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Tudo o que você precisa saber sobre digitalização de meios de pagamento

Por: Anahy Zamboni

Jornalista, atua há mais de dez anos com criação de conteúdo, redação e copywriting. Já escreveu para segmentos, como: educação, saúde, beleza, nutrição, finanças e contabilidade. É especialista em Marketing Digital, Performance e SEO. Atualmente, escreve sobre Startups, SaaS, mercado de pagamentos e fintechs.

O cenário de isolamento social resultante da pandemia de 2020 transformou a forma como as pessoas consomem, o que, por sua vez, forçou novos comportamentos do varejo e do mercado de pagamentos como um todo. A digitalização ocupou um papel cada vez mais protagonista na maioria dos processos, inclusive nos meios de pagamento.

Assim, recursos já existentes, como os pagamentos touchless, ganharam mais espaço, bem como o surgimento e o aprimoramento de novos meios de pagamento nativos digitais foram acelerados e lançados em meio a esse contexto, como o Pix e as insurgentes moedas digitais, que prometem ser a grande novidade do mercado para os próximos anos.

Pix, moedas digitais e pagamento por aproximação são apenas o início do quem vem por aí na digitalização de meios de pagamento no Brasil.

Para o varejo, além da necessidade de se adequar ao ambiente online e se tornar omnichannel, é cada vez mais necessário entender o funcionamento desses novos meios de pagamento e se adequar a essa realidade digital para conquistar e fidelizar clientes. Por isso, neste artigo, vamos explorar os potenciais e as possibilidades da digitalização dos meios de pagamento de agora para o futuro.

Pix: o grande propulsor da digitalização de pagamentos

Lançado em novembro de 2020, talvez o Pix não tenha sido o primeiro recurso digital de pagamentos, mas, sem dúvida, foi um grande marco para a digitalização, além de um dos principais responsáveis pela aceleração dos pagamentos digitais. Isso porque, além de ser fácil de usar e possibilitar a liquidação de uma transação financeira em poucos segundos, o Pix incluiu na economia digital tanto empreendedores e empresas quanto consumidores que antes não tinham acesso a ela.

Segundo pesquisa da PwC Brasil sobre o mercado de pagamentos, estima-se que o Pix tenha inserido nesse ambiente cerca de 40 milhões de brasileiros, antes sem acesso aos meios de pagamento digitais. Entre eles, microempresas, vendedores de rua e profissionais autônomos.

Com recordes quebrados, dia após dia, o meio de pagamento demonstra grande adesão por parte da população. Segundo o Banco Central do Brasil, atualmente, existem mais de 430 milhões de chaves Pix registradas e, recentemente, no dia 6 de maio, o número de transações feitas em um só dia via Pix bateu 73 milhões, um recorde.

Atualmente, o Pix é um dos principais meios de transferência utilizados, mas sua utilização também vem ganhando cada vez mais relevância como meio de pagamento em estabelecimentos e transações comerciais.

Segundo estudo da consultoria Gmattos, entre 2021 e 2022, a disponibilização do Pix como meio de pagamento em estabelecimentos comerciais cresceu 281%, e ele já é encarado como o preferido do e-commerce. De acordo com levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com o Sebrae, o Pix ocupa o segundo lugar (70%) entre os meios de pagamento preferidos do consumidor, ficando atrás, apenas, do dinheiro (71%).

Conforme o Banco Central, o número de pagamentos realizados via Pix apresentou um crescimento de 34% no último trimestre de 2021, quando superou as transações via cartão de crédito pela primeira vez. Para a instituição, a perspectiva é de que o meio de pagamento ganhe cada vez mais popularidade, uma vez que representa menores custos, em termos de taxas, para o vendedor.

Touchless: o crescimento dos pagamentos por aproximação

A tecnologia NFC (Near Field Communication ou Comunicação por Campo de Proximidade) já não é novidade no Brasil, pois pode ser vista em uso há alguns bons anos, por exemplo, no transporte público, através dos cartões que são aproximados para liberar a catraca. A novidade é que ela se torna cada vez mais popular como meio de pagamento, impulsionada, sobretudo, durante a pandemia.

Em transações de pagamento, realizar uma compra e pagar por aproximação eliminam a necessidade de digitar a senha, tornando o processo mais prático e rápido. Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), no segundo trimestre de 2021, os pagamentos por aproximação totalizaram R$34,4 bilhões, o que representa um aumento de 694% em relação ao mesmo período de 2020. Um crescimento impressionante.

Demonstrando a força que tem como um dos principais meios de pagamento e sua contribuição na digitalização, o cartão de crédito foi o principal meio utilizado para pagamentos touchless, com R$19 bilhões, seguido pelo cartão de débito, com R$10,6 bilhões, e por cartões pré-pagos, com R$4,8 bilhões.

As compras touchless no contexto presencial tiveram um aumento de 455,9% no primeiro trimestre de 2021, batendo R$103,2 bilhões. A Abecs estima que, com isso, as transações por aproximação representam cerca de 30% do total das compras presenciais e aproximadamente 10% do volume de compras efetuadas com cartão de crédito. Em junho de 2021, foram realizadas 112 milhões de transações nessa modalidade, aproximadamente sete vezes mais do que os 16 milhões do mesmo período de 2020.

O papel dos cartões na digitalização

Longe de se tornarem irrelevantes, os cartões continuam sendo um dos meios de pagamento mais utilizados tanto em transações físicas quanto online. A Abecs apontou que as transações via cartão de crédito, débito e pré-pago tiveram um aumento de 36% no primeiro trimestre de 2022, alcançando o patamar de R$758,6 bilhões. Além disso, pela primeira vez, os meios de pagamento, em conjunto, totalizaram nove bilhões de transações, o que representa aproximadamente 100 milhões por dia.

O uso de cartões pré-pagos mais que dobrou nesse período, embora a maior parte das transações ainda estejam concentradas nos cartões de crédito e débito, com R$478,5 bilhões e R$235,4 bilhões de volume transacionado, respectivamente. E para 2022, mesmo com a retomada dos negócios presenciais, as perspectivas continuam animadoras para o e-commerce.

Foram transacionados R$2,17 bilhões via cartão em fevereiro de 2022, segundo a Abecs, um volume muito próximo daquele pré-pandemia – no mesmo período de 2020, foram transacionados R$2,5 bilhões. Com isso, estima-se que a retomada das compras via e-commerce não desacelerou, uma vez que as transações não presenciais movimentaram R$162,4 bilhões no primeiro trimestre deste ano, o que representa um crescimento de 35,2% em relação ao mesmo período de 2021.

Moedas digitais: a próxima grande tendência

As moedas digitais são um tema cada vez mais discutido nos meandros do mercado de pagamentos e surgem como uma forte tendência para o futuro próximo. Nesse contexto, deixam de se limitar às criptomoedas e todos os riscos implicados na mineração, mas surgem como uma necessidade para a economia formal dos países.

O Brasil possui uma estrutura econômica robusta e capaz de integrar novos métodos de pagamento digitais. Resultado disso é o projeto do Banco Central do Brasil para o Real Digital, uma moeda emitida pela instituição a fim de desburocratizar o processo de uso desse recurso e regulamentar uma moeda digital produzida e distribuída pelo Banco Central.

A proposta do Real Digital é criar uma extensão do Real que seja facilmente aceita no varejo e também em pagamentos internacionais, através de operações online e, no futuro, com possibilidades de ampliação para compras offline. O Real Digital chega como uma CBDC (Central Bank Digital Currencies), a versão digital da moeda de um país e modalidade estudada por diversos bancos centrais do mundo.

Com o Real Digital, a ideia é que o Banco Central possa emitir moedas virtuais para a circulação, mesmo que elas nunca sejam impressas. Dessa forma, sua utilização será totalmente regulamentada pela autoridade monetária do país, o que o torna diferente das criptomoedas que, por sua vez, são emitidas e distribuídas de forma descentralizada.

Atualmente, não há influência de governos ou instituições bancárias centrais sobre a criação e mineração das chamadas Bitcoins – o sistema é regulado pela própria rede de usuários, o que pode torná-las altamente instáveis. A diferença reside, ainda, no fato de que as CBDCs, diferentemente das criptomoedas – consideradas ativos financeiros – serão tratadas como dinheiro tradicional, utilizável em operações financeiras cotidianas, como o pagamento de contas, investimentos, transferências e compras.

O Iuan Digital, moeda chinesa, é hoje a CBDC cujo desenvolvimento se encontra mais avançado, embora diversos bancos centrais do mundo estejam em processos de implementação. Na China, estima-se que mais de 20 milhões de pessoas já façam uso da moeda através de carteiras digitais.

Sobre o projeto do Real Digital, recentemente, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, comentou que a moeda digital brasileira deve entrar em testes ainda este ano, no segundo semestre, através de projeto piloto.

A proposta dos meios de pagamento digitais é, de maneira geral, promover uma inclusão ainda maior da população que não possui fácil acesso a serviços bancários tradicionais. Segundo pesquisa da PwC, estima-se que, até 2030, o volume de transações sem o uso de dinheiro físico mais que dobrará. Além disso, devido ao potencial inclusivo dos sistemas de pagamentos digitais, países de maior volume populacional, como o Brasil, tendem a avançar melhor no desenvolvimento de sistemas que comportem tais modalidades.

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