão de FLV nas redes varejistas — justamente os produtos que abrem as portas do mercado de orgânicos aos novos consumidores. Resultado: o setor não perdeu o vigor ao longo dessa crise. Ao contrário, a expectativa é a de manter as estimativas de crescimento na ordem de 10% em 2020.

Aumento de orgânicos

Dependendo do cenário, essa previsão poderá inclusive ser ampliada. Nas sondagens com diversos players do setor de orgânicos, percebemos um claro otimismo. Isso porque muitos sentiram um crescimento expressivo na procura por seus produtos durante o período de quarentena. De fato, o consumo de alimentos orgânicos — livres de agrotóxicos e cultivados de forma a preservar seus atributos nutritivos e ambientais — está associado pelo consumidor com a manutenção de um estilo de vida natural e saudável.

Se de um lado a conscientização aumentou, de outro não faltou poder aquisitivo para esse flerte com os produtos orgânicos. Da mesma forma que se dispõe a pagar mais pelo prazer de, por exemplo, degustar uma cerveja artesanal, o consumidor percebeu que é viável manter alimentos orgânicos na sua dieta, para agregar mais valor em termos de saúde e bem-estar.

E-commerce de alimentos

O crescimento do e-commerce nesse período de quarentena também jogou a favor dos orgânicos. Os serviços de entrega online, com fornecimento de cestas orgânicas, garantiram o abastecimento regular e trouxeram uma nova experiência de compra e venda. Os produtores, de repente, viram-se diante da necessidade de ampliar sua presença no ambiente digital, encontrando formas de divulgar suas ofertas e solucionar os problemas de logística diferenciada.

Para o setor de orgânicos, a volta à normalidade terá um impacto mais positivo do que aquele sentido por outros setores. Sem aeronaves no pátio esperando para decolar, sem taxas de ocupação com que se preocupar, os produtores orgânicos vão se beneficiar da conquista de novos consumidores, que experimentaram e aprovaram seus produtos. Essa conquista não tem volta.

Inserido na dinâmica do agronegócio, o setor de orgânicos tende a seguir em sua trajetória de crescimento. Apesar da baixa previsibilidade que a carência de dados abrangentes ainda nos impõe, esse otimismo é reflexo do aumento contínuo que vínhamos percebendo no número de unidades produtivas cadastradas no MAPA. Além disso, o espaço que os orgânicos vêm ocupando nas redes varejistas de todo o país é cada vez maior. O potencial para aumentar a produção é enorme, enquanto que o número de consumidores dispostos a consumir mais orgânicos só aumenta.

Diante da crise provocada pelo Covid-19, o setor de orgânicos não só está conseguindo se manter, como também é um dos poucos com expectativa de crescimento e aumento de produção. Produtores, varejistas e prestadores de serviço, confinados nesse período de quarentena, estão aproveitando muito bem as oportunidades para aprender, planejar e inovar.