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A descarbonização no transporte do e-commerce

Por: Bruno Tortorello

Com mais de 21 anos de experiência na área de logística e distribuição, Bruno Tortorello é um dos executivos mais destacados do setor. Graduado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da USP, com especialização em Administração pela FGV e MBA em Gestão Internacional pela FIA, Tortorello foi presidente da Total Express e, anteriormente, liderou áreas comerciais e operacionais do braço logístico do Grupo Abril. Chegou na Jadlog com a missão de alavancar as vendas e os negócios por meio das operações do e-commerce e do fortalecimento do negócio B2B de pequenas encomendas, contribuindo para que a transportadora alcançasse o faturamento de R$ 1 bilhão em 2020.

As boas práticas de ESG estão cada vez mais nas agendas das empresas e de suas lideranças, levando a um aumento exponencial, no mundo e na América Latina, do número de companhias que iniciaram ou fortaleceram as estratégias na área ambiental, social e de governança. O Brasil acompanha essa tendência e, dentro do ecossistema do e-commerce, muitas ações estão em curso na área de logística, especialmente as questões relacionadas ao respeito ao meio ambiente e à busca pela descarbonização das operações.

De acordo com o relatório “Sustentabilidade na Agenda das Lideranças na América Latina”, promovido pela SAP, que ouviu pouco mais de 400 líderes regionais, de 2021 para 2022, o índice das organizações brasileiras que tinham uma estratégica estruturada nesse sentido saltou de 42% para 68%. O mesmo ocorreu na América Latina, onde o índice de empresas focadas em sustentabilidade passou de 46% para 69%.

É fundamental que a agenda ESG, especialmente as relacionadas à descarbonização, esteja na pauta dos transportadores.

ESG nas empresas

Boa parte das companhias decidiu estruturar as estratégias de ESG por convicção sobre a importância de contribuir nesse sentido ou a fim de estarem alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas), enquanto outras se voltaram para o tema a fim de preservar a sua reputação em face das pressões oriundas de stakeholders como funcionários, clientes e fornecedores, cada vez mais exigentes em relação à sustentabilidade empresarial.

De uma maneira ou de outra, o importante é que as organizações de todos os setores da economia, incluindo as que também são players do e-commerce, estão olhando para o ESG. No setor de transportes e logística, por exemplo, as empresas atuam em favor das melhores práticas nas diferentes frentes (meio ambiente, social e governança). Contudo, as ações mais prioritárias estão relacionadas à sustentabilidade ambiental, especialmente à descarbonização, já que as coletas e as entregas de encomendas causam emissões de CO2 nas grandes metrópoles.

Adaptação ao GHG Protocol

Sob esse aspecto, há uma grande movimentação de transportadoras e operadores logísticos em adaptarem-se ao método do programa GHG Protocol, uma ferramenta de cálculo que estima as emissões de GEE (Gases do Efeito Estufa), e que, ao mesmo tempo, estimula a cultura corporativa na implementação de inventários de emissões que combatam as mudanças climáticas, promove a padronização internacional da contabilização das emissões e dos inventários e, por fim, direciona as ações para a neutralização do carbono.

Com a metodologia do GHG Protocol enraizada, as empresas conseguem inventariar as emissões diretas de carbono provenientes da operação, e as indiretas, relacionadas ao consumo de energia elétrica, bem como as que ocorrem na cadeia de valor da empresa, fazendo com que a neutralização seja mais assertiva e reconhecida internacionalmente.

Parcerias para a descarbonização das operações

Parcerias com Fundações e ONGs (Organizações Não Governamentais) comprometidas com as compensações de carbono são ações que o setor de transporte e logística estão tomando, e que trazem eficiência ao processo de descarbonização da operação.

A Fundação SOS Mata Atlântica, por exemplo, oferece parceria com o objetivo de promover a compensação de CO2 através de um projeto de restauração florestal para reduzir o impacto das emissões. A cooperação prevê que as empresas façam doações de milhares de mudas de árvores anuais ao projeto, considerando que, para compensar cada tonelada de CO2 na atmosfera, é desejável o plantio de seis árvores. Ao final do período, as corporações conseguem realizar as compensações das emissões diretas e indiretas de suas operações, cumprindo assim seus objetivos de responsabilidade socioambiental.

Considerando que apenas 12% das vendas do varejo correspondem às compras pela internet e que, portanto, o e-commerce ainda tem muito espaço para crescer, torna-se fundamental que a agenda ESG em suas diferentes frentes, especialmente as relacionadas ao respeito ao meio ambiente e à descarbonização, esteja na pauta dos transportadores. Eles devem cada vez mais adotar modelos como o GHG Protocol para neutralizar suas emissões. Além disso, e de igual importância, as empresas precisam oferecer soluções mais sustentáveis para as transferências das encomendas do comércio eletrônico. Dessa maneira, o meio ambiente e todo o ecossistema do e-commerce sairão ganhando.

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