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Dicas para o e-commerce: saúde, consumo consciente, automação e embalagens sustentáveis

Por: Flávia Moreira

É engenheira bioquímica e tem mais de 10 anos de experiência em Marketing e Gestão de Projetos. Atualmente é gerente de marketing na Sealed Air para os segmentos de Fulfillment e Indústria na América Latina.

A pandemia tirou todos nós da zona de conforto dos nossos negócios. E o varejo é um dos mercados que mais tem passado por transformações ao longo deste ano, fazendo com que muitos comerciantes naveguem por mares ainda desconhecidos.

Se compararmos a pandemia a uma tempestade, vimos que lá em março com o estabelecimento das quarentenas, o momento foi de buscar alternativas para não deixar o barco afundar. Quem não tinha um e-commerce, correu para buscar uma estrutura, seja própria ou via marketplaces. As redes sociais foram acionadas e aplicativos de mensagens estão sendo mais explorados para vendas e relacionamento com clientes. Quem já atuava no comércio eletrônico viu a demanda crescer e, junto com ela, o surgimento de gargalos. Todos buscaram alternativas para manter o barco navegando. A demanda cresceu tanto que chegamos a ter dias seguidos com volumes semelhantes aos da Black Friday.

Hoje, após quatro meses do primeiro susto, o varejo consegue navegar mesmo sem previsão certa para o fim da tempestade. Aprendemos, nos estruturamos e buscamos alternativas para atuar no futuro, no “novo normal” que ainda não chegou. Mas nesse meio tempo, o que você, profissional que atua no e-commerce, pode fazer para gerar diferenciação para seu negócio? Neste artigo trago quatro dicas para te ajudar na condução do seu barco durante a tempestade:

1 – Saúde em primeiro lugar

Siga as recomendações das autoridades sanitárias da sua região, disponibilizando máscaras, álcool gel, EPIs adequados para colaboradores e, principalmente, estruture seu centro de fulfillment de maneira a evitar o agrupamento de muitos funcionários em um mesmo espaço. Avalie seus equipamentos disponíveis e busque automatizar processos de maneira inteligente, de modo que se reduza a proximidade dos operadores e os pontos de contato com os produtos, sem perder produtividade.

2 – Estude o comportamento do seu consumidor

Estamos passando por um momento de transformação da percepção sobre a real necessidade de consumo. Os reflexos econômicos da pandemia estão fazendo com que muitos consumidores repensem seus hábitos de compra e optem por um consumo mais consciente, considerando aquilo que é realmente essencial. Essa tendência veio para ficar e foi apontada como o “segundo mandamento” do consumidor no estudo da consultoria McKinsey “O novo consumidor pós-Covid-19”. Sendo assim, aproveite este momento para estudar o comportamento do seu público.

Como os novos hábitos de consumo estão impactando seu negócio? Analise quais produtos e categorias estão em alta e quais estão em baixa. Reflita sobre como seu negócio pode atender a esta nova demanda de consumo e trabalhe para estruturar sua operação para alcançar diferenciação e fidelização do seu público.

3 – Adeque seu supply chain para os novos volumes

O e-commerce deve continuar crescendo nos próximos meses. Mesmo com a reabertura do comércio físico, consumidores passarão a ter uma jornada omnichannel. A pesquisa “O futuro do consumo num cenário pós-Covid-19”, realizada pela Social Miner e o OpinionBox, apontou que:

  • durante a pandemia, 22% das pessoas compraram online de lojas das quais já eram clientes no varejo físico;
  • 64% pretendem continuar comprando tanto online, quanto offline;
  • e 31% esperam poder comprar online e retirar nas lojas físicas.

Portanto, prepare sua estrutura de supply chain e logística para este novo cenário. Analise os pontos onde você pode conquistar mais eficiência operacional. Por exemplo: automação de sistemas de embalagens traz mais agilidade e segurança para sua operação. Um operador treinado dentro de um centro de fulfillment cria de 60 a 75 pacotes com envelope de proteção por hora. Já um sistema automático chega a fazer 900 pacotes por hora.

Mesmo um sistema semiautomático já proporciona uma otimização de 30% na produtividade. Além de melhorar a eficiência operacional, automação traz mais segurança para a planta e possibilita melhor direcionamento da mão de obra para setores que realmente estão demandando recursos humanos no momento.

4 – Ofereça uma experiência que possibilite a recompra

Já falamos sobre você estudar o comportamento do seu consumidor e repensar sua estrutura de supply chain para aumentar sua capacidade de entrega. Neste contexto, pense no que você pode ajustar para melhorar a experiência de compra no momento em que seu cliente recebe o produto.

Aqui, o fator embalagem é fundamental para que a jornada do cliente se encerre de maneira positiva. Uma pesquisa da Kantar Retail para a Sealed Air apontou que 70% dos compradores não estão dispostos a repetir a compra após uma experiência negativa com o processo de entrega. Além disso, 76% dos compradores afirmam que embalagem afeta positivamente na percepção sobre o varejista.

Nesse cenário, você já ouviu falar em “unecessary packaging”? Trata-se do excesso de material de embalagem — como caixas dentro de caixas e muito papel amassado, por exemplo. Em alguns casos essa estrutura ainda não cumpre sua função de garantir a integridade do produto. Ou seja, gera experiência desagradável para o cliente e maior custo de troca para o e-commerce.

Sustentabilidade

Mesmo diante de uma crise sanitária e econômica que estamos vivendo, não podemos deixar a sustentabilidade de lado. O excesso de material de embalagem, além de não ser sustentável, é desagradável para o cliente que tem que realizar o descarte. E o pior: esse material descartado tem um valor e, muitas vezes, vai direto para o lixo. Isso tudo traz um impacto negativo para a marca, que transmite sua falta de compromisso com o meio ambiente e sua ineficiência em oferecer uma embalagem que seja prática para o consumidor.

Em contrapartida, o mercado brasileiro já dispõe de sistemas de embalagens mais inovadores a partir de projetos desenvolvidos de maneira inteligente. Têm como proposta reduzir material e, ao mesmo tempo, elevar a integridade do produto e a boa experiência do consumidor — que tende a ser ainda mais exigente daqui para frente.

Por isso reforço a importância da consciência ambiental, somada à necessidade de otimizar seu supply chain para atender a atual demanda com segurança. Isso pode levá-lo a repensar sua estrutura de embalagem e vislumbrar o impacto positivo que este fator pode trazer para diferenciação do seu negócio. Espero que essas dicas te ajudem a continuar navegando no mar alto do e-commerce com segurança e produtividade. Ainda não chegamos no “novo normal”, mas sabemos que agora é a hora de nos prepararmos para lidar com o legado da pandemia e seu impacto nos hábitos de consumo.