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D2C ganha força e indústrias aceleram a entrada nos marketplaces.

Por: Leandro Ratz

Formado em Gestão Comercial pela UNIFAJ, com especialização em Omni Channel para o Varejo pela VTEX. Tem mais de 8 anos trabalhando com e-commerce em operações de marketplace e atualmente é especialista de marketplaces no Olist.

Diante do cenário atual e todo o contexto que a Covid-19 trouxe até o momento, principalmente falando a nível nacional, as indústrias estão acelerando os projetos de vendas online. Com isso, elas também passaram a visualizar nos canais de marketplace sua grande chance de aumentar o faturamento direto, sem depender de intermediadores e se preocupando um pouco menos com inadimplência.

Trata-se basicamente de uma mudança, mas não apenas de frente de vendas, e sim de mindset (mentalidade) das empresas. Ambos são responsáveis pela produção de produtos, que na sua forma mais tradicional passam por um grande processo de compra e distribuição até chegar no seu consumidor final.

Isso porque grande parte das indústrias não está preparada para manter esse contato mais próximo com seu consumidor. Ela acaba deixando essa frente de vendas e relacionamento com seus representantes, que são os pequenos ou grandes varejistas, sejam eles digitais ou físicos.

Mas o desafio não é apenas o relacionamento. Ele inclui também toda a cadeia de distribuição, logística e na construção do modelo de negócio dentro de um ambiente que não está “tão” preparado ou adaptado a esse modelo de negócio mais dinâmico e imediatista — que é o perfil do consumidor digital, principalmente.

Se no modelo tradicional a indústria colocava em linha de produção um único produto e finalizava essa produção depois de produzir algumas milhares de unidades, nesse novo cenário do D2C, ela passa a produzir em menor escala muitas vezes. Ela pensa em uma recorrência muito maior de vendas individuais, mas que ainda assim precisa ter sua produção com certa recorrência. Porém, muitas vezes isso acontece de forma mais dinâmica, precisando reduzir um setup de maquinários e da própria linha de produção. Na prática aumenta a produção de itens diversos e não mais opera em larga escala com um único produto específico.

Além das adaptações na frente comercial e no relacionamento com o cliente — e as mudanças internas, necessárias a nível de produção —, também existe a questão de construção e desenvolvimento do projeto. Esta, por muitas vezes não tem um bom investimento inicial e acaba se tornando algo precário, ou que causa uma grande perda em performance por conta de sistemas inadequados, pessoas desqualificadas e até pela falta de profissionais nessa área — ou até mesmo a falta de boas tecnologias.

Ou seja, aqui entra a necessidade de uma mudança de mindset, que precisa ter a ideia comprada pela diretoria da empresa. Hoje existe uma grande dificuldade bastante explícita na aceitação do novo consumidor e das novas formas de consumo. Ou seja, essas decisões precisam “vir de cima”, e devem refletir em toda a empresa consequentemente.

Se já ocorria um movimento de as indústrias trabalharem diretamente com o consumidor final, com o fechamento das lojas físicas e a dificuldade na distribuição às revendas isso se tornou ainda mais necessário. Isso acelerou o processo e fez com que grandes indústrias tirassem do papel os projetos de digitalização. Ou, então, a buscar alternativas para trabalharem nesse novo formato, mesmo cheio de novos desafios.

Portanto, os canais de marketplace foram e ainda são uma excelente estratégia de entrada no mundo digital. Mas não é apenas isso. Também pensando no modelo D2C, onde a própria indústria se posiciona diante do cliente e faz uma venda direta (sem intermediários), ela recebe um grande apoio desses grandes canais do varejo. A ajuda chega na parte de padronização dos processos, baixo investimento inicial de operação e, em sua grande parte, incentivos para essa entrada direta. Uma das consequências é um grande ganho na precificação, que pode ficar mais atrativa ao consumidor final. E aí estaria a grande sacada dos canais de marketplace: oferecer bons produtos, com grande quantidade de estoque ou produção disponível e os melhores preços do mercado.

Conclusão

O momento não é bom para as indústrias, é ótimo! É o momento em que as indústrias vão tomar decisões que podem (e vão) transformar o modelo tradicional de negócio. Será algo novo, disruptivo, e com grandes oportunidades diretas e indiretas também. Sem precisar concorrer com sua revenda, adotando estratégias diferentes para cada frente de geração de receitas.

Ao final de tudo, o caixa da empresa será o principal beneficiário de uma grande transformação digital que virá a ocorrer para as indústrias que estão adotando o modelo D2C.